Mtg Lore

Compêndio da Lore de Magic the Gathering

TERROR NA GELEIRA DE RONOM

Doug Beyer

Escritor e atual designer criativo de Magic: the Gathering. Escreveu A Última Missão Hussarda.

Mesmo durante o Degelo, meu pai gostava de dizer que se você conseguisse contar suas preocupações nos dedos de uma mão, sua vida ainda valia a pena. Usei seu mantra naquela noite, encolhido em uma cobertura de lona durante a viagem-guiada mais assustadora da minha vida, e contei minhas preocupações:

Uma fogueira, usando o que restava do meu óleo, crepitando ao vento que assobiava pelas frestas das lonas. Um espeto, pesado com o estômago recheado de um auroque, cedendo ligeiramente, mas que estava prometendo. Um cliente, um mago a julgar por seu traje e pelas pontas dos dedos marcadas com runas, que pagou adiantado em moedas Soldevi. Um destino, a Geleira de Ronom, uma caminhada continental ao norte e oeste.

Minhas preocupações cabiam em quatro dedos, pensei, mas algumas delas provavelmente deveriam contar como mais de um.

As moedas Soldevi, por exemplo, eram pequenos avisos pendurados no meu cinto. Soldev era um tema que ainda acabava com conversas em cervejarias; ninguém queria falar sobre a cidade engolida. Soldev já foi uma maravilha mecanizada, o triunfo dos famosos magos-maquinistas, mas agora era apenas um buraco entupido de entulho. Soldev passou a ser considerado um lugar amaldiçoado, um lugar do qual não se deve falar exceto em murmúrios, para que as mandíbulas phyrexianas não sigam as palavras do orador.

Perfurei o estômago do auroque com um garfo, soltando uma nuvem de vapor azedo das guloseimas borbulhantes lá dentro.

Claro que eu já havia guiado clientes o suficiente por Terisíare para reconhecer o perigo que brilhava nesse sobrevivente anônimo de Soldev. Ele havia dito que não era um aventureiro — “apenas um estudioso” — e minhas mãos devem ter acreditado nele, porque saudaram suas moedas estendidas.

Meu cliente carregava pouco equipamento com ele, além de suas roupas exageradas para o frio. Vestes volumosas escondiam seu corpo e um chapéu de pele, amarrado sob sua barba salpicada de geada, sombreava seu rosto. E ainda assim, ele tremia ao meio-dia. Havia também a questão do embrulho não discutido que ele carregava enrolado em lona nas costas. Disse a mim mesmo que não era pago para fazer perguntas.

Tínhamos caminhado por dias, seguindo as trilhas que eu sabia que obedeciam a direção de sua bússola, um dispositivo místico marcado com nosso destino. Tentei não pensar na distância até a geleira de Ronom ou no ritmo nada alegre com que a diminuíamos. Os ermos pareciam maiores do que nossa determinação.

Dias depois, quando estávamos sentados sob um afloramento na trilha, cercados pela neve dos dois lados, meu cliente se abriu.

“A distância os fez parecer minúsculos,” ele disse. “Mas eles eram como baleias rompendo o mar. Engoliram trechos inteiros da cidade com — orifícios — projetados para isso. Um tempo depois, consegui ouvir o estrondo, quando o ar trouxe os sons para mim. Estava fraco, mas ouvi as vozes de pessoas morrendo para as máquinas.”

“Mas onde estavam as defesas de Soldev? Por que não soaram o alarme?” Eu sabia que Soldev era famosa por sua cultura automatizada – por que as bestas de guerra não foram repelidas antes que pudessem entrar na cidade?

O velho Soldevi balançou a cabeça. “Elas não tiveram chance. Acabou em instantes. E agora um louco, Heidar do Vento-Gélido, quer construir um exército desses construtos. Ele quer usar pergaminhos dos cofres de Lim-Dûl para despertar as máquinas de matar phyrexianas do gelo da Geleira Ronom e parar o Degelo. Eu avisei o Rei Darien, agora devo seguir para deter Heidar.”

Agora eu sabia por que caminhávamos até a geleira. Apenas um estudioso, ele havia dito.

“Você é Dagsson. Arcum Dagsson. Não é?”

Meu cliente não olhou para cima.

O famoso mestre maquinista, Arcum Dagsson, a caminho da Geleira de Ronom. Esta não era uma missão de investigação, para realizar uma análise mágica da arma de um inimigo. Era uma missão de vingança, uma missão de culpa, a tentativa de um homem dilacerado de causar dor a um inimigo escolhido, em vez de senti-la em sua alma.

Minha mente saltou para o pacote que ele carregava com ele. Estava lá, repousando ao lado dele enquanto ele falava. Meus olhos tentaram arrancar a lona, mas o que quer que fosse permaneceu bem embrulhado até o dia em que encontramos a geleira.

O tamanho da Geleira Ronom era incompreensível. Ela pairava, uma face de penhasco composta de gelo perolado, cravejada de pedras quebradas e atravessada por fissuras verticais onde as plataformas de gelo haviam se separado de sua superfície. Séculos de vento abriram sulcos na parede da geleira como grãos de madeira congelados; tive a impressão inicial de que era escalável, o que me fez rir assim que recuperei os sentidos. Um crepitar profundo e sobrenatural, o som do lento avanço da geleira, reverberava por todo o cânion. Toda a estrutura brilhava como um maremoto congelado ao sol. Meu companheiro e eu paramos por um momento, virando a cabeça para um lado e para o outro, fazendo tentativas idiotas de agarrar o maior objeto de Terisíare.

Dagsson falou primeiro. “É maior do que eu pensava.”

Eu ensaiei para imitar sua bravata e eufemismo, mas nenhuma palavra saiu. Por fim, apenas balancei a cabeça e disse: “Vamos continuar. A bússola diz que precisamos seguir na direção daquela elevação.”

Ao contornarmos o pico, a neve mudou. Parecia estranha sob meus sapatos de neve antes de ver como estava pisoteada, uma sensação única depois de semanas sem ver uma alma. Minhas narinas dilataram ao sentir um cheiro cru no vento, novamente estranho depois de toda a brancura cristalina. Os rastros eram sulcos confusos, algo entre marcas de garras e marcas de rodas, que mastigaram a neve e expuseram a terra negra abaixo. Desciam a encosta até o vale diante de nós, atravessando um lago congelado e entrando em uma caverna na parede da geleira, abrindo uma larga faixa. A caverna na geleira foi escavada à mão: ferramentas e tendas abandonadas formavam um círculo ao redor da entrada.

A orientação das pegadas estava errada. Percebi que elas não levavam para a geleira, mas para fora dela.

“Eles já se foram,” eu disse estupidamente. No entanto, a bússola insistia que nosso objetivo ainda estava adiante.

Dagsson não disse nada. Ele começou a descer para o vale.

O cheiro fino no ar sugeria podridão. O que poderia ter causado carnificina suficiente para me fazer sentir o cheiro através do vale? Desci a ladeira seguindo meu passageiro, tentando não pisar nos sulcos deixados pelas máquinas.

A caverna de gelo ecoava os sons de trituração dos nossos passos, e zéfiros flutuando pela entrada criavam um misterioso instrumento de sopro. Enquanto cruzávamos o arco de gelo, esculpido pelo que devem ter sido os feitiços do Vento-Gélido, senti minhas preocupações se multiplicarem além da contagem dos meus dedos. O ar estava abafado pela decomposição, uma umidade que nunca mais quero sentir em meus pulmões. Acendemos lanternas a óleo e seguimos os rastros lá dentro.

A mão de Dagsson tremeu quando ele ergueu a lanterna à sua frente.

A câmara era marcada por blocos em forma de cubos, uma cavidade enorme e irregular onde a geleira havia sido dissecada por feitiçaria ao longo de linhas invisíveis. A luz da lâmpada refletia nas milhares de superfícies angulares de gelo, iluminando a cena diante de nós. Dezenas de fossos perfuravam o chão de gelo, cada um cercado por oferendas cerimoniais de sangue não identificável. As bordas dos fossos eram ásperas, quebradas de dentro pra fora – úteros vazios dos monstros phyrexianos. Os rastros levavam cada fosso até a entrada. Uma mortalha de imundície, de animais recentemente massacrados ou de alguma forma parcialmente preservada pelo gelo, pairava no ar. Nada se mexia.

Meu pai teria feito um comentário nesse ponto – algo sobre desistir enquanto você está ganhando, ou enquanto você ainda tem cabeça – cujo significado era: fuja.

Consultei a bússola. “Diz que ainda tem um aqui.”

Dagsson assentiu e murmurou algo baixinho que não consegui ouvir. Antes que eu percebesse, ele estava meio visível na escuridão distante, caminhando mais profundamente na caverna.

Passei um longo minuto examinando minhas memórias sobre meu pai em busca de um aforismo que justificasse o abandono de meu cliente em um buraco na geleira de Ronom.

Então ouvi Dagsson ofegar.

Eu corri na direção do som. Lá estava Arcum Dagsson, montado na espinha de um gigante encolhido feito de gelo e ferro e uma carapaça preta brilhante, boquiaberto enquanto olhava para uma cavidade em suas costas.

O construto phyrexiano, agachado e meio submerso no chão de gelo, era do tamanho de um alossauro. Seu brilho refletiu a luz da minha lamparina e destacou a tubulação que subia e se retorcia em sua estrutura. Sua cabeça, uma gigantesca articulação crocodiliana repleta de facas de trinchar, estava entreaberta entre suas patas dianteiras enterradas. Estava sem os olhos, mas órbitas dilatadas, como de víboras, cravejavam seu focinho. Oferendas de sacrifício cercavam o phyrexiano em estilo semelhante aos outros fossos em toda a caverna, aparentemente destinadas a convencê-los a reviver, mas este não se moveu. Correntes feitas de anéis de ferro do tamanho do meu punho cruzavam seu corpo, ancoradas no chão de gelo.

E lá Dagsson se empoleirou, tendo subido nas costas da coisa e destrancado um painel em sua costela, olhando para dentro. Um brilho azulado irradiava do núcleo do phyrexiano, lançando um horror congelado no rosto de Dagsson.

Eu li sua expressão. Sua mente de mestre maquinista, confiante em sua capacidade de compreender o construto, murchou diante da ilógica uivante do funcionamento interno do phyrexiano. Eu vi seus olhos correrem pela cavidade, sua mente lutando para se agarrar a algum tipo de lógica coerente, mas encontrando apenas uma loucura vazia. Ele queria encontrar uma resposta ali, alguma solução para sua culpa entre as entranhas animadas de metal, ou, pelo menos, um motivo para a destruição de Soldev. Ele não encontrou nada disso – apenas uma massa nociva. Ele começou a chorar baixinho.

“Dagsson, desça daí,” sugeri. “Essa coisa está morta. Vamos voltar para Kjeldor, eles ficarão felizes em saber que você encontrou a fonte.”

Pare enquanto ainda tem cabeça, disse a voz de meu pai ironicamente em minha mente.

Os olhos turvos de Dagsson não focaram em mim, mas ele registrou minha voz. Justamente quando eu quase pensei que havia o alcançado, ele pareceu se lembrar do embrulho ao seu lado e começou a desembrulhar a lona.

“Estou falando sério,” eu disse a ele, ouvindo um tom de repreensão em minha voz. “Você não está pensando direito. Vamos sair daqui, se as outras máquinas já foram embora, então precisamos nos apressar se quisermos chegar no sudeste antes delas.”

Dagsson revelou um dispositivo tortuoso de rodas e discos, um relógio sinistro. Um sorriso estranho se espalhou pelo rosto dele – parecia o tipo de magia mecânica com a qual sua mente se sentia familiarizada. Ele moveu três dedos sobre o dispositivo e ele ganhou vida, seus mostradores clicando em um ritmo lento. Ele baixou a coisa cuidadosamente nas costas do phyrexiano e fechou o painel. Os mostradores de clique ainda eram audíveis, acelerando constantemente no tempo.

A besta se mexeu. Seus ombros se levantaram. O velho maquinista tropeçou, olhos arregalados, mas ficou preso em uma corrente. As correntes se esticaram e algo rachou no fundo do gelo, mas resistiu.

Meus músculos descongelaram e eu corri para o lado do phyrexiano, então recuei quando ele se virou na minha direção. A imensa cabeça fez um giro preguiçoso, soltando raspas de gelo no chão. As correntes se esticaram.

“Dagsson! O que você fez?”

Dagsson pareceu surpreso. “Não era pra ter revivido… foi apenas um pouco de mana para ativar a bomba…”

A bomba! “Deixa para lá. Ouça-me com atenção: desça agora.

“Deve ter sido esta caverna… algo sobre o mana nevado da geleira… não posso acreditar…”

Dagsson, claramente, estava fora de si. Eu devia estar parcialmente fora de mim também, porque enquanto a besta phyrexiana se agachava para reunir suas forças, eu pulei sobre ela e me esforcei o melhor que pude para chegar ao meu cliente. Minhas mãos escorregaram no metal gelado, mas meus pés encontraram apoio na fricção de um afloramento escamoso. Tentei não recuar quando agarrei algo carnudo em um ponto e algo quitinoso em outro – concentrei-me em escalar seu flanco e alcançar Dagsson.

A besta virou a cabeça para me observar, abrindo sua imensa mandíbula. Ela se lançou para me engolir inteiro, mas as correntes a puxaram de volta. Olhei para sua boca quando ela se fechou, e o que vi me deu uma sensação de vertigem: seu esôfago preto era um túnel com quilômetros de profundidade, estendendo-se muito mais por dentro do que deveria ser pela geometria de seu corpo. Quase caí pelo estonteamento, mas o monstro lutou contra as correntes, e a guinada me jogou de costas.

Dagsson ainda estava imóvel, com uma expressão de dor no rosto, quando o alcancei. Caí contra ele para me manter firme e agarrei seus ombros. Ele olhou para mim impotente, tentando formar palavras. Eu tinha que tirar o velho Soldevi desta caverna, ou nós morreríamos.

Puxei seus ombros para tentar direcioná-lo, para que pudéssemos tentar descer, mas então percebi por que Dagsson não havia se movido. Sua perna estava presa sob uma das correntes pela força da besta abaixo de nós, e pelo ângulo feio de seu joelho, a perna estava quebrada. Ele gesticulou para mim urgentemente com um pergaminho na mão.

Eu procurei por algo para cortar as correntes ou – admito que pensei nisso – cortar ossos. Claro que não havia nada. Eu havia abandonado meu equipamento em meu salto desesperado para alcançar Dagsson, e ele só tinha aquele pergaminho desenrolado.

O phyrexiano soltou, puxando as correntes com força e produzindo um som de gelo quebrando lá embaixo. Dagsson fez uma careta.

“Tenho uma faca de caça na mochila,” comecei. “Eu vou pegar e nós…”

Então Dagsson agarrou minha garganta.

Ele balançou o pergaminho em sua mão. Era um dos pergaminhos de Lim-Dûl – o que ele queria? Ele me soltou e apontou para uma passagem em particular.

“Não consigo lê-los. Eles não fazem sentido para mim. Sílabas pronunciáveis de absurdo.”

O mestre maquinista estava mudo de dor, mas seus olhos insistiam.

“Sim, tudo bem, vou lê-los, vou lê-los,” eu disse.

Enquanto segurava o pergaminho diante do meu rosto com uma das mãos, ele segurou meu pulso com a outra e eu li as palavras em voz alta. Senti uma tensão elétrica em meu braço que se espalhou por todo o meu corpo, como um banho de urtiga suspensa em água gelada. Eu murmurei as palavras, ouvindo minha voz se aprofundar – e quando as terminei, senti meu coração apertar uma vez e ouvi uma série de contraditas do chão de gelo abaixo. A sensação de formigamento me dominou.

Não fomos levados para um local seguro, como eu esperava. As correntes gigantescas deslizaram pelas costas do phyrexiano, e Dagsson engasgou, agarrando sua perna solta. Percebi o que havia acontecido: com a ajuda de Arcum Dagsson, eu havia acabado de lançar um feitiço para libertar a máquina de matar phyrexiana de suas amarras.

De repente, tropecei e o teto coberto de gelo se aproximou. A criatura estava de pé.

O plano era esse?

Houve um movimento brusco e o phyrexiano começou a caminhar para a entrada da caverna. Dagsson e eu agarramos partes em seu corpo para nos segurar. Nós o libertamos para se juntar ao exército de Heidar? Estalactites zuniam acima de mim, e eu imaginei se morreríamos sendo jogados no chão ou empalados pelo teto. Tive a sensação de que estava esquecendo uma opção.

Eu ouvi um som de clique rápido de dentro da criatura. Lembrei-me, agora, que estávamos montando uma bomba.

Ah, pelo amor de…

Pense. Pense. O que meu pai faria agora? O que o Rei Darien faria? O que eu esperava comprar com essas moedas Soldevi? Quer dizer, eu poderia conseguir um bom preço por eles em Kjeldor? Como, com todas as tarifas dos cambistas?

Foco.

Dagsson estava desajeitado, segurando o joelho com uma mão e as costas da criatura com a outra. Estendi a mão e agarrei a manga de seu manto, e comecei a rastejar em direção à cauda do phyrexiano. Ele gemia enquanto eu o arrastava, mas avançamos pela paisagem oscilante. O phyrexiano avançou.

Quando atingimos o topo de seu osso ilíaco – um erro – os passos estridentes do construto nos ergueram no ar. Estalactites estalaram momentaneamente contra meu crânio. Nós batemos de volta nele novamente e eu não consegui recuperar meu controle sobre nada além de Dagsson. Nós quicamos de lado em suas costas.

Queda livre.

Segure-se, segure-se, segure-se em algo, segure-se em algo, por favor, pegue em algo

Em rápida sucessão, agarrei-me a algo e tive a sensação de meus braços sendo quase arrancados. Olhei para baixo, para Dagsson – o manto escorregando das minhas mãos, o chão da caverna correndo sob seus pés, e em cima, o espeto que eu agarrei que se projetava do lado do phyrexiano. Nós oscilávamos bem na frente de sua perna traseira.

Dagsson colapsou dentro de seu manto. A perna da criatura veio até nós, o pé plantado, e a perna começou a se endireitar e se afastar novamente. Não havia tempo para pensar – rezei e soltei meu cliente. Ele caiu, mas não consegui acompanhar sua trajetória. Um baque abafado em algum lugar abaixo. O phyrexiano continuou seu passo com aquela perna, e Dagsson sumiu de vista. Espremido sob os pés ou seguro no chão, eu não sabia dizer.

Segurei o espeto e girei para olhar à frente. O túnel estava se estreitando – o phyrexiano estava prestes a romper a boca da caverna. Era muito estreita; em um momento eu seria esmagado contra a parede. Eu soltei tarde demais e bati contra alguma combinação do joelho do phyrexiano e a parede de gelo irregular.

Um som de tique-taque recuou de mim para a escuridão.

Quando ouvi o resmungar de Arcum Dagsson, minutos depois, confundi-o com a voz de meu pai. “Cubra seus ouvidos,” ele disse, ajoelhando-se sobre mim no arco da caverna.

Meus tímpanos gostariam de ter obedecido, mas até hoje estou feliz por ter ouvido toda a força da explosão que destruiu a máquina de matar. O phyrexiano havia marchado pelo vale e subido a colina, e um anel de colinas próximas perdeu sua camada de neve com a explosão. Uma mancha de cinza se espalhou contra o céu. Enquanto cuidávamos dos ferimentos um do outro, flocos cinzas flutuavam do céu.

O exército de Heidar, o Vento-Gélido ainda marchou por Terisiare, e milhares pereceram – nenhum conto heróico pode reverter isso. Essa mancha não desaparecerá tão cedo de nossa terra. Mas, se você procurar bem, ainda pode encontrar testemunhos daqueles que lutaram contra o Vento-Gélido. Contrate um guia do norte e viaje pelas planícies glaciais descongeladas do noroeste, por exemplo, e você pode se deparar com um lago na cavidade de uma cratera. Verifique o solo lá. Você poderá encontrar estilhaços de uma máquina que nunca passou da sombra de Ronom e uma coleção espalhada de moedas Soldevi.


– por Aevar Borg

Comentários

Magic the Gathering é uma marca registrada pela Wizards of the Coast, Inc, uma subsidiária da Hasbro, Inc. Todos os direitos são reservados. Todas as artes e textos são de seus respectivos criadores e/ou da Wizards of the Coast. Esse site não é produzido, afiliado ou aprovado pela Wizards of the Coast, Inc.