Mtg Lore

Compêndio da Lore de Magic the Gathering

TEYSA KARLOV

Eles já governaram por muito tempo.

Teysa sentou-se em sua cadeira favorita, feita de ébano utvariano, e deixou o pensamento blasfemo residir em sua mente por um momento. Ela saboreou o sentimento que ele gerou em seu interior: uma mistura emocionante de sacrilégio e liberdade.

Arte de Karla Ortiz

Certamente havia perigo logo adiante. O Obzedat havia dado a ela o título de Grande Enviada, mas Teysa sabia que isso servia para que eles mantivessem sempre os olhos sobre ela e constantemente testassem sua lealdade, além de mantê-la ocupada com infinitos “negócios oficiais”. Teysa não era novata nesse jogo e sabia que não conseguiria ganhar muita influência do lado dos vivos antes de sentir as cordas fantasmagóricas do Obzedat a puxando em direção ao seu domínio. E Teysa andou aumentando seu poder constantemente. E sentiu as cordas sendo puxadas com maior força já fazia algum tempo. 

Ela já estava cansada desses velhos mortos.

Manifesto Geracional pelo Futuro dos Orzhov posava sobre sua mesa. O antigo tomo não tinha juntado um grão de poeira desde seus dias como uma jovem a advoquista. Teysa já havia lido o livro do início ao fim diversas vezes, mas dessa vez ela o fez em um contexto diferente. As palavras tinham um significado completamente novo. Os olhos de Teysa foram abertos; ela já não era mais aquela jovem e ambiciosa agente advoquista que havia entrado em um mundo implacável de poder e mentiras. Ultimamente, Teysa tinha começado a se ver como uma candidata em potencial para algo novo entre os Orzhov e isso encheu sua mente de ideias e de profundas convicções. Ela queria estripar a guilda Orzhov e remoldá-la sob uma nova forma de poder que Ravnica nunca tinha visto.

Ela pegou o pesado livro e o abriu na frase mais recente que ainda ressoava em sua mente.

“A liberdade da conexão mortal com as moedas grosseiras e as simplórias riquezas permite ao Obzedat perseguir poder verdadeiro e sagrado, sem vínculos com as preocupações mundanas. No entanto, por que eles ainda perseguem o dinheiro com o mesmo fervor de sempre?” 

Anônimo

Simples, porém ousadas palavras que eventualmente levaram o “Anônimo” a ser caçado e executado. Ninguém fora da elite dos Orzhov conhecia sua história completa, mas aqueles que pertenciam às famílias Orzhov sabiam que o Anônimo era uma aristocrata chamada Tihana Jarik. Ela era conhecida entre a elite Orzhov por se opor ao Obzedat. Inicialmente, isso foi considerado uma excentricidade do sangue Orzhov de Jarik e seu nome de família a manteve segura, até ela começar a publicar textos com críticas pesadas ao Conselho Fantasma. Essas publicações e sua recusa em desistir levaram a sua prisão, julgamento e desintegração pública no Fórum de Orzhova.

Teysa gastou uma pequena fortuna em dinheiro e favores para que um contato confiável Dimir procurasse as raras e controversas escrituras de Jarik. Elas estavam na coleção de Teysa, mas muito bem escondidas, sob trancas e cadeados, bem como poderosas mágicas de proteção. Possuir as palavras de Jarik era ser culpada dos mesmos crimes pelos quais Jarik foi sentenciada à morte, mas Teysa havia parado de se preocupar sobre o que o Obzedat poderia fazer a ela e começou a focar sua mente formidável no que poderia fazer com eles.

O labirinto.

Alguns dias antes, o Obzedat usara um Anjo do Pacto da Morte para entregar uma mensagem. Um escriba aterrorizado leu a mensagem para Teysa dentro de um círculo de veracidade. Teysa ouviu com o interesse de um gato observando um buraco de rato. O labirinto começou como um interesse passageiro para os Orzhov, como apenas outra obsessão Izzet a ser observada, mas não levada muito a sério. Teysa podia sentir que essa nova informação mudara o jogo. O labirinto se tornara muito mais importante e era algo para que o Obzedat não tinha planos. E ela sabia disso.

Fim do Labirinto | Cliff Childs

A maior fraqueza do Obzedat era que ele era composto de espíritos jogando um jogo corpóreo. Eles precisavam de alguém do outro lado do véu a quem pudessem confiar assuntos de grande importância. Até agora, Teysa era a resposta relutante deles. Ela podia sentir a frustração dos fantasmas ao terem que divulgar a tarefa de correr pelo labirinto e descobrir seu segredo ancestral. Seria poder desenfreado? Seria uma vasta fortuna? Daria controle total sobre Ravnica? Teysa sabia que o Obzedat estava realmente preocupado com o que poderia acontecer; o labirinto estava fora do controle deles e o tempo estava passando. Teysa era a melhor aposta deles para resolver o segredo do labirinto. Agora ela estava no controle: ela tinha algo que o conselho queria.

Quando olhou para fora de sua sacada, ela não pôde segurar o sorriso de pura alegria com essa situação.

“Slubnik,” Teysa chamou.

O thrull chiou e se curvou perante Teysa.

“Envie um mensageiro e traga o Mestre Tajic, dos Boros, ao meu escritório.”

Tajic sentou-se no escritório de Teysa. O som da bengala de Teysa no chão de ladrilhos anunciava sua chegada. Quando ela entrou, o cavaleiro Boros levantou-se e sorriu. Seus dentes brancos pareciam mais ferozes em comparação com sua pele morena e seu cavanhaque negro. Ele ofereceu o braço e levou Teysa até a cadeira. Seus braços pareciam aço.

Teysa podia afirmar que os olhos dele haviam captado todos os detalhes dos arredores. Ela conseguia sentir o intelecto de Tajic e também sentiu como ele irradiava perigo. Apesar de Teysa ser tudo, menos uma guerreira, ela supôs que Tajic poderia acabar com todos os guardas que estavam fora do escritório e todos outros guardas da mansão se ele decidisse fazer isso.

Teysa fez sinal para que Tajic se sentasse. “Eu vou direto ao ponto. Eu sei que você é um homem de palavra, Tajic, e integridade inquestionável é algo que eu valorizo acima de tudo, incluindo dinheiro, terras e até mesmo poder. Nós sabemos que integridade é poder… aquilo que não tem integridade não tem poder.”

Os olhos de Tajic brilharam. Ele gostava dessa aristocrata Orzhov; ela era uma lutadora e uma visionária.

“Você sempre foi amiga dos Boros, Teysa Karlov, até mesmo quando nossos mestres de guilda não se olhavam olho no olho.” O sotaque dele era forte e ele falava com uma certeza que, sem dúvida, irritava seus companheiros na Academia Boros. “Seus esforços para curar a Kuga Mot, restaurar Utvara, derrotar Zomaj Hauc, criar um novo Pacto das Guildas… todas essas ações falam sobre seu caráter. Eu sei que Ravnica não é apenas uma mercadoria para você.”

Arte de James Ryman

“Eu estou contente de que você não me vê com o cinismo costumeiro.” Teysa provou seu chá. “A maioria não me concede a menor consideração, quanto mais considerar que eu realmente me preocupo com o bem-estar de nossa cidade sem pensar em lucro.” Teysa olhou sobre a borda de sua xícara.

Tajic se inclinou em sua cadeira. “Eu sei que você aprecia a lei e o que ela representa para Ravnica. Foi por isso que aceitei seu chamado hoje.” Ele retornou à posição inicial. “Eu tenho que ser honesto com você, Teysa Karlov, sempre admirei sua coragem de longe, mas agora que estou em sua presença, posso sentir o que faz de você uma grande líder.”

Tajic disse as palavras sem nenhum traço de dissimulação; Teysa sentiu suas bochechas rosarem.

“Você me honra, Sir.” Ela bebeu mais um gole de chá.

“Eu sei o que inspira as pessoas,” disse Tajic com naturalidade.

Houve uma longa pausa. Os dois sentados em silêncio, bebendo chá, Tajic com uma expressão pétrea que não demonstrava nenhuma emoção e Teysa sentia que ele era o mais estranho comandante Boros que ela já havia encontrado. Ele era perfeito para a tarefa. Esse seria o homem que a ajudaria a alcançar seu objetivo.

Teysa respirou, da mesma maneira que alguém inspira antes de abrir uma porta da qual não terá como retornar.

“Eu gostaria de formar uma aliança com você. Um tipo especial de aliança que requer compromisso e dedicação absoluta.”

Tajic sorriu como se já esperasse a solicitação por todo o tempo. “Você quer que eu te ajude a correr no labirinto e roubar o prêmio das garras insaciáveis de Niv-Mizzet? O prazer será todo meu.”

“Não,” Teysa disse. “Eu quero que você me ajude a destruir o Obzedat.”

Traduzido por Ashramfrost
Revisado por Alysteran

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