Mtg Lore

Compêndio da Lore de Magic the Gathering

SEUS OLHOS, TODOS ELES

O mundo era pacífico no escuro. A lua estava minguante, contornada por nuvens, e só havia luz o suficiente para alcançar a geada que forrava a estrada. Enquanto Vadrik mantivesse os olhos nas pedras e nos campos de grãos em busca de problemas, ele estaria confortável o suficiente. Feliz o suficiente. Só um trabalho simples, voltar para casa, para seu marido Hailin.

Ele não gostava de estar tão longe de sua torre do farol em Nefália – nem de seus mapas e estudos, nem de seu cavalete, nem de seu esposo – mas tinha responsabilidades como um dos astromantes mais proeminentes em Innistrad que simplesmente não podiam ser evitadas. Sem Jenrik, havia muito mais trabalho a fazer. Ele sentia falta de seu velho amigo.

Vadrik, Arquimago Astral | Arte de Kieran Yanner

O pedido de ajuda veio de Lambholt, onde seu marido havia nascido. Simplesmente você não perde a oportunidade de ser um herói para seus entes queridos, mesmo quando isso o afasta do trabalho.

Mais importante, um pouco de aventura espaireceria sua cabeça, ajudaria a se concentrar em seus estudos, pelo menos era o que dizia Hailin. Ele cavalgou entre arbustos e frutas silvestres, sobre a pontespinho, através de plantações que bravas almas haviam escavado em Ulvenwald.

Ele dobrou a última curva e viu a silhueta da vila agrícola de Lambholt contra o céu em toda a sua modesta glória.

Ele estava a menos de cem metros de distância quando um virote de besta passou voando por sua cabeça e afundou na metade do seu impulso em um amieiro próximo. Essa não era a recepção que Vadrik estava esperando.

“Minhas desculpas,” gritou uma figura encapuzada da guarita de madeira situada na fraca paliçada da cidade. “Podia jurar que… logo atrás de você no escuro.”

Esses camponeses sempre com medo do escuro. Era Innistrad – havia coisas a temer no escuro. Mas nem todas as sombras eram lobisomens ou fantasmas. Até mesmo aquelas criaturas, mesmo as ainda piores, podiam ser compreendidas, podiam ser combatidas. Não havia necessidade de temer, de se acovardar. Os monstros mais vis podiam ser derrotados com magia e uso de inteligência, não com superstição ou, pior, ideias precipitadas e bestas armadas apontadas para a escuridão.

“Eu sou Vadrik, de Nefália,” Vadrik gritou, um pouco de arrogância deslizando em sua voz espontaneamente. “Fui chamado aqui pelas velhas e mães de sua aldeia, vim ver os mortos.”

“Você é muito bem-vindo aqui. Eu poderia jurar que vi…” a voz sumiu em um murmúrio.

Vadrik se virou, mas é claro que não havia nada atrás dele. Apenas algumas árvores finas portando-se como sentinelas sobre um campo em alqueive. Elaboradas proteções cobriam ele e seu cavalo de ameaças mundanas, e seus sentidos foram tão açugados por quatro décadas de trabalho mágico que nenhuma criatura morto poderia se aproximar dele sem ser ouvido.

Ele sacudiu as rédeas e seu cavalo avançou para a aldeia.

Velho Dedos-de-palito
Causador dos aflitos
Sabe quando a criança blefa

Se você está enrolando
Ele está atacando
Já fez sua tarefa?

Apesar do adiantado da hora, apesar do nevoeiro frio, apesar da brilhante poeira de gelo já se formando em todas as superfícies com a chegada do frio da noite, um bando de crianças corria pelas ruas cantando e rindo. Elas pareciam, em seu jeito brincalhão, segui-lo, ocasionalmente cruzando seu caminho ou perseguindo seus calcanhares, mas sempre fora do alcance. A canção infantil era um chamado e uma resposta: uma criança cantava a primeira linha, outra a segunda, depois todo o coro a terceira.

Velho Dedos-de-palito
Presença do espírito
Dentro de cada árvore

Não tente escapar
Ou você vai gritar
E ninguém vai se lembrar

Hailin era cheio de rimas estranhas como essa, que às vezes ele cantava na hora do jantar. Vadrik nunca tinha ouvido seu marido cantar essa em particular.

Depois de prender seu cavalo na pousada, foi fácil encontrar a prefeitura, com a metade do tamanho da pousada, que era a metade do tamanho das maiores casas e oficinas. Lambholt não tinha mais do que trinta casas e salões dentro das paliçadas, presumivelmente onde viviam os comerciantes e mercadores. O resto da população provavelmente estava espalhado em casas de pedra simples nos campos e pastagens.

O corredor era simples e robusto, com três metros de pedra e, em seguida, madeira emoldurando um telhado de duas águas, projetado para lidar com neve e chuva. Um simples campanário de madeira estava no topo de tudo. As janelas do corredor eram vitrais antigos, retratando o que Vadrik presumiu ser a história da cidade: a derrubada das árvores anciãs, a batalha de feras ancestrais. Em frente ao corredor havia um espaço público com mesas e cadeiras, onde os aldeões se reuniam para as refeições em dias de bom tempo.

Vadrik entrou. Iluminado por lanternas de sebo em todos os cantos, aquecido por uma enorme lareira de pedra, guardado por dois fazendeiros com besta e lança, ele entendeu imediatamente o que aquele lugar significava para o povo de Lambholt: segurança. Quantas vezes, ao longo de quantas gerações, os habitantes de Lambholt se recolheram para a segurança dessas grossas paredes de pedra e esperaram pelo resgate ou pelo amanhecer?

Um grupo de dez mulheres estava sentado em um semicírculo de cadeiras na entrada do corredor. O conselho de velhas e mães. As velhas usavam mantos que mostravam sua idade, desde a mais jovem em cores claras e brilhantes até a mais velha, totalmente preta, e todos os gradientes intermediários. Alguém mais estava com elas, um homem. Capa vermelha, roupas de couro marrom, florete ao lado, grande espada bastarda nas costas. Não era apenas um homem, era um inquisidor, de costas para a porta.

“Ah, bom,” o homem disse, enquanto Vadrik se aproximava. “Estou morrendo de vontade de beber cerveja.” Ele se virou, viu Vadrik e fez uma careta. “Você não é um criado. Um arquimago? O que você está fazendo aqui?”

“Eu poderia perguntar o mesmo de você,” Vadrik disse. Mesmo além de sua instintiva aversão pelos inquisidores – cheios de bravatas e sem cérebro – ele não gostou do tom do homem. Vilarejos não eram lugares com criados e eram muito melhores assim.

“Ah, não fique zangado,” disse a segunda mais velha. “Nenhum de vocês.” Sua voz soou baixa e clara por baixo do capuz cinza escuro que a lançava na sombra.

“Eu vou deixar de ficar zangado assim que alguém explicar o que diabos um arquimago está fazendo aqui.”

“Nós o chamamos,” disse a velha de cinza escuro. “Vadrik de Nefália, conheça Rem Karolus.”

“Eu o conheço por reputação,” Vadrik disse. “E eu compartilho a confusão dele. Se você me chamou, por que chamar um caçador de monstros?”

“Nós te chamamos, Vadrik de Nefália. Dein Salvasi, que seu corpo descanse, para sempre enterrado, chamou por Rem.”

“Rem Karolus,” Rem disse. “Ou Inquisidor Karolus.”

Arrogância sobre arrogância.

Rem Karolus, Matador Resoluto | Arte de Francisco Miyara

“Se seu empregador está morto, então certamente o mercenário pode ir,” Vadrik disse.

“Mercenário?” Rem perguntou. “Eu sou cátaro, a lâmina dos inquisidores. Não sou mercenário.”

Vadrik suspirou. “Então suponho que trabalharemos juntos.”

Rem o olhou de cima a baixo, claramente não animado com o que viu. “Suponho que sim.”

A velha de cinza os interrompeu. “Um fazendeiro, Arinos, desapareceu três semanas atrás. Ele estava discutindo com seu vizinho, Dein Salvasi, o homem mais rico de Lambholt.”

“Um homem piedoso,” Rem disse.

“Também é o principal suspeito,” disse outra mulher, com uma capa lilás. “Ou seria. Então os viajantes desapareceram nos campos de centeio. Então Lakil, uma pastora, foi encontrada morta no pasto. Digo, partes dela foram encontradas. Suas ovelhas intocadas. Pode ser que tenhamos lobisomens, pode ser algo pior. De qualquer maneira, precisávamos de ajuda. O conselho chamou você, Vadrik.”

“E Salvasi me chamou,” Rem disse. “Para lidar com lobisomens pelo bem da cidade.”

“Ah, ele só contratou você para limpar o nome dele,” disse uma das jovens velhas.

“Lobisomens parecem cada vez mais prováveis,” outra acrescentou.

“Oh, fraudes e miséria, nós sabemos quem foi,” disse a velha em cinza escuro. Ela se levantou em sua estatura insignificante, sustentando-se com a ajuda de duas simples bengalas de madeira.

“Não sabemos disso, Malynn” disse a velha de preto, falando pela primeira vez.

O marido de Vadrik havia mencionado Malynn mais de uma vez, já idosa quando Hailin era apenas um menino. Severa e sábia, até mesmo assustadora, ela ensinou às crianças números, canções e como ter medo da floresta. Ela foi criada como um menino, Hailin disse, mas escolheu a vida de uma mulher assim que ela teve idade suficiente, e a vila a aceitou rapidamente.

“Foi o Velho Dedos-de-palito, isso sim,” Malynn disse. “Você sabe disso e as estrelas acima também sabem. O Velho Dedos-de-palito saiu das rimas e das histórias, saiu para ver os vivos se tornarem mortos. A única questão é por quê, a única questão é como.”

“É ele que está atrás de você?” a mulher de lavanda perguntou.

“O que?” Malynn gritou, girando nos calcanhares, levantando uma bengala para se defender.

Não havia nada atrás dela, é claro.

“Ah, que engraçado,” Malynn disse. “Vamos dar uma risada da velha, com medo de gravetos e sombras.”

“Você pode rir das histórias assustadoras de crianças e velhas,” disse a mulher mais velha, “mas o Velho Dedos-de-palito é real. Ele teve milhares de nomes em dez mil anos. Aval, o Senhor da Vinha da Lareira. Macath. O Destruidor. Um espírito guardião, perverso e assustador. Hoje em dia, conforme sua memória se desvanece, ele é apenas o Velho Dedos-de-palito, apenas um bicho-papão. Ou era.”

“Seja o que for,” Rem disse, “se tem garras suficientes para despedaçar uma pobre pastora, tem carne o suficiente para ser cortada com aço. Apenas me leve… leve-nos… para onde ela vive e eu… nós… libertaremos sua cidade do medo.”

A porta do corredor se abriu e um homem sem fôlego entrou.

“Minhas senhoras,” ele disse, fazendo uma pausa para recuperar o fôlego, “é o… é…”

“O que é?”

“Assassino,” ele finalmente disse. “Assassino.”

“Eu disse que era o Dedos-de-palito, e não vou deixar nenhum de vocês duvidar de mim novamente,” Malynn disse. A meia-lua projetava sua longa sombra no pasto. Meia dúzia de camponeses erguiam-se com lanças e bestas, esquadrinhando nervosamente os arbustos distantes. Rem sacou o florete e caminhou pelo perímetro do grupo como um cão pastor guardando um rebanho. Vadrik, por sua vez, ignorou os vivos e manteve sua atenção nos três mortos na grama.

Bem, duas pessoas mortas e um lobisomem morto, o último revertido à forma humana na morte, mas reconhecível pela roupa rasgada pela transformação. Todos mortos pelos mesmos meios – perfurados como se perfurados por flechas, mas não havia flechas a serem encontradas.

Todas as três vítimas eram homens, todos os três jovens, todos os três desarmados e sem armadura. Dois foram feridos na frente, um foi ferido nas costas e estava a poucos passos de distância. Provavelmente, o mais novo do grupo havia sido alvejado após ter se virado para fugir. Não havia razão para ninguém saber disso, nunca. Não há razão para a família do homem saber que ele fugiu.

Abandonar o Posto | Arte de Zoltan Boros

“Você sabia que este homem era um lobisomem?” Vadrik perguntou.

“Não,” Malynn respondeu.

“Embora possam não ser lobisomens, não precisamos saber de mais nada,” Rem disse, ainda mantendo os olhos no campo ao redor deles. “Leve-me até a besta, Vadrik de Nefália, para que possamos acabar com o mal esta noite e esses aldeões inocentes possam dormir profundamente.”

“Como se eu fosse um cachorro que serve apenas a seguir rastros?” Vadrik perguntou, muito baixo para Rem ouvir. Ele então focou sua energia para cima, extraindo poder do céu, das estrelas. Ele teceu esse poder por meio de suas mãos.

Ele abriu as mãos, liberando a energia, e uma poeira caiu do céu, brilhando ao luar, pousando em trilhas por todo o campo. A maioria era brilhante e sólida, levando de volta à cidade. Os rastros que eles fizeram em sua investigação. Também havia outras pegadas dos três mortos e do guarda que os havia encontrado. Mais fraco e estranho, espalhado, irregular e ziguezagueando, havia outro conjunto de rastros, indo para algum campo distante.

O feitiço de rastreamento era bastante simples. Restava poder mais do que suficiente para expressar ainda mais sua vontade, para ensinar Rem a não maltratar um arquimago.

“Imagino que vocês saibam disso,” disse Vadrik, voltando-se para os aldeões, “mas não é seguro nos seguir.” Ele então se virou para Rem. “Você vem?”

Os olhos do cátaro estavam cheios de raiva. Sua boca, mais importante, se foi, desapareceu pela magia de Vadrik. Sem lábios, apenas pele do queixo ao nariz.

“Qual é o problema?” Vadrik perguntou. “Você confundiu um arquimago com um cão?” Vadrik estalou os dedos, a boca de Rem reapareceu e Vadrik disparou seguindo os rastros sem olhar para ver se o cátaro estava atrás dele.

“Tenham cuidado,” Malynn gritou para Vadrik. “Não irritem o Dedos-de-palito.”

Os rastros passavam por arbustos e sebes como se eles não estivessem lá, e Vadrik estava grato que sua capa de lã repelia as farpas. Ele também estava grato que seu, agora companheiro de trabalho, era quieto e atencioso. Até a arrogância deixou seus passos enquanto ele se mantinha pronto para a ação.

A lua brilhava forte nos campos e a grama se movia tanto quanto ondas ao vento que Vadrik sentiu saudades de casa. Mas também, as sombras da lua dançaram e se moveram, inclusive atrás de Vadrik, e o movimento continuou chamando sua atenção, e ele continuou olhando por cima do ombro.

Ninguém poderia se aproximar dele. Ele era Vadrik de Nefália.

Rem estava olhando por cima do ombro também.

Eles passaram por uma casa de pedra, talvez abandonada. Por um momento, Vadrik pensou ter visto uma luz verde de dentro, mas ela havia sumido quando ele tentou olhar mais longe. Algumas centenas de metros depois, a trilha parou em um pequeno bosque.

“Sua magia acabou,” Rem disse, assim que eles entraram no bosque e a luz mágica desapareceu.

“Não,” Vadrik respondeu. “Chegamos ao fim do caminho.”

“Não há nada aqui.”

Os álamos haviam perdido suas folhas meses atrás e, à medida que as nuvens se aproximavam, as árvores finas eram silhuetas contra o céu que escurecia. Vadrik sussurrou algumas palavras, deixando o poder fluir do solo ao seu redor e em seus olhos, permitindo-lhe ver um pouco melhor na escuridão.

Distantes sinos dos ventos dobraram, altos e tilintantes. Depois, os mais próximos, de madeira, das árvores ao seu redor.

“Você pode fazer alguma luz?” Rem perguntou, muito mais educado desta vez. “Parece que esqueci minha lanterna.”

Vadrik continuou caminhando para a floresta. A criatura deve estar aqui, em algum lugar. Talvez tenha subido nas árvores.

“Obrigado,” Rem disse.

“Pelo que?”

“Pela luz,” Rem respondeu.

Vadrik não criou nenhuma luz.

O arquimago girou nos calcanhares, levantando uma barreira protetora, ao mesmo tempo que um jato de galhos e faíscas se chocou contra a parede mágica.

A criatura estava bem atrás dele.

Só podia ser ele.

O Velho Dedos-de-palito fazia jus ao seu nome. Fino como um amieiro, mais alto que um homem, a pele bem esticada contra os pequenos ossos, os dedos como gravetos. Uma criatura de pesadelo, da imaginação de qualquer criança. Sob seus pés, em todos os lugares em que pisou, geadas floresciam e fungos cresciam. Seu rosto era mais parecido com crânio de veado do que humano, cinzas escorriam de suas mandíbulas como sangue, e ele tinha mais galhadas do que qualquer animal natural de qualquer floresta natural. Seus olhos, porém, eram o problema. Ele tinha muitos. Quatro? Sete? A cada momento, o número parecia mudar, e cada um brilhava com um fogo verde pálido, e cada um estava olhando para você. Ele estava e não estava lá, você podia olhar diretamente para ele e ter certeza de que ele estava se aproximando de você.

Ele era feito de medo, como nada já visto por Vadrik. Não era de admirar que o aldeão tenha fugido. Os outros dois devem ter simplesmente sido mortos antes de terem tido a chance de correr.

Velho Dedos-de-palito | Arte de Jehan Choo

Vadrik, protegido dentro de sua muralha de força, ponderou sobre a estranha besta. Como nada que ele tivesse visto antes, como nada que ele tivesse lido antes. A coisa era corpórea e, ao mesmo tempo, não era.

A criatura vociferou como um cervo e a parede de Vadrik desmoronou. Simples assim.

A criatura inclinou a cabeça para o lado, e uma constelação de galhos pendurados em suas galhadas estalou com luz e ecoou com o som de sinos de vento.

Enquanto Vadrik estudava o Velho Dedos-de-palito, o Velho Dedos-de-palito estava estudando Vadrik.

“Besta maldita!” Rem rugiu, enfiando seu florete no abdômen do Dedos-de-palito. Sangue branco, como o luar, fluiu ao redor da lâmina.

Dedos-de-palito rugiu, desta vez com o som de uma centena de cães, um som que preencheu a cabeça de Vadrik e retirou a percepção sensorial de sua mente.

Vadrik torceu suas mãos, torceu sua mente, então extraiu o poder do próprio som e o usou para forçar sua mente a ficar bem. Ele só tinha feito esse truque uma vez antes, enquanto lutava contra uma besta de além das estrelas.

Dedos-de-palito girou seu torso e jogou Rem voando para uma árvore. O cátaro caiu em pé, a espada ainda na mão. Ele era feito de um material forte. Ele investiu mais uma vez, se esquivando de um jorro de faíscas das mãos da besta.

Vadrik lançou um feitiço de paralisia, mas Dedos-de-palito ignorou. Uma mão envolveu com força a cintura de Vadrik, levantando-o facilmente. A outra mão foi na direção de Rem, que cortou seu pulso, esguichando aquele sangue de luar, mas também conseguiu agarrá-lo.

Não havia mais sutileza a considerar. Vadrik gritou, evocando sua própria força e misturando-a com todas as fontes ao seu redor, canalizando tudo em uma única explosão de gelo que atingiu Dedos-de-palito, desequilibrando-o.

Ambos os homens se soltaram e caíram no chão. Enquanto Vadrik recuperava o fôlego, Rem se levantou e enfiou a lâmina no queixo da besta, atravessando seu rosto.

Sem gritos, desta vez.

Dedos-de-palito havia desaparecido.

O sangue branco da criatura se acumulou no chão como mercúrio. Vadrik sentou-se, abriu um kit do cinto, tirou uma seringa e um frasco e pegou um pouco.

“Eu acho que não o matamos,” Rem disse, ofegante.

“Certamente não.” Vadrik parou por um longo momento. “E, obrigado.”

Quando voltaram para a aldeia, o sol já havia nascido. Rem saiu para a estalagem, mas Vadrik foi direto para a prefeitura.

Apesar da geada matinal, Malynn sentou-se no pátio em frente ao corredor, bebendo água e tomando mingau com uma estranha que usava um vestido surrado e em camadas. Essa segunda mulher tinha acabado de sair da adolescência, no máximo.

“Bom dia,” Vadrik disse, enquanto se aproximava e se sentou à mesa com as mulheres.

“Não, não é,” Malynn disse.

Quando minha pele você quebrar,” a jovem cantou, sua voz perfeita, quase angelical, Outro homem eu vou quebrar.”

“Isso parece uma informação que você poderia ter nos dado na noite passada,” Vadrik rebateu.

Se estivesse apenas com seus aparelhos, Vadrik teria feito aquilo sem derramar sangue. Foi aquele cavaleiro idiota que insistiu em iniciar um combate. É melhor controlar as coisas do que destruí-las. E ainda, ele não poderia colocar a culpa em outra pessoa.

“Faremos melhor,” Vadrik disse. “Eu só preciso de mais informações para fazer do meu jeito. Uma criatura como aquela, ela foi convocado, não foi? Quem fez a convocação? Meu palpite é alguém que está entre os mortos.”

Malynn olhou para a recém-chegada, que olhou para seu chá.

“Meu pai era um homem supersticioso,” ela disse. “Sempre tenha dentes de ovelha no cobertor, dentes de lobisomem sob o colchão.”

“Arinos, eu imagino? O primeiro fazendeiro que sumiu?” Vadrik perguntou.

A mulher acenou com a cabeça.

Malynn interrompeu. “Vadrik, conheça Ariosa. Filha de Arinos.”

Vadrik captou essa nova informação. “Você mora na casa de pedra desgastada, numa pequena fazenda, perto de um bosque de amieiros?”

Ariosa acenou com a cabeça.

“Você nos ouviu ontem à noite?” Vadrik perguntou.

“Eu… Eu não estava certa do que ouvi.”

Vadrik refletiu sobre tudo. “Seu pai estava discutindo com um vizinho rico. Sobre o quê, dívidas?”

Ariosa acenou com a cabeça.

“Ele estava ameaçando tomar a terra?”

Ela suspirou. “Sim.”

“Vizinho rico ameaçando deixar um homem sem-teto, quando tem uma filha em casa com idade suficiente para assumir a propriedade. Forçaria um homem a fazer um monte de coisas.”

“Isso não o teria levado a cometer assassinato,” a mulher disse.

“Aí está você,” Rem disse, subindo. Não havia espaço para ele na pequena mesa redonda, mas ele estava claramente feliz em apenas ficar de pé e conversar. “Enquanto você fofocava, eu discuti isso com alguns dos homens que fazem a guarda. Disseram que a noite passada foi bastante pacífica. Devemos ter mantido o monstro ocupado. Devemos começar nossas investigações?”

Ele olhou para a refeição simples que as mulheres estavam comendo. “Talvez comecemos com os Salvasis? Perguntar o que eles sabem sobre seu patriarca morto? Suspeito que, pelo menos, eles terão um café da manhã decente. Talvez chá.”

“Nós tentamos do seu jeito,” Vadrik disse. “Quase nos matou. Hoje, faremos do meu jeito.”

“Tudo bem, eu serei um suporte. Qual é o seu jeito?”

“Bem,” Vadrik disse secamente, “provavelmente, vamos começar na mansão Salvasi.”

O homem mais rico de Lambholt não era particularmente rico para os padrões a que Vadrik estava acostumado. A mansão era uma casa de pedra de dois andares com quatro quartos, dois dos quais tinham até papel de parede em vez de paredes de pedra simples.

Sua riqueza não os salvou.

Em vez de comida e de uma recepção calorosa, a dupla encontrou uma porta aberta, pendurada em uma dobradiça. Eles encontraram uma casa vazia. Eles passaram metade do curto dia vasculhando a casa, em busca de pistas. Sem pessoas, sem corpos. Sem sangue. Sinais de violência, no entanto, estavam por toda parte – mesas e cadeiras viradas, uma janela quebrada de onde uma pessoa tentou escapar. A balestra da família estava no chão perto da entrada, um dardo projetando-se da porta.

Geada e fungos permaneciam nos cantos do corredor.

Uma mão – talvez de criança – pintou “ele está bem atrás de você” com cinzas na manta acima da lareira.

Funcionou, e Vadrik e Rem se viraram para olhar ao mesmo tempo. Não havia nada lá, é claro.

“Quem escreve uma mensagem como essa no meio de uma luta pela própria vida?” Rem perguntou.

“Alguém forçado, por medo ou por magia,” Vadrik respondeu.

Rem estremeceu. “Bestas e demônios deveriam ser criaturas simples, criaturas violentas. Grandes, fortes ou cheias de dentes o quanto quiserem, eu lutarei contra elas. Nada dessa feitiçaria.”

“Ainda bem que desistimos da violência crua como solução,” Vadrik disse. Ele viu algo no chão e se ajoelhou para examiná-lo. Pelo de cabra preto, em casa. Esta não parecia o tipo de casa para ter cabras dentro. Ele o colocou na bolsa em sua cintura.

“Vamos,” Vadrik disse. “Quero chegar à casa de Arinos antes da filha dele. Tenho uma suspeita.”

A casa estava vazia e Vadrik não se sentia muito bem em invadi-la, mas decidiu que era necessário naquele momento. Era um casebre. A casa devia ter uns quinhentos anos, embora fosse resistente. A porta tinha tantas rachaduras quanto tábuas. O chão estava sujo. Mas considerando as duas camas feitas em um quarto, ela poderia ter sido abandonado. Uma única cabra branca pastava do lado de fora da janela nublada e irregular.

Vadrik não demorou muito lá dentro. O que ele precisava estava na varanda.

Pendurado na viga acima da porta, entre uma série estonteante de sinos de vento de madeira e aço, um móbile de madeira estava pendurado. Figuras feitas de galhos, amarradas com tiras de casca de árvore.

“Isso parece…” Rem disse. “Isso significa que…”

“Arinos convocou o Dedos-de-palito para se livrar de Salvasi e salvar sua fazenda,” Vadrik afirmou.

“Mas deu errado,” Rem concordou. “Dedos-de-palito não foi contido. Matou Arinos, Salvasi e muito mais.”

Vadrik estendeu a mão e desamarrou o móbile de onde estava pendurado. “Vamos esconjurá-lo hoje, antes que ele volte esta noite.”

“Você sabe como? Temos que fazer o quê, encontrar um lugar onde a lua nunca brilhou? Trazer flores que nunca tocaram o solo?”

“Não,” Vadrik disse. “Eu suspeito que será muito mais simples do que isso.”

Vadrik colocou o móbile no chão e derramou nele o frasco de sangue do Dedos-de-palito. Então ele levantou uma bota e bateu com ela, esmagando a coisa sob os pés.

Um lamento cortou os campos, vindo do bosque de amieiros.

“Só isso?” Rem perguntou. “Ele foi expulso do mundo? E agora?”

“Sim, isso deve ser suficiente. Quanto ao que fazer agora, sugiro que sigamos para a estalagem. Suspeito que poderíamos aproveitar uma boa refeição.”

“Talvez haja cerveja.”

O curto dia estava chegando ao fim quando eles alcançaram os muros da aldeia, e o sol se pôs lentamente quando eles começaram a comer – carneiro para Rem, beterraba e batatas para Vadrik.

“À Vadrik,” Rem disse, erguendo um copo d’água. Nem mesmo a falta de uma bebida melhor não parecia entorpecer seu ânimo. “Formamos uma ótima equipe.”

“À Rem,” Vadrik disse, erguendo sua taça. “O que falta em sutileza, você mais do que compensa em coragem.”

Quando iam beber, o sino da aldeia tocou.

“Provavelmente só estão chamando os fazendeiros para se protegerem da noite,” Rem disse.

Ao som do sino, o estalajadeiro agarrou uma espada e saiu correndo pela porta da frente na noite.

O sino continuou tocando.

Vadrik largou o copo com um suspiro, deu uma olhada melancólica no que restava de suas batatas assadas e saiu para ver o que estava acontecendo.

“Ele está dentro das muralhas!” um homem gritou, apavorado, para a multidão reunida. As velhas da aldeia se levantaram e sentaram-se no pátio em frente à prefeitura, enquanto cerca de trinta aldeões seguravam armas em suas mãos e o medo em seus olhos.

“Ele só matou nos campos e na floresta,” Malynn disse, levantando-se com a ajuda de suas bengalas. “Não há razão para acreditar que ele está dentro das muralhas.”

“Eu o vi!” O homem disse.

“Claramente?” Malynn perguntou, como um professor castigando um aluno.

“Não, senhora”, admitiu o homem.

“Eu também o vi!” uma mulher gritou.

Vadrik abriu caminho pela multidão, que se separou diante de um homem que caminhava com determinação. Ele chegou ao pátio e se virou para a multidão. Rem estava logo atrás dele.

“Dedos-de-palito foi esconjurado de volta para onde veio.”

“Você viu isso acontecer?” o homem perguntou. “Claramente?”

“Bem, não,” Vadrik respondeu. A multidão não gostou. “Mas eu executei o ritual, como já fiz centenas de vezes, e ouvi o som fúnebre da besta.”

Ariosa apareceu correndo, respirando pela boca, mas sem se esforçar pela pressa.

“Acabei de chegar de casa,” ela disse a Malynn, depois olhou com raiva para os dois homens. “Eles o libertaram.”

“Nós fizemos o quê?” Rem perguntou.

“Não fizemos nada disso,” Vadrik respondeu, automaticamente, mas seu cérebro começou a acelerar. Dedos-de-palito não tinha agido como qualquer outro demônio que ele havia enfrentado. Ele deve ser algo diferente. Quebrar a ligação não deve ter…

“Certo,” ele disse. “Talvez nós tenhamos.”

“Ouçam-me,” Malynn disse à multidão. “Nós vamos sobreviver à noite. Temos que trabalhar juntos. Cada um de vocês, de olhos abertos. Enquanto vocês olharem para a multidão e para fora dela, ele nunca estará atrás de vocês.”

A multidão obedeceu. Ao que parecia, as pessoas em Innistrad estavam acostumadas a aprender e se adaptar a novos horrores.

“Eu vi ele!” um retardatário gritou, correndo em direção à multidão. “Bem atrás da pousada!”

Rem foi correr em direção ao problema, mas Malynn bloqueou seu caminho com uma bengala. “Você vai nos ouvir. Chega de correr em direção ao perigo antes de ouvir qual é o perigo.”

Rem acenou com a cabeça, claramente desconfortável por não correr na direção do problema, mas surpreendentemente, disposto a ceder ao comando da velha. “Dedos-de-palito não pode ser enviado para alguma casa, para algum outro lugar,” disse Malynn, “porque ele é daqui. Um espírito de lareira.”

“Um espírito de lareira?” Vadrik perguntou. “Então ele foi convocado, não para matar, mas para proteger?”

“Foi.”

Gritos irromperam algumas ruas adiante. “Enquanto vocês decidem o que fazer,” Rem disse, “vou ver como salvar algumas pessoas?”

Malynn acenou com permissão e Rem saiu correndo em direção ao barulho distante.

“Primeiro passo um, marque a lareira, o território a ser protegida,” Vadrik disse. “Segundo passo, faça uma oferta, marque aqueles que não podem entrar, ou então marque cada um que pode. Ele… Arinos não chegou ao segundo passo, então?”

“Eu não conheço a magia da convocação,” Malynn disse.

“Eu conheço as palavras, acho,” Ariosa disse. “Das velhas histórias da minha avó.”

“Ele deve ter sido interrompido. Ele…” Vadrik tirou o pelo de cabra do bolso e entregou para Ariosa. “Isso é familiar?”

“Uma de nossas cabras desapareceu na noite anterior ao meu pai,” ela confirmou. “Presumi que Dein Salvasi o roubou, aceitei como retribuição sem pedir.”

Com o canto do olho, Vadrik viu Rem retornar, escoltando algumas figuras amontoadas para a multidão antes de correr de volta para a noite.

“Arinos convocou o Dedos-de-palito.” Vadrik disse. “Construiu o selo e pendurou-o na casa da fazenda. Para guardar aquela casa e todas as suas terras. Segundo passo, sacrifício. Levou a cabra para o bosque, talvez, deixou-a para o Velho Dedos-de-palito. Dein Salvasi viu a cabra e a roubou. Um pouco Envergonhado, manteve-a escondida dentro de casa. Isso quer dizer que Dedos-de-palito veio, sabia onde proteger, não sabia contra quem se proteger. Matou Arinos como um intruso em sua própria terra. Matou seu vizinho da mesma maneira. Mas por que todas as mortes tão distantes?”

Vadrik pensou apenas um segundo antes de responder sua própria pergunta. “A propriedade do seu pai é velha, então, não é? Uma das casas mais antigas que eu vi. Costumava ter muito mais terra?”

“Sim.”

Rem estava voltando, desta vez de mãos vazias e ensanguentado.

“Rem!” Vadrik chamou. Rem ergueu os olhos.

“Você consegue proteger essas pessoas? Você pode segurar o Dedos-de-palito enquanto tratamos da amarração?”

“O que você acha que estou fazendo?” Rem respondeu. Ele ainda estava sangrando, Vadrik percebeu, por cortes no rosto e no peito.

Bem no limite de sua visão, Vadrik viu olhos verdes e brasas no final de um beco próximo.

Rem respirou fundo várias vezes, preparando-se. Vadrik convocou o poder das estrelas e lançou sobre Rem. Selou suas feridas, renovou seu fôlego. Teria reforçado a determinação do homem, mas ela não estava diminuindo. Havia medo, havia exaustão, mas não havia dúvida. Um cátaro é uma coisa poderosa.

“Onde vamos fazer isso?” Ariosa perguntou. “Aqui? Na prefeitura?”

Malynn balançou a cabeça. “Ele não é uma criatura da vila ou da cidade. Ele é uma criatura que protege casas que são como rochas no rio selvagem. Sua casa. Ele será seu guardião, durante o tempo da conexão, uma década e um dia.”

“Vamos pegar cavalos, então,” Ariosa disse.

O ritual em si era bastante simples, quase bruto, como a magia popular costumava ser. Ariosa consertou o móbile amassado e pendurou-o na varanda. Pela janela da frente, Vadrik viu as duas camas feitas lá dentro. Por que duas? Ela não tinha aceitado a morte de seu pai?

Homem alto, homem comprido, você vai proteger este lar?” ela cantou, enquanto girava. “Proteger quem o chama, que está sozinho aqui a morar?”

Ocultista Novata | Arte de Zara Alfonso

Malynn trouxe a cabra restante de trás da casa. “Vamos levá-la para o bosque?”

O som de faíscas veio de trás deles e Vadrik se virou. O Velho Dedos-de-palito estava lá, olhando-os, curioso.

“Não acho que temos tempo para isso,” Vadrik disse. “Ele veio muito mais rápido desta vez.”

Velho Dedos-de-palito, dos amieiros, aceite essa cabra no meu lugar.” Ariosa sabia um pouco mais sobre a invocação do que Vadrik havia imaginado.

Senhor das gavinhas, antigo destruidor, não fira ninguém sem tal pedido considerar.”

Dedos-de-palito vociferou, e a cabra branca caminhou até ele. Vadrik, que não assistia o sofrimento dos animais, fechou os olhos. Quando nenhum som de rasgo, nenhum berro, se espalhou pelo ar, ele os abriu novamente.

Dedos-de-palito estava com uma mão de longos dedos no pescoço da cabra, acariciando-a.

Imortal e cabra caminharam em direção aos álamos. Outra cabra, esta preta, saiu das árvores para se juntar a eles.

“Para onde vamos agora, velho?” Rem perguntou.

“Para nenhum lugar perto daqui,” Vadrik respondeu. “Você vai seguir seu caminho e eu vou para casa, para meus estudos e meu marido.”

“Ainda, somos um time tão bom!” Rem disse. “Eu tenho a força e a bravura, e você tem o cérebro e o poder! E, você sabe, pequenas luzes mágicas cintilantes? Que canções eles vão cantar sobre nós juntos, imbatíveis!”

Vadrik subiu em seu cavalo, dando uma última olhada na cidade natal de seu marido, agora um pouco mais segura. “Um dia daremos a eles mais motivos para cantar músicas sobre nós, não tenho dúvidas, Rem Karolus. Mas agora há um homem esperando em casa cuja voz é mais importante para mim do que a de qualquer bardo. Fique bem, cuide-se nas aventuras.”

Ele puxou as rédeas e saiu da cidade.

“Ei Vadrik!” Rem chamou. “Até mesmo Jenrik não era tão bom com as luzes mágicas cintilantes quanto você. Você o deixaria orgulhoso.”

Vadrik parou e se virou.

“Eu estava brincando sobre as luzes cintilantes, mas não que Jenrik ficaria orgulhoso.”

Vadrik tentou mas não conseguiu esconder seu sorriso com o elogio.

Quando os cascos de sua montaria atingiram as pedras do calçamento, Vadrik não parava de pensar na segunda cama, feita na velha casa da fazenda. Pensando em como era estranho que a cama ainda estivesse feita. Pensando no brilho verde que ele vira na casa antes de conhecerem Dedos-de-palito no bosque. Que estranho que Ariosa tivesse sobrevivido ilesa.

Crianças corriam pela rua, cantando e rindo.

Grudento Palito
Ele matou o Vitor
Não se aproxime
Não se aproxime

O Senhor Palito
Tem muito artifício
Ele pode te ouvir
Quando medo você sentir

A velha Esperança
Perdeu suas crianças
Onde elas estavam
Onde elas estavam

Velho Palito Amigo
Ao lamaçento abrigo
Para dentro as arrastou
E suas peles, como roupa usou

Logo, porém, a cidade estava se distanciando. Atrás dele.

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