Mtg Lore

Compêndio da Lore de Magic the Gathering

OS SEGUIDORES DE KIORA

Texto original
por Kelly Digges

Todos os mares são diferentes, mas todos eles são conectados.

Ah, havia as variações habituais: Temperatura. Salinidade. Pressão. Ela as conhecia, assim como qualquer tritão, por instinto. Um oceanógrafo poderia passar a vida aprendendo a medir o que qualquer tritão sabia desde a infância.

Só mais uma categoria em que eles são inferiores.

Mas havia outras coisas que nem sequer haviam palavras para descrever, outras sensações que pintaram sua visão do mundo. Gosto era a palavra mais próxima, embora não fosse próxima o suficiente. Esta água, aqui, neste mundo, fluindo sobre suas guelras possuía um gosto diferente do que em qualquer outro lugar, em qualquer mundo.

E lugar nenhum tem o mesmo gosto de casa.

Este plano era bastante agradável. O mar era quente, o mana era rico e a vida selvagem era abundante, mesmo que fosse um pouco pequena. Um dos moradores tinha lhe mostrado como os dragonetes aqui mergulhavam direto do céu para o mar e vice-versa, eloquentemente demonstrando sua mestria em mover-se entre reinos.

 

Token de Drake | Arte de Svetlin Velinov

 

Ela não disse nada. Parecia educado. De qualquer modo, ele claramente não poderia ajudá-la.

Zendikar.

Lar. Ela desejava voltar para seu próprio mundo, com seu temperamento selvagem e rabugento. A maioria dos mundos eram como baleiaselegantes, pacíficos e sem presas. Zendikar era um tubarão e muito se passou desde que ela não na presença de seu poder.

Mas ela não podia retornar para Zendikar. Ainda não. Não sem uma arma para lutar contra as monstruosidades chamadas Eldrazi. Então sua busca continuou.

Transplanando, é como eles chamam. Ha

Kiora nadou.

Ela mergulhou mais fundo, para as trevas, frio e pressão. Isso a ajudava a se concentrar, a deixar um mundo para trás e encontrar outro. Ela reuniu o mana lânguido das profundezas e empurrou-se contra as paredes do mundo.

Era arriscado aventurar-se nas Eternidades Cegas sem um destino em mente. Mas o mar ajudava. O mar a guiava. Ela caiu no vazio e nadou, de um oceano para outro.

O universo fragmentou-se em torno dela, e ela tropeçou através de um espesso, infindável vazio. Era como estar muito abaixo do mar, nos locais mais profundos. A pressão era imensa e todos os seus sentidos estavam inutilizados. Tudo o que restava era a vaga sensação de movimento, e de coisas, mundos, imensos e inimagináveis, flutuando silenciosamente através deste mar que não era um mar.

E entãoalgum lugar. Luz, som e movimento. Água. Outro oceano. Kiora nadou e saboreou um novo mundo.

Água morna e sal fluíam através de suas brânquias, sem vestígio de nenhum tipo de contaminação artificial. Havia um cheiro de enxofrevulcanismo, seja em terra ou para baixo, nas profundezas. Um mundo ativo. O sol brilhava através de uma centena de metros de uma clareza cristalina e fortes correntes a empurravam de todas as direções.

De algum ponto atrás e acima dela, foi possível sentir o bater desajeitado de remos e o ranger de madeira morta. Aqui, como na maioria dos lugares, os habitantes terrestres usam suas pequenas embarcações e rastejam sobre a pele superficial do seu mundoprecisando da recompensa do oceano, temendo seus mistérios. Ela olhou para a pequena casca de um barco, um pontinho distante que desenhava um caminho deselegante através do mar. Uma olhada. Isso era tudo o que aquilo merecia.

Em um barco como aquele, eles não estariam muito longe da costa e, de fato, apesar da nebulosidade distante, ela pôde distinguir altos penhascos subindo da superfície.

Kiora nadou na direção oposta, saboreando este novo lugar, sentindo o seu mana. Ao longe, um pouco da vida selvagem local brincava na superfíciealgum tipo de peixe-cavalo, que possuía duas patas dianteiras e uma longa cauda longa escamada. Ela tinha ouvido falar de tais animais, bem como já ouvira que tritões eram capazes de montá-los, mas ela nunca tinha visto nenhum. Bem, agora que ela poderia dizer que havia visto. Além disso, eles não lhe interessavam.

 

Hipocampo Saltador | Arte de Christopher Burdett

 

Ela dirigiu-se cada vez mais para o fundo do oceano, procurando com todos os seus sentidos algum traço dos grandes seres que costumam habitar os lugares mais profundos em quase todos mundos. Não havia nadaapenas uma vasta e profunda escuridão. Ela enviou um pulso de mana, chamando-os, mas não ouviu resposta.

Eu não tenho tempo para isso.

Kiora parou, equilibrando-se em uma coluna de água, e começou a acumular mana. Ela estava tentando chamar a atenção de grandes animais, e às vezes isso precisava de uma grande magia.

Ela flutuou, de olhos fechados, cada escama e barbatana estendido com o esforço. Muito abaixo dela, em uma profundidade onde o sol não alcançava, a água começou a se mover. Correntes imensas e vagarosas de água fluíam diretamente abaixo dela, aumentando a força à medida que mais água se reunia. Inexoravelmente, um gigante pilar de água surgiu debaixo e para cima, em direção a ela.

Depois do que pareceram horas, Kiora nadou de volta para a superfície, arrastando um enorme afloramento de água atrás de si. Ela estava jogando muito peso ao seu redor, e por sua experiência, ela tinha certeza que os titãs das profundezas aquáticas emergiriam de seus esconderijos para investigarem.

A torrente de água passou por ela, envolvendo-a, ganhando velocidade enquanto retumbava em direção à superfície. Era fria, terrivelmente fria, e tinha o gosto de estranheza e ancestralidade. Ela estava livre por um momento, saboreando a sensação do oceano como ele verdadeiramente eranão as ondas cortantes que os habitantes da superfície imaginavam quando pensavam no “mar”, mas vastos volumes de água e escuridão onde tanta vida e mana se escondiam sem serem notados.

A torre de água passou sobre ela, espalhou-se quando se aproximou da superfície e moveu-se na forma de uma onda maciça. Kiora emergiu, piscando enquanto se ajustava à luz do sol e ao ar, e observou. Ao longe, o barco que ela havia avistado mais cedo recuou e rolou sob a onda, os marinheiros agarrados a seus mastros e balaustradas.

Ela mergulhou e ficou escutando. Ela não podia ver a onda atingindo a costa que ela havia vislumbrado antes, mas ela podia ouvir. O oceano tocou como um sino.

 

Onda Imersora | Arte de Slawomir Maniak

 

Kiora esperou, ouviu e observou.

Ondas rebentavam. Golfinhos saltavam. A superfície da água logo retornou ao normal, exatamente como estava quando ela chegara.

O mar é ancestral, mas tem uma memória curta.

Ela não ouviu mais nenhuma agitação nas profundezas, não sentiu nenhuma onda de carne e fome subindo para encontrá-la. Ela sabia que eles estavam lá embaixo. Onde estariam? Ela precisava de mais informações e certamente não seria na superfície que ela as obteria.

Mais foco. Mais mana. Uma colossal forma escura tomou forma sob ela, um leviatã, oriundo de outro mundo. Transplanando, criando ondas, agora invocando, ela estava se forçando até o limite Mas ela não estava com disposição para esperar.

 

Trench Gorger | Arte de Hideaki Takamura

 

O leviatã ergueu-se debaixo dela e ela se agarrou às espinhas. Ele dividiu o oceano e ela riu descontroladamente diante dele, então ela bateu de volta na água. Ela se direcionou àquela costa distante e avançou, a cauda da criatura bombeando água para frente e para trás. A água e o vento passavam por ela enquanto o enorme volume da criatura quebrava a superfície, subia para a frente e afundava de novo para subir novamente.

Ela estava montada apenas a alguns minutos quando um grupo de cabeças surgiu da água em seu caminho. Moradores. Bom. Agora ela poderia conseguir algumas respostas. Ela desejou que o leviatã parasse e ele parou enquanto se acomodava pacientemente na água, pairando sobre os tritões nativos. Cada cabeça de tritão tinha uma crista alta que se arrastava até as costas. Ela pareceria tão estranha para eles quanto eles para ela, mas isso poderia ser uma vantagem. Uma dúzia de pares de olhos olhou para ela, cheios de medo e admiração. Aquilo era um bom começo.

“Onde estou?” ela perguntou.

Os nativos trocaram olhares e um deles nadou para a frente com a intenção de responder.

“Perto de Meletis, a pólis humana,” ele disse.

Inútil. Ela olhou para ele esperou.

“No Mar das Sirenas,” ele disse.

Ela franziu a testa e gesticulou para todos os ladospara o mar, a terra, o céu. “Onde estou?” ela perguntou de novo.

Os olhos do orador se arregalaram, e seus companheiros murmuraram entre si. Ela entendeu apenas as palavras Nyx e Tassa, além de algo sobre o Silêncio.

“Você está em Theros, ele disse. “Você está no mundo dos mortais.”

 

Seguidor de Kiora | Arte de Eric Deschamps

Ela sorriu, mas não disse nada, deixando que eles conversassem entre si. Havia algo estranho sobre este mundo e ela não estava disposta a deixar transparecer que ela não entendia.

“… Tassa retornou para nós!”

“… Mas não tem a marca de Nyx. Como ela poderia…”

“Tolo! Uma deusa pode aparecer quando…”

Deusa? Agora aquilo estava ficando interessante.

“Chega,” disse Kiora. “Você tem perguntas?”

O orador considerou suas palavras. Ele não era um idiota, afinal. Ótimo.

“Quem é você?” ele perguntou.

“Você realmente duvida de mim?”

“Claro que não,” ele disse passando os olhos pela boca do leviatã. “Nós, tritões sempre estivemos a seu serviço. Mas…”

“Isso soa como dúvida,” ela disse.

“Como é que você desafiou o Silêncio, minha senhora?”

“O Silêncio?”

“Quando Crufix falou e os deuses se retiraram em Nyx…” ele narrou, “Nós nomeamos sua ausência de O Silêncio. Nossas orações ficaram sem respostas. O céu noturno ficou cheio de escuridão e as estrelas tornaram-se imóveis. Estamos amedrontados.”

Parecia que havia muito sobre este mundo que ela não entendia. Talvez mais tarde ela poderia encontrar um ser humano e interpretar um simples tritão. Mas por enquanto

“Eu me movo com as correntezas,” ela disse. “O Silêncio não me impede.”

“Nos fizeram acreditar que ele impede todos os deuses,” disse o orador.

“Foi o crime de um humano que trouxe o Silêncio,” disse um dos outros tritões. “A Campeã do Sol matou a hidra de estimação de Niléia. Por que isso importaria para Tassa ou para nós? Por que devemos sofrer pelos erros dos povos da superfície?”

Kiora sorriu.

“Realmente, por quê?”

Silenciosamente, ela comandou o leviatã para que ele abaixasse a cabeça, para que a água cobrisse seus pés.

 

Kiora, a Onda Que Arrebenta | Arte de Scott M. Fischer

 

“Você,” ela disse apontando para o orador. “Junte-se a mim.”

Kiora estendeu a mão. O tritão a tomou, embora receoso, mas dando um passo em direção ao longo focinho do leviatã. Ele era mais alto do que ela, e belo, de uma forma exótica. O leviatã ergueu sua cabeça acima das ondas, assim, os dois sobre seu focinho poderiam conversar privativamente.

“Qual o seu nome?”

“Kalemnos, minha senhora.”

“E você acredita que eu sou Tassa?”

“… Não,” ele disse. “Eu não acho que Tassa desafiaria descaradamente o mais velho dos deuses.”

“Bom,” ela disse. “Então, quem você acha que eu sou?”

“Eu acredito que você possa ser uma de suas emissárias, enviada para nos guiar, enquanto ela está ausente.”

“E quando ela voltar?”

“Então eu suponho que nós descobriremos quem você realmente é,” ele disse.

Ela sorriu.

“Eu gosto de você,” ela disse ela. “Além disso, também tenho um monstro do mar. Quer me ajudar?”

Ele olhou para os tritões lá embaixo. As mandíbulas do leviatã poderiam facilmente se fechar em torno de todos eles ao mesmo tempo.

“Eu não poderia imaginar nada melhor,” ele disse.

“Ótimo,” ela respondeu. “Então. Eu estou procurando pelas mais poderosas filha de Tassa – leviatãs, serpentes, esse tipo de coisa. Eu as invoquei, mas nenhuma veio. Onde estão?”

“O mar é vasto e até mesmo os tritões não conhecem seus limites,” disse Kalemnos. “Os krakens apenas aparecem quando querem ou quando Tassa assim lhes ordena.”

“Então, considere esta uma busca em nome de Tassa,” disse Kiora. “Se ela não está aqui para sondar as profundezas, você deve explorá-las por si mesmo. Segure-se em algum lugar, pronto?”

Kalemnos agarrou uma das barbatanas do leviatã enquanto ele se virava e nadava, mantendo sua enorme cabeça acima da água.

“Sigam-me!” ela gritou para os tritões. Eles desapareceram na água e nadaram atrás dela, seguindo o rastro do leviatã.

Ela voltou-se para Kalemnos, que estava se agarrando desesperadamente, mas bravamente, a uma barbatana facial do titã.

“Agora, conte-me mais sobre esses krakens.”

Kalemnos começou a falar sobre as criaturas que poderiam devastar a terra e o mar, temíveis monstros que aparentemente apenas os deuses podiam controlar.

Nós veremos isso.

Kiora deitou-se sobre a cabeça do leviatã, exausta devido à sua conjuração, mas muito orgulhosa para demonstrar. O sol aquecia sua pele, enquanto o mar a umedecia. Ela ficou em silêncio, apenas apreciando a cadência da voz de Kalemnos e o poder prometido por seus contos. O leviatã nadou com movimentos firmes, para longe da costa, em direção ao mar aberto e todos os segredos que ele detinha.

Eles eram dela, estavam esperando serem tomados. Tudo o que ela tinha que fazer era pedir.

 

 

Traduzido por: mtgvortex

Revisado por: Blackanof

 

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