Mtg Lore
Compêndio da Lore de Magic the Gathering
O BEM MAIOR
Texto original
por Adam Lee
Um sorriso rápido atravessou o rosto do mago da guilda Boros que acompanhava Gideon enquanto caminhavam para a câmara. Seu acompanhante realizou a saudação Boros e anunciou: “Líder de Guerra, Gideon Jura está aqui para vê-la.” Ele, então, curvou-se e saiu.
Aurélia olhou para cima de uma mesa de aço gravada com símbolos e repleta de torres e edifícios em miniatura cobrindo a sua superfície, e Gideon não conseguia tirar os olhos da mestre da guilda Boros. O cabelo, os olhos, a armadura – tudo dela – parecia brilhar como o ar se erguendo no horizonte ensolarado. Gideon não conseguia dizer se havia pequenos vórtices de energia ao redor dela ou se ela era magicamente cercada por um escudo de mana que pairava ao seu redor.
Ele percebeu que ele estava encarando.
“Gideon Jura.” Sua voz era poderosa, com uma característica transcendental. “Seu sotaque, vestimentas e até mesmo o seu nome denunciam que você não é deste Distrito. Ainda assim… eu fui informada de que você salvou uma brigada inteira dos meus Boros de uma emboscada Rakdos que teria matado cada um deles.”
“Eles eram bem treinados para o combate. Apenas mostrei-lhes onde atacar e quando.”
“Quanta modéstia.” Aurélia sorriu. “Mas eu acho que é seguro dizer que você teve um impacto individual.” Aurélia moveu-se ao redor da mesa e ficou de pé diante de Gideon. “O que me intriga, Jura, é o motivo pelo qual eu nunca havia ouvido falar de sua habilidade em batalha até agora. Tenho a sensação de que alguém como você não é capaz de acovardar-se e fugir da glória da batalha.”
“Eu não sou daqui, Mestre de Guilda. A maioria das minhas viagens me levam… para outros lugares.”
Aurélia considerou a resposta de Gideon com uma mistura de curiosidade e indiferença angelical, mas Gideon podia ver sua mente trabalhando.
“É justo.” Ela dobrou suas asas e indicou as construções em miniatura sobre a mesa. “Você conhece esse lugar?”
“Não,” disse Gideon.
“Este é o Nono.” Aurélia colocou a mão em um dos pequenos edifícios. “É na fronteira dos Cem Passos. Território dos Azorius. Naturalmente, os Azorius não parecem se encaixar no Nono. É um pouco… prático… para o gosto deles. Os Rakdos e os Gruul puxam e despedaçam o lugar como se fosse o cadáver de um dromedário, enquanto os Dimir… bem… eles fazem o que os Dimir fazem de melhor: se escondem nas sombras e puxam cordas de marionetes.”
“Exatamente,” disse Aurélia com pesar em seu tom. Ela olhou para Gideon. “Os inocentes sempre pagam o preço mais alto. Gostaria muito de ir para lá com alguns Elementais das Brasas e queimar cada um dos Rakdos, Gruul e Dimir, mas os ravnicanos sem-guilda têm vivido há séculos em relativa paz. Antigamente, costumava ser um local dos Azorius. Mas quando o velho Pacto das Guildas foi quebrado…” Aurélia parou por um momento. “Bem, eu não vou te aborrecer com uma lição de história, Jura, mas, na sequência, os Azorius tiveram que abandonar o Nono para se concentrarem na a construção de Nova Prahv. Como de costume, os Rakdos e os Gruul abriram caminho e começaram a lutar como mastodontes. Muito do Nono se perdeu.”
“E onde os Boros estavam?”
“Eu não estava na liderança naquela época.” A resposta de Aurélia tinha um toque de aço frio. Gideon havia tocado em um ponto sensível. “Fomos conduzidos à desgraça pela Legião. Eu assistia enquanto trilhas do Nono desapareciam. Suas perdas e erros imperdoáveis forçaram… uma mudança… na liderança da guilda. Perdoe-me, Jura. Ainda posso sentir o gosto amargo daqueles momentos. Deixe-me mostrar-lhe uma coisa.”
Aurélia fez um gesto para Gideon acompanhá-la pelo chão de mármore polido do grande saguão de guerra até uma alta sacada de onde era possível visualizar toda a Morada do Sol. O ar tinha um cheiro fresco e límpido. Os olhos de Gideon ajustaram-se à intensa luz solar. Muitos metros abaixo, legiões de cavaleiros treinavam e marchavam sob o sol brilhante, enquanto bandeiras e estandartes Boros balançavam com a brisa. Era uma visão gloriosa.
“E você quer minha ajuda?”
“Não, Jura, eu quero que você lidere.” Aurélia virou-se e colocou a mão em seu ombro, uma mão que se fez sentir muito mais pesada do que Gideon esperava. “Reconheço um líder quando vejo um. Você tem uma grandeza dentro de você.”
Ela apontou para uma centena de soldados de armaduras reluzentes que estava no pátio central. “Estou preparada para dar-lhe o comando daquele batalhão ali, se você lutar conosco. Ou melhor ainda, se você se juntar a nós.” O poder irradiava do rosto de Aurélia à medida que ela fixava seus olhos em Gideon.
O rosto de Aurélia permaneceu implacável, mas ela hesitou antes de responder. “Sim, Jura. Mas o comando será meu. Entendido?”
“É claro.” Gideon sentiu um senso de dever e lealdade à mestre de guilda pulsar dentro de seu peito. Com soldados assim, montanhas poderiam ser movidas.
Mas Gideon tinha visto algo muito pior do que a situação do Nono em suas viagens. Algo tão pior que nem mesmo o lorde demônio Rakdos conseguiria reunir.
Ele tinha visto um mundo sendo devorado.
Mas, mesmo enquanto Zendikar enfrentava horrores extraplanares, as ruas de Ravnica fervilhava de inocentes apanhados no fogo cruzado das guildas – os autoproclamados ‘sem-portão’. Ele era necessário aqui. Com a ajuda de Aurélia, ele poderia salvar inúmeras vidas.
Gideon sabia dos riscos de seguir tão prontamente as ordens de alguém. Ele não estava pronto para se tornar um Boros. Mas ele estava pronto para empunhar suas armas por um bem maior.
Gideon ergueu os olhos do mapa do Nono e sorriu como um lobo.
“Quando vamos começar?”
Traduzido por: mtgvortex
Revisado por: Blackanof
Comentários
Magic the Gathering é uma marca registrada pela Wizards of the Coast, Inc, uma subsidiária da Hasbro, Inc. Todos os direitos são reservados. Todas as artes e textos são de seus respectivos criadores e/ou da Wizards of the Coast. Esse site não é produzido, afiliado ou aprovado pela Wizards of the Coast, Inc.