Mtg Lore
Compêndio da Lore de Magic the Gathering
EPISÓDIO 03: DOIS GRANDES BANQUETES
K. Arsenault Rivera
Escreveu os arcos de Innistrad: Caçada à Meia-Noite, Voto Carmesim e Marcha das Máquinas.
Rowan,
Espero que você esteja…
Não posso querer que você esteja bem quando sei que você não está. Você está com raiva, está frustrada. Eu entendo. Nada mais faz sentido.
Desde que você partiu, eu me preocupo com você todos os dias. Perdendo o controle na montanha, partindo — você está tentando ajudar, mas está se esgotando. O que estamos enfrentando não é algo que alguém deveria encarar sozinho. Somos uma família.
Por favor, volte para casa. Eu sei que você está sofrendo, mas juntos podemos encontrar alguma maneira de ajudar.
Seu eterno irmão,
Will
Rowan lê o bilhete uma vez. A caligrafia arredondada de seu irmão a encara na página. Eu sei que você está com raiva. Eu entendo. Podemos encontrar alguma maneira de ajudar.
Se ele entendesse, ele estaria aqui. E se quisesse ajudar, também estaria aqui. Em vez disso, ela está sentada sozinha em uma taverna de Wealdrum. O mensageiro, vestindo as cores de Kenrith, espera por uma resposta.
Ela tenta pensar em uma resposta. Eu estou certa em estar com raiva. Nosso mundo está desmoronando ao nosso redor, e não temos respostas claras. Você quer ficar em casa e esperar que elas apareçam. Eu estou cansada de esperar. Por que isso te faz ter tanto medo de mim?
O mensageiro se aproxima. Rowan ainda tem uma página em branco à sua frente. Ela a dobra em três, depois entrega ao servo de seu irmão. “Dê isso a ele e diga-lhe para vir me encontrar se ele estiver falando sério.”
Um sorriso breve. Um aceno. O mensageiro parte.
Rowan volta a sua bebida, vendo seu próprio reflexo nela. O rosto que tanto havia assustado Will na montanha.
Não parece tão assustador para ela.
O que resta do Vale Arden espera pela cavaleira errante. Uma névoa cobre as colinas e vales, ocultando os corpos de metal abaixo. Se ela der um passo em falso, vai cair do cavalo em uma trincheira de phyrexianos.
Conforme ela se aproxima do castelo, vê cada vez mais do redemoinho violeta da Maldição do Sono. Quando chega aos portões destruídos precisa tomar muito cuidado onde pisa.
No entanto, Rowan não toma muito cuidado.
Uma explosão de relâmpago alarga um buraco nos grandes portões de carvalho. Ela atravessa, o cheiro de madeira queimada aderindo à sua capa, e sobe as escadas envoltas em uma nuvem violeta.
Ela dá apenas cinco passos antes de ver os cavaleiros.
Eles parecem dignos, embora suas armaduras carreguem a face da falta de uso: cada um tão forte e robusto quanto haviam sido da última vez que Rowan os viu. Pois ela conhece esses elmos, essas armaduras, essas pessoas. Seus camaradas estão de pé com as armas prontas.
Pior de tudo: cada um está enfeitado com a névoa da Maldição do Sono. Como as cordas de um manipulador invisível, ela se eleva de cada membro e arma. Embora os cavaleiros não se movam, a névoa é mais que suficientemente astuta para movê-los: uma flecha disparada por um de seus antigos instrutores de arco passa por ela a uma moeda de distância.
O que mais essa guerra vai continuar a tomar dela? Seu peito dói.
“Sou eu,” ela chama para eles. “Sou eu, Ro! Acordem!”
Outra flecha é disparada, esta é derrubada no meio do trajeto. O nó na garganta de Rowan cresce. Parece que lutar é a única opção.
Preparando sua lâmina, ela começa sua escalada através do tumulto.
Syr Saxon, um batedor de coração generoso, e Syr Joshua, o Domador de Feras, costumavam passar todas as horas de vigília juntos. O mesmo é verdade agora que o sono os dominou. Saxon balança seu machado de osso, um golpe que ela tem que aparar; Joshua aproveita a abertura para desferir seu martelo de guerra em sua perna.
A dor inflama sua visão. A antiga dor de cabeça retorna, como se tivesse sido convocada.
Rowan se afasta de Joshua. Mirando nos pés dele e de Saxon, ela canaliza outra explosão. Ambos os homens são derrubados, o metal batendo na parede próxima. O Sono mantém seus corpos relaxados – neste caso, algo bom. Ficar relaxado é a melhor maneira de evitar ferimentos em momentos como esse.
Syr Joshua havia dito isso a ela.
Com a cabeça latejando, uma tristeza pesada como uma coroa, ela se esquiva de outra flecha que se aproxima. Espadas, martelos, foices e clavas todas se erguem para encontrá-la na escada. Seus antigos companheiros fazem o melhor possível para quebrar seus ossos. Ziguezaguear entre eles é a melhor coisa que ela pode fazer – mas isso não será suficiente em todas as situações. Mais de uma vez ela é forçada a soltar outra explosão. Cada uma deixa para trás uma cratera maior que a anterior.
E cada uma delas parece mais emocionante.
Ela gostaria de negar, mas essa é a verdadeira questão. Mesmo enquanto se preocupa com seus amigos, ela sente seu sangue cantando com a melodia que esse novo poder trouxe. E isso, por sua vez, torna mais fácil de usar. Não importa quantas vezes diga a si mesma que isso é suficiente, ela precisa evitar perder o controle…
É tudo muito fácil de fazer.
Quando chega ao topo dos degraus, os cavaleiros estão deitados abaixo dela. Ela olha para a ruína carbonizada que um dia foi o castelo.
E lá ela encontra mais cavaleiros esperando. Sob bandeiras estrangeiras eles estão em pé, armados, com as cabeças viradas em sua direção. Por meses, ninguém viveu no Castelo do Vale Arden, mas esses cavaleiros usam suas roupas de gala em vez de suas armaduras. Cada um está vestido para conquistar alguém. Um tapete violeta macio conduz além de um véu de sombra mutante.
Segurando sua espada, Rowan avança. Faíscas estalam em sua mão e ao longo da borda da lâmina. Se alguém se aproximar—bem, não é melhor terminar as lutas o mais rápido possível? Não é isso o mais misericordioso a fazer?
Ela espera que os cavaleiros a ataquem como fizeram na escadaria e eles o fazem, mas não de forma tão direta. Em vez de avançar diretamente contra ela, eles valsam em sua direção, alguns segurando parceiros em suas mãos livres. Até os dançarinos terríveis se movem com uma graça sobrenatural pelas ruínas do Castelo do Vale Arden. Os casais se separam apenas o suficiente para atacá-la antes de voltarem à sua dança estranha.
Desviar de um ataque a leva para o caminho de um golpe de cima; abaixar a deixará vulnerável a um golpe de alabarda. Ela levanta o braço para bloquear apenas para alguém pegar sua mão e puxá-la mais para dentro das celebrações estranhas. Dezenas de cavaleiros se apertam, um jardim turbulento dos adormecidos. Rowan não pode se mover sem tocar em outro. Sua espada é arrancada de sua mão; sua respiração fica presa na garganta. A indecisão é um castigo.
A multidão a empurra para frente, cada par de dançarinos uma engrenagem. As espadas estão vindo, ela sabe que estão, mas tem que encontrar alguma maneira de passar.
Ela estende a mão livre em direção ao véu oscilante para—
— uma mão branca e pálida se pressionar contra a sua. “Bem-vinda à Corte da Rainha Ardente, Rowan Kenrith.”
Todos de uma vez interrompem a dança. Então, como um só, eles se ajoelham.
O parceiro anterior de Rowan permanece em pé. Um ser de beleza estranha e terrível, com o rosto esculpido como um cálice, a observa. Fumaça sobe das cavidades onde seus olhos deveriam estar. Uma boca cruel sorri quando a figura inclina a cabeça. “Estávamos esperando por você.”
Rowan estende a mão em busca de sua espada por hábito — apenas para lembrar que a perdeu no meio da multidão. Ela não consegue avistá-la entre os que estão ajoelhados. “Você é Ashiok. Já ouvi falar de você.”
Recebe um sorriso em troca, revelando uma boca cheia de dentes pontiagudos.
“O que você está fazendo aqui?” Ela se refere a Eldraine ou ao Castelo do Vale Arden? Não tem certeza.
“Eu sou um amigo e conselheiro daquela que você procura. Ela tem feito um trabalho extraordinário até agora.” A figura desliza em torno dela, o ar mais gélido onde toca. Um gesto simples atrás dela, e um dos cavaleiros traz sua espada. Ele a segura diante dela, apoiada nas palmas das mãos. A figura aperta seu ombro. “Vá em frente. É isso que você estava procurando, não é?”
Ela já viu essa cena antes. Seu pai e sua mãe condecorando os mais dignos. As coroas sobre suas cabeças. A coroa que ela havia visto em sua visão.
Os pelos de Rowan se arrepiam. Ela pega a espada. “Liberte essas pessoas,” ela diz, mas ainda não levanta a lâmina contra a figura misteriosa.
“Você tem certeza de que é isso que você quer?” vem a pergunta.
“Eu tenho certeza. Eles são meus amigos, e já sofreram o suficiente sem a sua interferência,” Rowan diz. “Se você pode controlar os adormecidos, foi você quem os amaldiçoou, não é?”
Seu sorriso revela duas fileiras de dentes pontiagudos. “Quem os amaldiçoou está lá, além do véu. Você deseja falar com ela?”
Rowan range os dentes. Ela não espera que a figura a guie, mas parte sozinha. Quando eles alcançam o véu cinza translúcido, é a própria figura que o afasta para ela passar.
Do outro lado, há uma mesa farta com uma bela mulher vestida de preto à cabeceira. A mulher levanta um cálice em sua direção — em sua outra mão, Rowan vê, há uma maçã de vidro com fios violetas translúcidos serpenteando para fora. Magia. “Rowan Kenrith. Um prazer e uma honra finalmente conhecê-la. Alguém já lhe disse que você se parece muito com sua mãe?”
A figura sem rosto puxa uma cadeira para ela. Rowan a ignora e caminha diretamente até a mulher. “Quem quer que você seja, tem muita audácia. Aquela mulher não tem nada a ver com isso,” diz erguendo a espada acima da cabeça e depois a abaixa em um golpe poderoso. O fato de parar a um fio de cabelo do rosto da mulher é um testemunho de seu novo controle. Rowan não quer nada mais do que se livrar dela — dessa maldição. “Você me chamou aqui só para fazer piadas sádicas?”
A mulher não faz nenhum movimento para impedi-la, nem mesmo para se levantar. Ela dá apenas um gole em seu cálice. “Querida Rowan, eu te trouxe aqui porque admiro o fogo dentro de você.”
Um cavaleiro está preparado para enfrentar toda sorte de armas no campo de batalha: espadas, lanças, flechas, martelos. Mas o que eles não estão preparados – e, de fato, o que Rowan nunca treinou contra – é uma sinceridade tão desarmante. Seu aperto vacila. “O quê?”
A mulher sorri e pousa seus dedos bem cuidadosos sobre os nós dos dedos de Rowan, guiando delicadamente a espada para longe de seu caminho. “Os outros têm medo de você, não têm? Seus camaradas. Seu povo. Até seus irmãos.”
Rowan engole em seco. “Você não sabe nada sobre eles.”
“Mesmo assim, você não me disse que estou errada,” diz sem nunca desvia o olhar — seus olhos são ricos como hidromel. “Sua família paterna diz que você mudou. Seu irmão mal reconhece você. Você está com uma terrível dor, e ainda tudo o que ele parece querer fazer é tentar te ‘consertar’. Não é verdade, querida?”
A boca de Rowan se abre. Ela não consegue fazer sair nenhuma palavra.
A mulher se levanta. Rowan não a atrapalha. Assim como sua mãe fez tantas vezes, ela afasta uma mecha de cabelo do rosto de Rowan. “Eu sei como é ter a família virando as costas para você. Mas eu não vou fazer isso.”
Por que… Por que eu me sinto assim? Me vejo assim? A respiração de Rowan está mais instável do que gostaria de admitir.
“Você tem se esforçado tanto para manter todos seguros. Desde o ataque, tudo em que você consegue pensar é cuidar do Reino, da família de seu pai. Garantir que ninguém mais se machuque,” diz a mulher. Ela se senta novamente. “Queria saber por que eu te trouxe aqui. Por que criei essa Maldição do Sono? Assim como você, eu queria manter meu povo seguro. Os invasores não tinham esperança contra algo assim. O fato de que se espalhou para os outros foi uma… infelicidade, no entanto, mesmo nesse infortúnio, descobri algo belo. Gostaria de saber o que é, Rowan Kenrith?”
A boca de Rowan está seca, sua dor de cabeça pulsando mais forte do que nunca. Se essa mulher quisesse sua morte, certamente já teria acontecido. E se a Maldição do Sono realmente surgiu como uma forma de deter a invasão…
Sua mãe a instigando a se apressar, seu pai plantando os pés para uma última resistência sem esperança.
E se Rowan pudesse tê-lo impedido? E se ela pudesse ter feito com que os invasores dormissem, assim como essa mulher fez?
“Eu gostaria,” ela diz. “Eu gostaria de saber.”
O sorriso da mulher é caloroso como vinho temperado. Ela se vira para o desconhecido. “Ashiok, você poderia?”
Um piscar de olhos, um momento de escuridão, não mais que isso. Quando ela abre os olhos novamente, seus pais estão ao lado da mulher. Lá está o seu pai, íntegro como na sua visão; sua mãe, radiante e orgulhosa. Rowan, para quem as palavras falharam, corre para os braços de seus pais.
Somente para que eles desapareçam depois que ela já os envolveu em seus braços.
O gemido de Rowan não é de uma cavaleira, nem de uma mulher adulta – é o gemido de uma criança retirada de uma cabana, muito jovem para entender o que acabara de acontecer. Como ela sente frio, de pé onde eles estavam momentos atrás!
“Pareceu real, não foi?” pergunta a mulher.
Rowan apenas consegue assentir, olhando para sua mão. Um pouco do calor deles ainda está presente em sua pele. “Foi… foi você que enviou a primeira visão?”
“Com a ajuda do meu próprio mentor, sim,” responde a mulher.
“Meu pai disse que eu encontraria meu sangue aqui,” Rowan diz. Sua voz começa a vacilar. “Você disse que eu parecia com minha mãe. Você não estava falando de Linden.”
O sorriso da mulher é estranhamente nostálgico. E Rowan entende o por quê – ela sorri da mesma maneira. “Não, eu não estava.”
“Essa mulher matou a mim e a meu irmão. Ela ia beber o nosso sangue,” cada palavra era um golpe.
“Minhas irmãs nunca foram conhecidas por sua sabedoria, apenas por sua ambição,” diz a mulher. “Sua mãe era a mais cruel de nós. Não se engane, seu pai fez certo em derrubá-la, e Linden em salvar você. Mas isso não apaga a magia em seu sangue, Rowan. Você pode usá-la para algo bom. Você tem a oportunidade de redimir nossa linhagem, de conceder ao Reino uma bênção como nenhuma outra.”
Raiva em seu coração. Ela olha para suas mãos, já cobertas de sangue. Quanto tempo negou essa parte de si mesma? A explosão na montanha. Sua dificuldade de controle. E se o sangue da bruxa estivesse em seu âmago? E o sonho que essa mulher lhe concedeu… quanto tempo fazia desde que Rowan se sentia tão feliz assim?
“Por que eles nunca me contaram sobre você?”
A mulher faz um som de desaprovação. “Imagino que eles não quisessem que você seguisse nossos passos. Mas isso não importa mais.”
Rowan engole em seco. A tempestade dentro dela é quase insuportável.
“Todos que você viu no caminho até aqui – cada sonhador no Reino – experimenta a mesma coisa,” diz a mulher. “Tudo o que perderam retornou a eles. Em salões alegres, eles celebram a vitória do Reino, cercados por todos aqueles que lhes são queridos. Prados pitorescos longe de todo o tumulto, o colo de um companheiro amado – onde quer que eles queiram estar, é onde estão. Onde permanecerão. Sem preocupações, sem medos.”
“As pessoas precisam de mais do que sonhos,” Rowan consegue dizer. No entanto, mesmo dizer tal coisa parece algo vazio. Dada a oportunidade de passar a eternidade em um sonho com seus pais… Poderia esse sangue amaldiçoado dela proporcionar isso a todo o Reino?
“Alguns sim. Eles podem permanecer acordados. Mas para aqueles que buscam escapar, bem, eu encontrei uma maneira de conceder isso a eles. Seus corpos ainda obedecem à minha vontade, mas suas mentes estão em outro lugar.”
Rowan respira fundo, buscando estabilidade. “O Sono não escolhe quem leva. Você não está se aproximando deles um por um e perguntando. Seja qual for sua vontade…”
“Minha vontade é a mesma que a sua, Rowan. Eu quero manter o Reino seguro. Quero liderá-lo. Eu quero poder,” diz a mulher. “Poder para afastar ameaças, para garantir meu próprio futuro. Nada neste mundo é tão certo, tão vital, quanto o poder. Com ele, você pode comandar e ter lealdade, ficar mais forte, enfrentar qualquer desafio que apareça. Para conquistá-lo, você precisa de coragem e conhecimento dos seus inimigos; mantê-lo só lhe proporciona mais poder. Você percebeu isso, não foi? É a razão pela qual ninguém respeita seu irmão — e a razão pela qual temem você. Você tem muito da minha irmã em você para o gosto deles. Mas eu conheço o seu potencial. Posso estar ao seu lado, do jeito que nunca estive ao lado dela.”
Rowan desvia o olhar para o chão — para os azulejos que ela ajudou seu pai a escolher durante a última reforma do castelo. Ela gostava dos desenhos de raios de sol.
As pessoas respeitavam seus pais. Eles eram bravos guerreiros, de coração bondoso, e tinham conquistado seus lugares.
O que Will fez? Ele tem um coração bondoso, mas sem o resto, alguém mais…?
E não é manter as pessoas felizes a coisa mais gentil que poderia fazer? Sem falar em tudo o que essa mulher — sua tia? — tinha feito pelo Reino. Antes de vir até aqui, Rowan pensava que o Sono era uma maldição, mas agora ela vê o quanto pode ser uma bênção. O Reino perdeu tanto. Garantir que ele permaneça intacto é a coisa certa, a coisa nobre a se fazer? E enquanto seus súditos dormem, ela pode cuidar do bem-estar deles. Com um exército de adormecidos assim, eles poderiam…
Eles poderiam unir o Reino. Poderiam transformar a maldição do seu nascimento em algo belo.
“Você entende, não é?” a mulher diz. “Eu sabia que entenderia.”
Rowan fecha os olhos. Ela pode consertar isso. Ela pode consertar tudo, se ao menos pudesse… “Você pode… Você pode me ensinar? Ensinar-me a trazer paz às pessoas dessa forma, a mantê-las seguras? Você pode me ensinar a transplanar novamente?”
“A centelha se foi,” diz Ashiok, sua voz é um sibilo longo e arrastado. “Para você, e para muitos outros.”
A mulher se levanta, sorrindo. “Mas o resto será um prazer. Todo governante precisa de um herdeiro.” Ela também abre os braços. “Meu nome é Eriette, querida. Bem-vinda ao lar.”
Conforme Rowan encosta a cabeça no ombro de Eriette, enquanto se permite relaxar pela primeira vez em meses, ela se pergunta:
Há quanto tempo ninguém a entendia assim?
“É só não olhar para baixo.”
“É fácil falar, você já fez isso antes!” Rubi grita. Na metade do caminho, ela está agarrada ao caule como se ele lhe devesse dinheiro. De certa forma, devia mesmo – Peter não conseguiu subir na árvore com seus ferimentos, mas ele deu todas as suas economias para que eles pudessem contratar um guia.
O tal guia, Troyan, está bem à frente deles. Ele está em uma folha do tamanho de um estábulo observando Kellan e Rubi subirem. “Isso não é verdade. Eu nunca subi num pé de feijão, nem uma vez.”
“Você disse que era um escalador experiente,” Kellan grita. O ar está tão rarefeito que dói fazer isso. Troyan parece um escalador de pé de feijão, de pele azul e elegante, vestido de verde e azul vibrantes, com uma estranha criatura mítica com muitos braços pintados em seu casaco. A placa que ele carrega até diz “viajante profissional e aventureiro”. Essa foi a razão pela qual eles o contrataram! Bem, isso e o quão confiante ele foi quando perguntaram se ele sabia como subir no pé de feijão.
“Sei sim,” ele responde. “Subi várias torres já, venci todas as competições que havia para serem vencidas. Um pé de feijão é um desafio diferente e interessante.”
Kellan franze a testa. Seus braços doem, seus ombros estão doloridos e ele está achando cada vez mais difícil respirar, mas de alguma forma Troyan está indo muito bem, mesmo estando mais alto. “Mas… nós o contratamos… para nos ajudar!”
“Isso,” Rubi diz. “Faça o seu trabalho!”
Troyan suspira. “Tudo bem, tudo bem, vocês têm razão,” ele responde. Ele se senta na beira da folha e depois coloca sua pesada mochila no colo. De dentro dela, retira dois frascos de vidro cheios de um líquido oleoso e escorregadio. A tampa está coberta de verrugas bulbosas. “Eu estava guardando esses para um momento difícil. Eles são difíceis de encontrar por aqui, sabia? Mas já que vocês estão me pagando tão bem…”
“Não precisa ser tão convencido,” Rubi o repreende.
“Acho que posso abrir mão de dois,” Troyan conclui. “Mas vocês terão que chegar até aqui primeiro.”
Rubi geme, e Kellan ecoa seu lamento. Ser um herói não é tão incrível como parece. Mas ele tem que admitir, está curioso para saber o que aquelas poções fazem.
Ele dá o seu melhor. Quinze minutos de esforço que queimam seus músculos e ele alcança a borda da folha. Troyan é gentil o suficiente para ajudá-lo a subir. Ele joga o frasco para Kellan. Com a tampa removida, bolhas flutuam sobre sua pele. Uma delas pousa em seu nariz. Quando estoura, ele sente o cheiro de água de pântano e uma leve vibração na garganta. Kellan não consegue evitar de beber como uma ovelha que não consegue parar de pastar. Ele engole em um instante ávido.
Sua língua é a primeira coisa a mudar. A sensação de formigamento dá lugar a uma sensação de alongamento, e logo ela se estende para fora de sua boca como uma bandeira desenrolada de um cavaleiro. Em seguida, sua pele começa a se tornar viscosa e escorregadia; depois, uma espécie de energia acumulada em suas pernas. Quando ele abre a boca, tudo o que sai é um coaxar gorduroso. Kellan ri.
“Bem legal, né? Não se preocupe, é só temporário,” Troyan diz. Ele faz um gesto para o espaço aberto acima deles. “Vai em frente. Pule. Apenas tenha cuidado com o pouso.”
A mão de Rubi aparece por cima da folha. Kellan a ajuda a subir. Ao ver seus olhos agora bulbosos e sua língua caída, ela se surpreende. “O que você fez com o meu amigo?” pergunta a Troyan.
“Rubi, não se preocupe, estou bem,” Kellan diz. Ele sorri para enfatizar o ponto. “Acho que talvez possamos pular até o topo se bebermos essas poções.”
Rubi franze os olhos para ambos. “Vocês estão me pedindo para acreditar em muita coisa aqui.”
Kellan segura o outro frasco. “Ele tem ‘sapificação’ engarrafada, acho que podemos confiar nele nisso,” ele diz.
“Se vocês vão subir até lá em cima, precisam começar a pular,” Troyan intervém.
Rubi suspira. Ela olha para o frasco e então balança a cabeça. “Vou me segurar em você, Kellan. Se essas coisas são tão difíceis de conseguir, então é melhor economizarmos. Vire-se.”
Kellan faz como lhe foi dito. “De onde você conseguiu isso, afinal? Uma bruxa fez essas poções para você?” Uma pausa enquanto Rubi sobe nas costas dele, estilo cavalinho. “Espera. Você não é uma fada, é?”
Troyan ri. “Não, não, de jeito nenhum. Me pague um pouco mais e talvez eu te conte como as encontrei.”
“Pão-duro,” murmura Rubi.
“Eu ouvi.”
Kellan ri. Mesmo estando tão alto, ele não tem medo de olhar para baixo, não quando se sente assim. Seja pela graça do relâmpago ou por algum outro mecanismo invisível, ele se sente vivo. Quando foi a última vez que ele esteve perto de pessoas tão amigáveis? Pessoas que não eram da sua família?
“Pronto?” ele pergunta.
“Pronto.”
Kellan, o rapaz da fazenda de Orrinshire, salta para o céu — e o céu se abaixa para encontrá-lo. Bolhas de água do pântano brotam de seus pés, impulsionando-os cada vez mais alto. Um coaxar atinge seus ouvidos somente depois de terem rompido as nuvens. Do outro lado?
Um castelo à luz da lua os aguarda.
Despencar em direção ao chão é menos assustador quando o chão está próximo. Kellan aterrissa com um leve tropeção; ele cai de rosto, mas Rubi sai ilesa. Ela oferece a mão a ele enquanto admira a fachada brutal e imponente do castelo. “Estamos realmente aqui, né?” ela diz. “Stormkeld.”
“É enorme,” Kellan diz. É difícil manter a boca fechada diante do tamanho impressionante. Gigantes são grandes, mas até agora nunca tivera uma indicação de quão grandes eram. Ele aponta para as grandes portas, cada uma do tamanho de uma torre por si só. “Olha, provavelmente podemos entrar por debaixo das portas.”
“Não devem receber muitos visitantes humanos,” Rubi diz. “Devemos ser como ratos para eles, vindo roubar comida.”
“Só se nos pegarem,” Kellan diz. “Vir à noite foi uma boa ideia. Aposto que todos estão dormindo.”
Rubi sorri e começa a andar ao longo do caminho. Cada pedra é do tamanho de um cavalo, exigindo vários passos para atravessar. “Ouvir o que eu digo é sempre é a decisão certa, herói”, ela diz.
Ele se apressa para acompanhar. “Não deveríamos esperar por Troyan?”
“Deixa ele quebrar outro recorde subindo aqui, se ele quiser,” Rubi resmunga. “É o que ele merece!”
Leva mais de uma hora de caminhada para atravessar o pátio. Troyan os alcança na metade do caminho. Suados e exaustos, mas ainda assim destemidos, os três continuam em direção ao limiar.
Até que o chão começa a tremer sob seus pés.
Rubi se agacha, Kellan esconde a cabeça. Apenas Troyan permanece de pé, levantando os dedos e balançando-os suavemente de um lado para o outro. Rubi o puxa pelo braço. “Eu não sei se eles têm terremotos aqui em cima, mas se tiverem, você precisa se proteger!”
Troyan balança a cabeça com um sorriso. “Tente contar os terremotos.”
Um rolar de olhos, um sopro de ar entre os lábios, Rubi protesta, mas faz como foi pedido. Todas as suas frustrações desaparecem quando ouve as primeiras notas de uma música distante e a compreensão se instala. “Hum.”
Kellan, ainda não familiarizado com o mundo refinado, tenta seguir os passos dela sem sucesso. Os tremores paravam e recomeçavam – mas por que eles estavam contando? Suas sobrancelhas se franzem enquanto ele tenta entender.
Rubi cobre a mão dele que estava contando com a sua própria. “Eles estão dançando,” explica.
“Valsa, para ser específico,” acrescenta Troyan. “O que infelizmente significa que eles estão acordados.”
Valsa? Kellan não tem ideia do que é isso, mas viu sua mãe e Ronald girando em passos largos ao redor da casa uma vez. Talvez seja algo parecido.
“Se eles estiverem dançando, não vão nos notar,” ele diz. “Ainda podemos entrar furtivamente.”
Nesse ponto, ele já sabe o que aquele ‘hum‘ de Rubi significa – ela não está certa, mas não vai recuar diante do desafio. “Vamos torcer para que sim,” diz.
Prosseguem, em direção ao próprio limite, um grande portão que se abre apenas para os seres mais diminutos no pé de feijão. Sob o teto de madeira, eles passam. O mundo que os espera do outro lado seria motivo de inveja para qualquer regente do Reino: belos arcos de mármore mais altos que qualquer parapeito, uma cúpula de céu matinal acima deles, música vibrante que ressoa em seus pulmões, e cálices dourados segurando poços cheios de vinho. O mais impressionante de tudo são os gigantes em si. Sejam usando armaduras e malhas de ferro ou vestidos de tafetá, eles são um belo e estranho espetáculo, se todos os rumores sobre os gigantes forem verdadeiros.
“Não deveriam estar fazendo coisas de gigantes?” Rubi pergunta. Embora esteja gritando, é difícil ouvi-la por cima da música.
“Talvez essas sejam coisas de gigantes,” Kellan diz. Quando os tremores começam, ele pula junto com eles. No fundo de sua mente, ele imagina se seu pai tem asas — se ele também terá quando ficar mais velho. Espera que sim.
“O garoto está certo. Eu não vejo por que eles não podem aproveitar uma celebração de vez em quando. Este lugar certamente precisa disso após o que passou,” Troyan diz.
“Bem, eu não disse… É que as outras pessoas não…” Rubi começa, mas termina em um resmungo. “De qualquer forma. Pelo menos eles não nos notaram. Kellan, você sabe onde eles poderiam guardar um espelho?”
De fato, os gigantes não notaram os aventureiros, o que é ainda pior para eles. Embora haja um padrão nas danças, nem todos os gigantes são dançarinos graciosos. Suas melhores previsões de onde seria o próximo passo às vezes davam errado. Mais de uma vez, Rubi puxa Kellan para longe do alcance do perigo; mais de uma vez, Troyan faz o mesmo por ela.
O coração de Kellan está martelando novamente. Isso é perigoso. Claro que é. Mas com a música tocando e a risada ao seu redor, é meio divertido também. Em casa, ele é o menor menino da aldeia – mas aqui, todos são pequenos, e sua agilidade é uma vantagem. Ele corre passo a passo, seus olhos cheios de admiração, procurando um brilho prateado. “Eu não sei. Talvez esteja no quarto de alguém?”
“O quê? Para questioná-lo no meio da noite?” Embora Rubi estivesse inicialmente cética, um momento de reflexão muda sua opinião. “Na verdade, não é uma má ideia.”
É difícil determinar onde um quarto poderia estar quando tudo é tão grande assim. Quando finalmente encontram uma escada, apenas Troyan consegue escalar a pedra escorregadia – e isso exige um grande esforço. No entanto, ele joga uma corda para os outros, e eles se puxam um por um. Dessa forma, podem subir as duas dúzias de degraus para um nível mais alto que, no fim das contas, podia nem mesmo conter um quarto.
Mas na metade das escadas, eles têm o desprazer de esbarrar com um ganso.
Anos na fazenda endureceram o coração de Kellan para essas malditas criaturas. Ele ama quase tudo e todos que respiram no Reino — exceto gansos. E com razão. Os gansos locais são as únicas coisas que o incomodam tanto quanto os valentões locais. Talvez esses gansos sejam piores.
E o que é pior do que um ganso do tamanho dele?
Um ganso do tamanho do carrinho de mercado da sua família.
O ganso, adornado em ouro, balança pelo caminho à frente de sua dona — que, pela sua vestimenta, deve ser a senhora da casa. E embora os gigantes possam não ter notado eles, o ganso notou, emitindo um horrível grasnado, trocando olhares com eles enquanto sobem mais um degrau.
Kellan sabe em seu coração a resposta certa para lidar com essa abominação.
“Corram!” ele grita. “Corram por suas vidas!”
Ele sai disparado como um raio, seus sapatos não conseguindo aderência alguma no mármore. Rubi tem mais sorte – ela salta do degrau, pousando nos braços de Troyan. Ela para e se vira apenas para ver Kellan cair com o peito no mármore, o bico do ganso descendo como um machado –
E dois dedos prendendo a parte de trás de sua capa.
Ele é levantado no ar, seus pés balançando abaixo dele. O ganso belisca seus calcanhares. Se ele ousar olhar para baixo, terá uma visão horrível da boca do ganso, algo que poderia traumatizar sua mente para sempre, mas ele é sábio o suficiente para evitar esse destino. Em vez disso, ele fixa os olhos na carranca do gigante. Kellan levanta as mãos e balança. “D-desculpe por invadir.”
“Quem são vocês?” ela pergunta. A força de sua fala faz com que ele balance. “O que vocês estão fazendo na minha festa?”
“Eu vim em uma missão!” Kellan diz. Ficando difícil de fazer uma pose heróica, mas ele dá o melhor de si. “Eu procuro o espelho mágico—”
O lábio da gigante se curva em um olhar de desprezo. “Não.”
“Honrada Senhora,” grita Rubi colocando as mãos em concha ao redor da boca, gritando o mais alto que pode. “Não queremos fazer mal algum! Só queremos fazer uma pergunta ao espelho!”
“Você acha que é a primeira vez que ouço essa mentira?” responde a gigante. “Gente pequena não gosta de nada mais do que enganação. Como você ousa entrar na minha casa na noite do meu aniversário e exigir isso de mim?”
“Feliz aniversário!” Kellan solta sem pensar.
“Eu não preciso ouvir de você,” ela responde.
Kellan ouve um profundo suspiro por trás deles. “Beluna, não me diga que você está causando problemas.”
Sua insatisfeita anfitriã — Beluna — se vira. Sobre seu ombro, Kellan vê um homem coroado, seu cálice já meio vazio, suas bochechas avermelhadas. Apesar da coroa que usa, tem apenas metade do tamanho de Beluna, sua barba cheia e verde. Beluna corteja ao vê-lo, o que quase derruba Kellan na garganta do ganso à espreita. “Lorde Yorvo,” ela diz. “Só estou lidando com algumas pragas.”
“Pragas com as quais você está falando.”
“Sim, meu senhor,” diz Beluna. Ela vira Kellan em direção ao outro homem. Olhando para ele agora, tem certeza de que a barba é realmente feita de plantas. E se ele é menor, mas Beluna está dando atenção… poderia ser o Rei Gigante? Kellan nem sequer sabe seu nome, apenas que ele desapareceu de Pontegaren durante a invasão. O que ele está fazendo aqui? Ele não é como esses gigantes. Talvez ele esteja fazendo uma visita devido à festa de aniversário? Kellan realmente, realmente espera que ele esteja de bom humor, ou então… o ganso o espera.
“Isso parece um jovem humano,” diz o rei. “Você não está planejando alimentar seu ganso com nenhum pequeno no seu aniversário, não é? Você não pode estar tão carente de ovos de ouro.”
“Ele quer roubar o espelho,” ela protesta. “E como é meu aniversário, eu acho certo eu decidir o que fazer com ele.”
O rei volta sua atenção para Kellan. “Meu jovem. Por que você está aqui?”
“Eu recebi uma missão do Senhor das Fadas,” Kellan diz. Ele espera que mencionar Talion abrande as coisas. Os senhores se respeitam, não é mesmo? “Eu e meus amigos pretendemos encontrar e derrotar duas bruxas, mas não sabemos para onde ir. Esperávamos pedir ajuda ao espelho.”
O rei acena, acariciando sua barba. “Considere você e seus amigos meus convidados nesta festa.”
Kellan sorri. “Claro!”.
“Beluna, não acho que haja mal em mostrar-lhes o espelho. Não há como eles conseguirem movê-los sendo apenas três, e… bem, eles são convidados, agora.” O rei oferece-lhes uma piscada conspiratória. “Dai ao seu Senhor os meus cumprimentos mais gentis, sim? Agora voltemos a essa longa viagem.”
Ele não ouve Beluna gemer, mas ele pode sentir. “Você está estendendo a hospitalidade, Lorde Yorvo,” ela diz. “Mas… entendo o seu ponto.”
O rei passa, batendo na cabeça do ganso enquanto ele o segue. Beluna coloca Kellan na palma da mão e cuidadosamente pega os outros e os coloca lá também, então começa a andar sem dizer uma palavra. Sua marcha é tão larga que chegam ao seu destino em pouco tempo.
É, de fato, um quarto.
Ela os coloca na frente do espelho e cruza os braços. “Seja rápido,” ela diz. “Você tem sorte que Albiorix não vai te devorar esta noite.”
“Quem dá o nome de Albiorix para um ganso?” Rubi murmura.
Kellan reprime um arrepio e se aproxima do espelho. O garoto que ele vê ali – envolto em uma capa, um pouco mais magro da viagem – parece maior do que o garoto que ele era apenas algumas semanas atrás. Mais parecido com um herói.
“Oh grande espelho,” ele diz. “Onde posso encontrar a bruxa Hylda?”
Nada acontece.
Kellan franze a testa.
“Você precisa dizer algo que ele não saiba, pequeno humano,” diz Beluna. “O espelho não entrega informações valiosas de graça.”
“Hum. Algo que ele nunca tenha ouvido antes,” Troyan repete. Ele coloca a mão no ombro de Kellan. “Espelho de Indrelon, meu nome é Troyan, e eu não nasci aqui em Eldraine.”
“O quê?” Rubi diz, mas a magia já começa a funcionar.
O próprio fôlego do inverno embaça a superfície prateada. Kellan sente-se compelido a estender a mão e limpá-la. Sob a condensação, ele vê um castelo de gelo, facetado e reluzente, repousando no topo de um penhasco rochoso.
“Espere… Acho que conheço esse lugar. Lago Larent. Meu irmão costumava me levar para pescar lá,” Rubi diz. Ela franze a testa. “Mas não havia gelo lá quando fomos antes da guerra. Como ela construiu algo assim tão rápido?”
“Eu não sei,” diz Kellan. “Mas se você nos mostrar o caminho, talvez possamos descobrir.”
Traduzido por Rissa Rodrigues
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