Mtg Lore

Compêndio da Lore de Magic the Gathering

EPISÓDIO 03: A TORRE FECHADA

Arte de Bryan Sola

Karn queria ficar sozinho. Ele queria estar em uma pesquisa – se ele pudesse pelo menos se perder na nitidez de uma fórmula matemática, pelo menos poder esquecer como era sentir óleo e sangue secando em seu corpo. Mas ele não podia escapar. Ele estava trancado na torre de vigia de Novo Argivo, em uma pequena sala circular no andar de cima cercada por janelas com venezianas de aço. O fraco brilho amarelo da pedra de energia acima iluminava um pedestal com um painel de controle embaixo dele. Só ele tinha a chave que acabaria com o bloqueio da torre, e ele não a usaria, não até que eles capturassem o phyrexiano, e não até que ele tivesse certeza de que seus companheiros – Jodah e Jaya, Teferi e Stenn – estavam livres da influência de Nova Phyrexia.

“Onde está o sílex?” Jaya perguntou.

“Seguro,” Karn respondeu.

Ele se virou para que os outros não pudessem ver seu rosto. Ele precisava de um pano, mas não conseguia gerar um. Ele estendeu as mãos e extraiu partículas do éter, criando uma pequena escova de arame, idêntica à que ele usava tantos anos atrás, para se limpar depois que Urza o enviava para a guerra. Suas palmas chiaram com magia enquanto o metal se acumulava.

“Por que não nos diz onde está agora?” Jaya perguntou.

Teferi esticou a cabeça como se ainda procurasse no teto pela criatura espiã phyrexiana. “Agora, até os planinautas podem ser corrompidos. Karn é o único com imunidade ao óleo.”

Apesar de Karn apreciar que Teferi o defendesse, ele não gostava de ser mencionado como se não estivesse no ambiente, como se fosse um objeto. Mas ele supôs que velhos hábitos custavam a morrer. Teferi era aluno de Urza antes do nascimento de Karn.

“Eu não sou uma espiã.” Jaya parecia insultada.

“Você não saberia se fosse,” Stenn disse.

“Tenho um plano para encontrar e derrotar Sheoldred,” Karn disse. “Eu lhe direi o que é assim que tivermos protegido a torre.”

Jodah esfregou as têmporas, parecendo irritado e esgotado. Karn suspeitava que teleportar todos eles havia sobrecarregado a capacidade do mago. Jodah disse: “Eu vou confiar em você. Eu deveria ter confiado antes, pra falar a verdade.”

“Eu não posso dizer que gosto da ideia de pular obstáculos para me provar a você, Karn,” Jaya disse. “Eu consigo entender por que você acha que temos que fazer isso. Mas eu não gosto disso. Meus dias de circo acabaram, e eu nunca estive tão interessada em fazer truques.”

“Precisamos encontrar a criatura phyrexiana primeiro,” Jodah disse.

“Nos dividirmos será a maneira mais eficiente de procurar a criatura,” Karn disse.

“Jaya e eu podemos ficar nos andares superiores,” Jodah disse. “Teferi e Karn podem pegar o mais baixo.”

“Isso me deixa sozinho no nível do porão.” Stenn fez uma careta. “Acho que não tem problema. É praticamente uma grande sala de caldeiras. Estou gostando cada vez menos desse plano.”

Karn conduziu Teferi pelas estreitas escadas de metal. A grade rangeu sob seus pés, projetada para acomodar uma estrutura humana leve, não uma tonelada de metal.

O corredor do terceiro andar era estreito, pedra acinzentada.

Um clique, e as lâmpadas mecânicas piscaram para uma vida tênue. “A alavanca que controla as luzes fica ao lado da porta,” disse Teferi, satisfeito.

“Ele pode ter passado nesta direção.” Karn tocou com os dedos uma trilha de sangue e lodo na parede na altura do ombro. “Vamos segui-la.”

A trilha terminava em uma porta rotulada “ARMAZENAMENTO: RESERVATÓRIOS”. Bolhas de lodo cobriam a dobradiça como se a criatura tivesse se espremido pela abertura. Teferi se agachou. Ele não a tocou, mas sua mão pairou sobre a gosma. Ele olhou para Karn. “Devemos chamar os outros?”

“Ainda não.” Karn fez uma pausa. “Não sabemos se a criatura ainda está aqui.”

Teferi abriu a porta um pouco, então parou.

Quando nada pulou pela abertura, Teferi a abriu e entrou. Karn o seguiu. Prateleiras altas de canos de cobre não utilizados apareciam de um lado. O outro lado tinha prateleiras de aço que continham caixotes de madeira cheios de engrenagens, conexões e válvulas. Karn não viu mais nenhum sinal de passagem da criatura.

Mesmo assim: “Teferi, vamos vasculhar a sala.”

As passagens apertadas entre as estantes de armazenamento foram projetadas para permitir a entrada de humanos. Karn se sentiu grande e pesado. Seus cotovelos bateram contra os canos, e ele empurrou caixas quando passou pelos corredores estreitos. Ele fez uma pausa, então se ajoelhou, abaixando-se desajeitadamente sob um cano de vapor baixo. Sangue pingava do lado de baixo de uma prateleira.

Ele traçou o fluido para cima, para sua fonte. Parecia que vários tubos estavam… sangrando? Um pedaço latejante de carne havia se grudado, como uma crosta, no cobre. Ele soltou uma gota de ácido, dissolvendo o metal, e então regurgitou uma farpa metálica de seu lado. Karn estendeu a mão para o depósito de carne e o esmagou.

“Karn, eu preciso que você venha aqui.”

Karn rastreou a voz de Teferi e encontrou Teferi parado no canto perto de uma prateleira de madeira com tubos de selante empilhados sobre ela. Teferi pressionou os dedos nos lábios e inclinou a cabeça em um gesto de “escuta”.

“Eu não gosto disso.” A voz de Jodah ecoou pelos canos, clara.

“Não gosta do quê?” disse Jaya.

Karn franziu a testa para Teferi. Teferi apontou para um respiradouro.

“De que Karn está nos fazendo procurar antes de nos contar seu plano.” Jodah parecia incomodado. “Não deveríamos conversar sobre isso juntos, resolver os detalhes como uma equipe?”

Karn traçou a abertura com o olhar. Os canos desapareceram no teto.

Apesar da objeção anterior de Jaya em pular aros, Karn ouviu sua risada baixa. “Ah, então você está dizendo que o seu jeito é o único jeito de fazer isso? Não se lembra de ninguém?”

“Jaya, não é como-”

“Continue.” A risada de Jaya soou. “Reclama um pouco mais. Isso realmente vai te ajudar.”

As vozes desapareceram.

Karn contemplou a ventilação superior. “Parece possível que o espião phyrexiano possa usar aquelas tubulações para se movimentar entre os andares.”

Teferi apontou, sem tocar, para o óleo preto no canto do respiradouro, depois para um respiradouro no chão. Karn se agachou para vê-lo. Parecia que o metal havia sido canibalizado, ou possivelmente transformado, em um globo ocular, cercado de pequenos dentes perigosos em vez de cílios. Pequenos olhos adicionais aninhados ao lado dele, abrindo e fechando. Acima, um ruído de deslizamento, então o clique de garras de metal zunindo ao longo das tubulações.

Teferi se levantou. “O que você acha que devemos fazer?”

Karn girou, procurando a fonte do ruído. Parou. Ele perdeu o som. “Ao contrário dos outros, você não parece ter problemas com a minha criação individual de um plano.”

“Urza usou você como uma ferramenta,” Teferi disse. “Eu nunca questionei isso. Eu deveria, e recentemente… Niambi me fez pensar. Eu gostaria de ter sido mais atencioso quando era mais jovem. Mais observador. E que eu tivesse tratado você melhor.”

Karn traçou um ting-ting-ting ao longo dos canos. Ele o perseguiu até o canto do depósito e então localizou uma pequena abertura no chão. O lodo e o sangue deslizavam entre as fendas de metal, grossos e coagulados. “Devemos voltar para as escadas, depois descer para o segundo andar.”

Karn conduziu Teferi de volta à escada. O metal rangeu sob seu peso, mas não se dobrou. Os parafusos que o fixavam à pedra seguraram.

As palavras de Teferi ficaram aquém de um pedido de desculpas, mas foram sinceras. Karn entendeu que o que ele estava prestes a fazer era manipulador, dada a conversa atual. Mas ele sentiu que tinha pouca escolha. “Obrigado, Teferi. Eu preciso de sua ajuda. Nem mesmo eu consigo vigiar o sílex continuamente usando o clarividente. Eu o escondi em uma caverna marinha perto da Tolária Ocidental.”

Teferi assentiu, solene. “Eu honro sua confiança em mim. Eu posso te ajudar a guardá-lo.”

Um grito reverberou escada abaixo: Jodah.

Karn inverteu o curso. Ele correu escada acima, a grade chacoalhando sob seus passos. Teferi correu atrás dele, um pouco mais lento devido às suas limitações humanas.

Karn localizou Jodah e Jaya no quarto andar de um pequeno escritório localizado fora do corredor principal. Jodah arremessou o phyrexiano parecido com uma lula de cima dele, e ele espirrou em uma parede. Jaya apertou as mãos e explodiu com chamas incandescentes – e a criatura se partiu ao meio, evitando o fogo. Cada metade brotou várias pernas multiarticuladas de suas entranhas sangrentas. Bocas famintas nasceram ao longo de sua carapaça, rodeadas de pequenos dentes afiados.

Jaya separou suas mãos, dividindo sua chama, para perseguir cada metade. A criatura se dividiu novamente, desta vez em quatro pequenas bestas barulhentas com dezenas de pernas crescendo de pedaços centrais de carne entrelaçados com cabos. As criaturas se espalharam, cada uma indo em uma direção diferente.

Arte de Justyna Dura

Karn pisou em uma que tentou passar por ele para fora da porta.

Jaya juntou as mãos, prendendo uma entre as chamas crepitantes. “Eu não as comeria,” ela disse, “mas com certeza fritam bem.”

A criatura gritou enquanto morria, um ruído agudo que diminuiu em um gemido borbulhante. Jodah reuniu mais energia branca entre as mãos, mas as outras criaturas fugiram.

Teferi chegou, ofegante, na porta, mãos erguidas – bem a tempo de ver as criaturas se espremerem pelas rachaduras na pedra, deixando para trás nada além de óleo e muco brilhantes como um sinal de sua fuga.

Os quatro olharam para o escritório destruído: os papéis fumegantes, a cadeira quebrada. Stenn chegou, pingando de suor. Ele tentou espiar ao redor de Teferi, então deu um passo para trás, curvando-se. Ele enxugou a testa contra a manga.

“Muitas escadas,” ele bufou.

“Se eles se dividirem assim,” disse Teferi, “não temos como saber quantos estão no prédio.”

Karn levantou o pé para examinar a polpa embaixo dele. “Interessante.”

“Enquanto algumas pessoas podem achar interessante lutar contra um número desconhecido de oponentes que podem atravessar paredes e atacar a qualquer momento,” Jaya disse, “eu posso pensar em uma boa centena de outras maneiras que eu gostaria de passar a noite.”

“Karn,” Jodah disse, “por favor… apenas nos diga qual é o seu plano – e a localização do Sylex.”

Teferi, com cuidado, não olhou para Karn. “Depois de todos esses anos, Karn,” Jodah disse, “você não pode confiar em nenhum de nós?”

“Não.”

“Sábio,” Stenn disse. “Se Sheoldred soubesse a localização do sílex, ela não pararia por nada até alcançá-lo. Já que qualquer um de nós poderia ser um agente adormecido, não podemos arriscar que isso se torne de conhecimento geral – e não sabemos o quão bem isso… essa coisa pode ouvir.”

“Você deve ser o mais teimoso, inflexível-” Jodah disse.

“Assim como algumas pessoas que eu conheço.” Jaya suspirou. “O mínimo que podemos fazer é desenvolver uma maneira de localizar a criatura. Não está nos fazendo bem procurá-la cegamente.”

“Temos amostras biológicas,” Karn disse.

Jodah ajoelhou-se para examinar a gosma e suspirou. “Se eu desenvolvesse um… rastreador, de algum tipo, usando esse material, ele poderia seguir organismos com tecidos semelhantes. Mas não seria um… detector phyrexiano. Só seria capaz de localizar aquela criatura e qualquer outra em que ela se dividiu.”

“Parece melhor do que nada,” Jaya disse.

Jodah olhou para Karn. “Você poderia gerar conchas de metal impenetráveis ao redor do material? Não quero correr o risco de manuseá-lo, mas precisaremos ter a matéria orgânica conosco para guiar e energizar o feitiço.”

“Sim,” Karn disse. “Você tem mais alguma orientação sobre a construção do objeto?”

Jodah considerou, então acrescentou: “Coloque uma agulha nele. Vou enfeitiçá-lo diretamente para nos guiar.”

“Como uma bússola,” Karn disse.

Jodah assentiu.

Karn criou os itens de metal de acordo com as especificações de Jodah. Ele criou cada um para ser do tamanho de uma concha, pequeno o suficiente para caber em mãos humanas, e o construiu em torno de um pedaço de carne phyrexiana. Ele os entregou a Jodah.

Enquanto Jodah os agarrava e murmurava, tecendo seus feitiços radiantes, Karn deu um passo para o lado. Em um pequeno canto entre os caixotes, ele ficou de costas para os outros e gerou um dispositivo de clarividência em miniatura, semelhante ao que ele havia feito na Praia das Ostras, mas menor. Quando terminasse, pretendia pendurá-lo na corrente em volta do pescoço ao lado do farol da Bons Ventos. Ele se lembrou de Ajani e desejava que o leonino estivesse aqui para ajudá-lo.

Uma névoa encheu a superfície cristalina do amuleto. Karn franziu a testa. Ajani — onde ele estava? O clarividente travou, então continuou. Ajani parecia estar em combate. Karn não conseguia distinguir as formas sombrias contra as quais Ajani trocava golpes, mas suspeitava que fossem phyrexianos, o que explicava a dificuldade do clarividente em se concentrar nelas. A imagem clareou, e Karn viu Ajani falando com uma jovem cavaleira capashena, uma mulher com uma postura impetuosa nos ombros.

Ele olhou as cavernas marítimas de Tolária Ocidental. Nenhum phyrexiano vasculhava a costa; a área parecia serena. Se Teferi era um espião, ele ainda não havia se reportado a Sheoldred. Karn franziu a testa.

Arte de Donato Giancola

“Karn, eu—” Jaya parou. Decepção dominou seu rosto. “O que é isso?”

Stenn olhou ao redor dela. “É, o que é isso?”

Karn o pendurou no colar. “Não é nada para se preocupar.”

“Jodah terminou seu amuleto.” Jaya entregou a ele. “Ele está quase pronto.”

Karn o inspecionou. Sua agulha localizadora balançou, oscilando entre dois pontos como se estivesse confusa.

Jodah embolsou o dele. “Vou voltar a verificar os andares superiores.”

Jaya se moveu para ir atrás dele, mas Karn ergueu a mão para detê-la. “Deixando sua amizade de longa data de lado, não acho que sua língua sarcástica tenha um efeito tranquilizador.”

“Verdade,” Jaya concedeu. “Stenn, considerando que esta criatura pode escorrer através das paredes, há áreas de manutenção que deveríamos verificar se há infestação? Espaços de rastejamento?”

“Na verdade, há sim,” Stenn disse. “Há um elaborado sistema de ventilação que permite que o ar passe pelos níveis mais baixos, caso a cidade precise se retirar para dentro da terra por razões defensivas.”

Teferi assobiou, claramente impressionado. “Eu vou com Jodah.”

“Então eu fico sozinho com o porão,” Karn disse.

“Melhor você do que eu,” Stenn disse, intensamente. “Aquela sala é desconcertante. Há tanto barulho das caldeiras que você jamais seria capaz de ouvir algo se aproximando de você.”

Karn esperou até Stenn, Jaya e Teferi saírem da sala. Ele desceu ao nível do porão, o localizador na palma da mão.

Se Jodah estivesse comprometido, será que o encantamento funcionaria?

O nível do porão consistia em um corredor curto, mas largo, cercado por canos. Ao contrário dos canos de acima, estes estavam vivos: assobiando com o vapor, os temporizadores abertos, suas válvulas vazando. As salas continham caldeiras e sistemas hidráulicos construídos com intrincada beleza feita de cobre e aço, cada rebite carinhosamente fixado e integrado com a tecnologia Thran.

“Ah, Karn!” Jodah entrou na sala das caldeiras, gritando para ser ouvido acima do barulho. Teferi o seguiu. “Estive procurando por você. Acho que preciso recalibrar os localizadores para que a agulha aponte apenas para a criatura mais próxima. Também está tendo dificuldade em diferenciar para cima e para baixo. Se você pudesse…”

Jaya e Stenn abriram a porta.

“Exatamente quem eu estava procurando,” Jaya disse. “Essa coisa que você fez não está funcionando, Jodah. É inútil. Continua apontando, depois se movendo, como se não conseguisse se decidir.”

Mas Jodah a encarou. “Você está sangrando?”

Jaya agarrou seu braço. Seus olhos se estreitaram. “Nunca viu um ferimento na carne antes?”

“Por que você não nos contou?” Jodah perguntou. Ele olhou para Karn, intensamente.

Karn entregou a Jodah seu localizador.

“Por que eu deveria? Eu não tenho cinco anos de idade.” Jaya parecia insultada. “É apenas um arranhão.”

“Não foi o que eu quis dizer.” Jodah esticou os dedos sobre o localizador, puxando uma rede de feitiços do dispositivo e ajustando-a. Ele sacudiu os dedos para baixo, e o feitiço voltou para o metal. Jodah devolveu o localizador a Karn. “E se óleo brilhante entrou em você?”

“Não entrou,” Jaya disse, gelada.

“Se isso é verdade,” Jodah disse “então por que esconder?”

“Eu não estava escondendo,” Jaya disse Jaya. “Só não era importante.”

Nos andares de cima, um barulho — depois um estrondo. Parecia que algo havia derrubado uma das prateleiras de canos. Karn calculou que várias dúzias de tubos deveriam estar rolando no chão para criar tal barulho. “Deve estar lá em cima. Teferi, Stenn, vocês investigam com Jaya.”

Teferi assentiu, seu rosto solene e seus olhos em Jaya. Talvez ele pensasse que Karn pretendia que ele visse Jaya, devido ao ferimento dela. Karn não achava que o óleo brilhante pudesse infectar tão rapidamente, e ainda assim… como ele poderia ter certeza?

Jodah entregou um localizador para Karn. “Você poderia mudar a agulha para ela se apoiar em um rolamento? Ou, pelo menos, algo que possa girar? Acho que ela deveria ser capaz de apontar para cima e para baixo, mas também em movimento circular.”

Karn assentiu e começou a trabalhar para alterar os mecanismos. Jodah se inclinou sobre os localizadores. Ele passou as mãos sobre eles, usando os feitiços para que pairassem no ar em delicadas redes mágicas brilhantes. Ele mexeu, alterando como os vértices e as cores se conectavam.

Normalmente Karn gostava de trabalhar perto de alguém em uma tarefa mecânica. Era tranquilo. Mas não era assim com Jodah.

Jodah se inclinou sobre os calcanhares e afastou o cabelo desgrenhado do rosto. Ele tinha uma expressão triste, sua eterna característica em desacordo com sua aparente juventude. “Você parecia… diferente desde seu retorno de Nova Phyrexia.”

Quando Karn voltou e descobriu que Jodah e Jhoira estavam envolvidos enquanto ele esteve fora, ele ficou… surpreso. E desconfortável. Mesmo que o relacionamento de Jodah e Jhoira não tivesse continuado, seus efeitos posteriores continuaram. Karn considerou responder com mais tato, mas quem sabe o que um momento de honestidade poderia revelar aqui? “Recentemente, o jeito que você oferece conselhos me lembra de Urza.”

“Ah, e eu, o mago ancestral, sábio e poderoso… posso ter ficado arrogante ao longo das eras.” Jodah pressionou as mãos nos feitiços, empurrando a magia de volta para o metal. “Jhoira te vê como vulnerável. Isso me faz sentir como se eu tivesse que cuidar de você, pelo bem dela.”

As agulhas no localizador estremeceram. Cada uma balançava descontroladamente, girando em direções diferentes.

“Eu preferiria ser seu aliado nesta empreitada,” Karn disse.

“Aliados confiam um no outro,” Jodah disse.

Karn fingiu hesitar. Ele assentiu, lentamente. “Se você estivesse comprometido, eu não acredito que você seria tão óbvio em sua raiva e impaciência. O sílex está localizado em um armazém em Estark.”

Jodah riu disso. “Bem. Obrigado por isso, eu acho.”

As agulhas apontavam em direções diferentes. Todas as direções.

Jodah olhou para os localizadores, consternado. “Como eu poderia errar duas vezes?”

“Você não errou,” Karn disse.

As paredes se agitaram com um movimento súbito.

Criaturas se atiraram em Karn e Jodah, cabos estendidos e bocas mordendo. Jodah tentou preparar sua magia, mas a luz ao redor de suas mãos estava fraca, piscando. Ele se exauriu ao transportá-los para a torre, depois novamente ao criar os localizadores.

Mais meia dúzia de criaturas se lançaram sobre Jodah, úmidas e esvoaçantes. Karn ajustou sua postura para defender Jodah. Ele pegou uma criatura do ar e a rasgou ao meio. Ele a atirou sobre as outras criaturas. Ele pegou outra do ar. Mas havia muitas – algumas conseguiram passar.

Jodah queimou uma com uma explosão de luz fraca, depois caiu de joelhos exausto. Criaturas começaram a subir por seu corpo, suas bocas sondadoras procurando por sua pele. Mesmo que os instintos de Karn gritassem para ele observar as paredes, ele se virou para Jodah. Ele removeu as criaturas, arrancando tentáculos grudados no processo, e as jogou de lado. Os tentáculos desconectados se prenderam a Jodah em coágulos. Os pedaços começaram a criar bocas sugadoras.

Chamas rugiram por toda a sala. O rugido ensurdeceu Karn. Calor correu pelo quarto, esterilizando-o, e derramou sobre seu corpo em camadas. Era agradável, quente e delicado. As chamas avançaram e lamberam Jodah, suavemente. As criaturas alojadas em seu corpo borbulharam.

Karn estendeu a mão e desta vez foi capaz de remover as criaturas restantes, uma de cada vez. Os membros caíram livres. Ele puxou o resto do corpo de bruços de Jodah, então se virou para sua salvadora: Jaya. Seu fogo centrava-se ao redor dela, incandescente, e iluminava seu rosto. Sua luz dava relevo às rugas em sua pele, e o calor que ondulava no ar fez com que seus cabelos brancos se agitassem ao redor dela. Seus olhos refletiam a luz do fogo. Ela sorriu, seus lábios apertados.

Stenn correu para o quarto. A explosão de Jaya o envolveu, sem tocá-lo, mas repelindo seus atacantes phyrexianos. Ele apunhalou uma pequena criatura que deslizava pelo chão, prendendo-a. Ela se contorceu, pernas estendidas e se contorcendo, e ele usou uma adaga para dividi-la ao meio.

“Ele está bem?” Jaya acenou para Jodah.

“Sim,” Karn disse. “A boa notícia é que parece que os localizadores estão funcionando corretamente.”

Karn olhou para os localizadores. Eles apontavam para cima, mas suas agulhas não tremeram de tensão como nos momentos anteriores ao ataque. Ele pegou seu localizador, então virou-se para as paredes para ver como as criaturas phyrexianas haviam se aproximado deles. Ele não conseguiu encontrar pistas de como tantos se aproximaram sem serem detectados. Dentro das paredes, a tecnologia Thran brilhava dourada. Provavelmente se conectava à pedra de energia e acionava o sistema hidráulico.

“Que alívio.” A risada de Jodah se transformou em tosse.

“Onde está Teferi?” Stenn perguntou. “Supõe-se que ele teria ouvido a comoção.”

O silêncio transformou-se em desconforto. E se esse ataque em massa tivesse sido apenas uma distração para que Teferi pudesse tentar transmitir a localização do sílex para os phyrexianos? E se os phyrexianos estivessem vasculhando Tolária Ociental neste momento, devastando a costa? Karn desejou olhar em seu clarividente, mas não ousou revelar essa vantagem.

“Eu vou procurá-lo,” Jaya disse.

Karn moveu-se para se juntar a ela, colocando-se ao seu lado. Talvez ele tivesse a oportunidade de examinar seu clarividente. “Eu também.”

Stenn se agachou perto de Jodah. “Eu vou ficar aqui. Ele… não parece tão bem.”

Jodah acenou para Stenn, fracamente. “Preciso de um minuto para recuperar minhas forças. Podem continuar. Se Teferi estiver sozinho e sofrer um ataque como o que acabamos de sofrer, os resultados podem ser terríveis. Ele pode ser completado. Ou morto.”

“E você está muito fraco para lutar contra um segundo ataque sozinho,” Stenn disse, razoavelmente.

“Você é muito orgulhoso, velho,” Jaya disse. “Aprenda a aceitar ajuda.”

Pela forma como o rosto de Jodah se contraiu, Karn supôs que esta era uma velha discussão entre ele e Jaya, uma que ele não tinha conhecimento. Jaya acenou para Karn se aproximar dela, e os dois saíram do porão, voltando para a escadaria barulhenta. Subiram em silêncio. Os passos de Karn, apesar de seu cuidado, pareciam altos, metal contra metal. Jaya subiu alegremente como um gato.

“Sua magia é extremamente eficaz contra as criaturas phyrexianas,” Karn disse.

Embora Karn não pudesse ver o rosto de Jaya, ele podia ouvir o sorriso em sua voz. “Devo dizer, piromania controlada é a melhor parte de ser um mago do fogo. Você tem uma sensação do que queima.”

“Seu fogo parece esterilizá-los,” Karn disse. “Como se fosse desfavorável.”

Jaya ergueu a mão, gesticulando pedindo silêncio. Karn ficou imóvel. Os ombros de Jaya ficaram tensos. Ele não conseguia ouvir nada. Jaya balançou a cabeça e continuou subindo.

“Não posso acreditar que alguém com tal magia seja um espião phyrexiano,” Karn disse, embora pudesse, na verdade, acreditar. Um phyrexiano seria capaz de qualquer subterfúgio. “Você matou mais dessas criaturas do que o resto de nós juntos. Se algo acontecer comigo, alguém deve saber onde está o sílex, para que possa ser utilizado.”

“Você finalmente decidiu que podia confiar em mim?” Jaya riu. “Fico lisonjeado.”

“Sim,” Karn disse. “Está escondido em Suq’Ata.”

Jaya não parou. “Já era hora de você me dizer isso. Manter a localização do sílex em uma mente é perigoso. Com a centelha de Venser ou não, ninguém é invulnerável. Nem mesmo você.”

Ela tinha um ponto.

Nos andares superiores, Teferi gritou, e os dois saíram correndo. Eles encontraram Teferi preso ao chão por uma monstruosidade phyrexiana que pairava sobre ele como uma aranha faminta. Sangue encharcava suas roupas, de um corte em seu estômago.

Karn arrancou a criatura do corpo de Teferi – mesmo que suas garras, enganchadas em sua carne, levassem músculos com ela. Ele a jogou contra a parede, pulverizando-a.

Jaya correu para o quarto. “Abaixe-se!”

Karn girou e curvou seu corpo sobre Teferi para protegê-lo.

Jaya banhou o quarto em fogo. Monstruosidades phyrexianas – dezenas delas, muitas – guincharam em agonia. Os gritos morreram em um borbulhar desesperado, em gemidos, depois em silêncio. As chamas assaram as costas de Karn, queimando o sangue e as tripas sobre seu corpo de metal.

“Pronto,” Jaya disse.

Karn se levantou.

“Karn, obrigado. Teferi deu um tapinha no topo da cabeça e percebeu seu cabelo intacto.

Jodah, com o braço pendurado no pescoço de Stenn, juntou-se a eles. Jodah parecia esgotado. Ele examinou os escombros na sala, que já foi um escritório, cheio de armários.

“Isso envolve muito, muito mais do que uma criatura,” Jodah disse.

“Você tem razão.” Stenn escapou de debaixo do braço de Jodah. “Nós usamos muita tecnologia Thran em Argivia, e parece que os phyrexianos… a cooptaram de alguma forma. Integraram-se nela. Os tentáculos da coisa se espalharam por toda a torre de vigia.”

Karn examinou a ferida de Teferi. Ele precisava de cuidados médicos. “Talvez devamos considerar baixar a barreira para conseguir um médico para Teferi. Ele está gravemente ferido.”

“Você garantiu que estamos todos seguros?” perguntou Teferi.

“Ele pode se dar ao luxo?” Jodah disse. “Ele poderia esperar. Ele poderia duvidar de si mesmo para sempre. Ele poderia testar todos nós milhares de vezes. Como ele poderia saber? Como alguém poderia?”

Jaya disse, “Eu acho que devemos erradicar qualquer phyrexiano dentro da torre antes de baixar a barreira. Se essa criatura se integrou tão facilmente em uma única torre, o que ela poderia fazer com uma cidade?”

“O que você acha que devemos fazer?” Stenn perguntou.

“Vá para a pedra de energia,” Jaya disse. “Vamos acabar com isso. Na fonte.”

Teferi fez uma careta. “Se alguém puder me levar até lá, estou disposto a seguir o plano de Jaya. Podemos tentar.”

“Eu posso te carregar,” Karn disse.

Teferi deu-lhe um longo olhar, então suspirou.

“Está decidido,” Jodah disse.

Jaya gargalhou. “Ah, você esperou a noite toda para ser quem ia dizer isso, não é?”

Jodah ainda tinha energia suficiente para parecer irritado. Karn balançou a cabeça àquele dialogo e se ajoelhou para levantar Teferi – com cuidado.

Na câmara mais alta, o brilho da pedra de energia dominava o espaço claustrofóbico, brilhando diretamente no painel de controle do pedestal central e enchendo a pequena sala circular com sua fraca luz amarela. As janelas curvadas que circundavam a sala ainda estavam bem fechadas com aço. Karn desejou poder abrir uma e sentir o ar frio da noite em seu corpo. Ele encontrou um painel de acesso de metal e abriu. A pedra de energia parecia integrada a um ninho de fios que, sem dúvida, se conectava ao sistema de bloqueio, à sala das caldeiras, às aberturas e a tudo mais na torre. Stenn se pressionou contra o painel para olhar. “É pior do que eu pensava.”

Karn olhou para Stenn. Ele havia dito a cada planinauta uma localização falsa para o sílex, mas ainda não havia testado Stenn. Ele falou, baixo o suficiente para que os outros não ouvissem. “Eu preciso confidenciar a localização do sílex. Se eu estiver danificado e não puder alcançá-lo, o conhecimento não pode ser perdido.”

“Entendo,” Stenn disse, solene. Ele não parecia nada perturbado. Seu foco estava nos fios nas paredes.

“Se isso acontecer,” Karn disse, “você deve determinar em qual dos planinautas você pode confiar para que o sílex possa ser levado a Nova Phyrexia para destruir o cerne dos phyrexianos. Hesito em pedir isso, pois envolveria pedir a um planinauta que se sacrifique para reparar meu erro…”

“Seria uma imensa responsabilidade,” Stenn disse.

Karn fingiu relutância, depois falou. “Eu o escondi nas ruínas de Trokair, em Sarpadia.”

“Isso é tudo que eu precisava,” Stenn disse. Sua voz, um assobio repentino, soou terrivelmente familiar.

Stenn tirou as vestes dos ombros. Cortes de cirurgia, anteriormente invisíveis, profundos em sua pele. Os botões de sua camisa se soltaram enquanto seu peito parecia inchar e inchar – até estourar, abrindo-se como uma borboleta, as costelas abertas. Fios de ferro jorraram da cavidade de seu torso em vez de intestinos, escorrendo muco e sangue. Seu rosto, diante de todo esse horror, parecia em êxtase – como se ele finalmente tivesse encontrado seu propósito e o cumprido. Ele levantou a cabeça, seus olhos focados para cima, seus lábios se movendo como em oração. Garras parecidas com mãos emergiram de seus olhos e alcançaram seu crânio, para agarrá-lo. Seus intestinos metálicos deslizaram pelo chão, prendendo-se na pedra de energia Thran, e seu corpo inteiro enrijeceu. A luz da pedra de energia pulsava, depois escurecia, enquanto Stenn consumia sua energia. Sua boca se abriu, congelada em um sussurro sem voz.

Ele havia convertido seu corpo inteiro em uma antena, Karn percebeu, e transmitiu seu conhecimento duramente conquistado para Sheoldred, confiando a ela a localização do sílex.

Sua falsa localização.

“Parem-no,” Teferi grunhiu. Ele agarrou seu ferimento no intestino, e seus olhos brilharam com raiva. “Não deixe ele-”

Jaya se lançou para frente, suas mãos estendidas. O fogo ardia.

Stenn não lhe deu nem um olhar. Seus fios ensanguentados se ergueram do chão, detritos grudados no sangue, e se enrolaram em torno dela como sucuris, amarrando suas mãos e prendendo-as ao lado do corpo. Jaya, incapaz de usar sua magia sem se queimar, lutou contra Stenn para libertar suas mãos. Mas ela não conseguia respirar. Seu rosto ficou azul.

Karn correu na direção dela. Quanto mais rápido ele rasgava as fibras de seu corpo, mais ela se contorcia. Pequenas linhas apertadas se enrolaram entre seus dedos, desafiando-o. Os olhos de Jaya pareciam arregalados, em pânico.

Teferi sentou-se e preparou sua magia, mas seu feitiço, lançado em um estado tão enfraquecido, fez pouco mais do que piscar em uma névoa azul nebulosa antes de desaparecer. Teferi gemeu e caiu de volta no chão. O sangue que encharcava suas vestes ficou mais escuro enquanto percorria o tecido. Jodah correu para o lado de Teferi, murmurando um feitiço de cura baixinho.

“Temos que sair daqui!” Jodah gritou.

Karn concordou. O painel de controle tinha um layout simples. Ele inseriu a chave que Stenn lhe dera no pedestal. Ele abriu uma tampa de metal, então girou a alavanca. As venezianas de aço sacudiram para cima, a corrente dentro das paredes chacoalhou e as engrenagens rangeram. O ar frio da noite entrou na torre. Mas junto com aquele ar fresco vieram ruídos: balbucios e gritos, vindos da cidade abaixo.

Karn não conseguiu libertar Jaya dos cabos que se contorciam ao redor dela, então se virou. Ele desmembrou Stenn — não, não Stenn, o phyrexiano que havia matado Stenn, que o havia completado e tomado seu lugar — com eficiência. Ele tentou não pensar em suas ações: ele arrancou os ossos das cavidades e jogou os pedaços de lado, tão facilmente quanto desmembrar uma galinha em um banquete.

Jaya inspirou, sua respiração uma rouquidão que atravessou a escuridão, e então explodiu o não-Stenn com uma labareda de chama escarlate. A chama escorreu sobre Karn e chiou na carne do não-Stenn, fritando seus componentes orgânicos.

O phyrexiano caiu no chão, um amontoado de metal enegrecido e partes orgânicas crocantes. Jodah olhou para Jaya. Suas mãos estavam estendidas sobre o estômago de Teferi. “Estou exausto demais para curá-lo. Posso evitar que ele sangre, mas é só isso. Precisamos de ajuda.”

“É hora de chamar a Bons Ventos,” Karn disse.

“Por que não esperamos mais alguns minutos? Até que as coisas estejam realmente desesperadas?” Jaya disse.

Karn abriu o amuleto de invocação como um medalhão. Ele girou o botão interno.

A voz de Shanna, calma e metálica, soou. “O que foi, Ajani?”

“Aqui é Karn. Jodah, Teferi, Jaya e eu precisamos ser transportados em segurança. Teferi está ferido.”

Houve uma pausa do outro lado. “Sua localização?”

“Argivia. Na torre de vigia. Sob ataque de phyrexianos.”

“Phyrexianos?” Karn podia ouvir a Bons Ventos rangendo ao vento. Quando ela voltou a falar, sua voz soava calma e determinada: “Você está com sorte — não estamos longe. Se os ventos nos favorecerem, logo estaremos ai.”

“Entendido.”

“Vejo você em breve. Shanna desligando.”

Os ruídos phyrexianos pareciam estar se aproximando; ecoando pelas aberturas, entre as paredes, guinchos e gorgolejos pontuavam cliques mecânicos e farfalhares carnudos. A torre inteira estava infestada – talvez até a cidade inteira. Stenn havia supervisionado a erradicação dos agentes phyrexianos em Argivia. Era justo supor que ele tinha feito exatamente o oposto.

“Teferi está muito ferido para se mover. Devemos aguentar até Shanna chegar,” disse Karn. “Jaya, você parece estar na melhor forma entre nós. Você lidera. Vou assumir uma posição central enquanto defendo Teferi. Jodah, vigie a retaguarda.”

Jodah abriu a boca. Jaya acendeu duas bolas de fogo em suas mãos. Ela as avaliou e ergueu as sobrancelhas para Jodah. Jodah, envergonhado, fechou a boca.

Um momento depois ele falou, suavemente: “Eu ia dizer que este é um excelente plano.”

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