Mtg Lore

Compêndio da Lore de Magic the Gathering

EPISÓDIO 01: COMEÇAM AS AULAS!

Nos corredores aparentemente intermináveis do Biblioplexo, onde o conhecimento arcano de incontáveis mundos preenchia as prateleiras que viram a ascensão e queda de impérios, parecia que o único som em todo o plano de Arcavios era o toc, toc do salto na pedra. Professora Ônix, como era conhecida aqui, respirou fundo enquanto caminhava, inalando o cheiro de papel velho e o ozônio familiar que parecia sempre acompanhar a magia. Ela precisava de uma pausa após mais uma reunião insuportável. Apesar de toda a sabedoria e aprendizado neste lugar, ele era povoado por alguns indivíduos notavelmente estúpidos.

Professora Ônix | Arte de Kieran Yanner

O caso em questão: apesar de seu considerável renome em todo o Multiverso, os outros professores de Strixhaven não reconheceram Liliana Vess quando ela se apresentou com um nome totalmente diferente. Isso não a surpreendeu. A escola sempre fora daquele jeito, desde quando ela fora aluna há tantos anos; sempre envolvida em seus próprios pequenos problemas.

Havia algo tranquilizador sobre o peso de todos aqueles livros, tomos e pergaminhos ao redor dela. Eles pareciam envolver o lugar em uma espécie de silêncio. Quando os alunos chegassem, o campus não ficaria tão silencioso – mas agora, ela saboreou a sensação de solitude enquanto vagava pelas pilhas.

Um farfalhar soou à frente. Com uma pontada de aborrecimento, Liliana imaginou aquele Codex infinitamente tagarelante; provavelmente dobraria a esquina a qualquer momento. Assim que ela virou na próxima curva, porém, não foi o livro magicamente animado da escola que ela viu nas pilhas.

O que você está fazendo?” ela disse.

A forma congelou, sua mão tentando alcançar outro livro para acrescentar à pilha a seus pés.

Liliana deu um passo à frente. “Alunos não devem chegar até o próximo—”

As palavras sumiram quando um raio de luz arroxeada voou da mão da figura. Ele roçou seu braço, e de repente a sala pareceu distorcer e balançar enquanto uma sensação nauseante se espalhava por seu corpo. Com um gesto de sua força de vontade, ela isolou os efeitos do feitiço, depois o reprimiu. Trabalho de amador, sim – mas nenhuma das cinco escolas de Strixhaven ensinava magia daquela natureza.

Então,” ela disse, uma corrente rodopiante de energia mortal envolvendo sua mão enquanto invocava sua própria magia, “você não está aqui apenas para as aulas de verão, eu suponho.”

A figura estava mascarada, ela podia ver agora – o espaço onde os olhos deveriam estar estavam cobertos apenas com metal liso e plano. Ela tinha ouvido falar dos Oriq, é claro. A escola estava cheia de sussurros preocupados sobre a sociedade secreta de magos, aqueles obcecados por magias proibidas e poder a qualquer custo. Ela não esperava ver um tão cedo, no entanto. “Eu sei o que você é,” ela disse.

O intruso olhou para o corredor, depois de volta para Liliana. “Então você sabe que seus dias estão contados.”

Professora Ônix?” Uma voz vagamente familiar chamou de um dos corredores próximos. Liliana girou na direção do som, a mão carregada pelo feitiço erguida. Decana Shaile Talonrook estava no final do corredor, carrancuda. “Você está bem?”

Quando ela se voltou, o intruso havia sumido. Apenas a pilha de livros e pergaminhos no chão mostrava que ele tinha estado lá.

Liliana se recompôs, deixando a magia se dissipar. Não era hora de chamar mais atenção para si. “Sim, eu só… pensei ter visto algo nas pilhas. O corpo docente já mudou para o próximo tópico?”

Decana Talonrook estalou o bico, seus enormes olhos escuros cheios de aborrecimento. “Decane Nassari está insistindo em prolongar a temporada da Torre dos Magos este ano.”

Liliana franziu a testa ao tocar o braço onde o feitiço a havia tocado. Seguindo a decana Talonrook de volta ao Salão das Oráculos, ela olhou para os livros. “Certamente temos problemas maiores do que a Torre dos Magos.”

Certamente, certamente!” murmurou Decana Talonrook. Liliana quase não ouviu mais nada do que ela disse.

Em seus aposentos em Kylem, Will Kenrith olhava impotente para a enorme pilha de livros em sua cama. Ele estava tentando escolher qual trazer com ele; a princípio, parecia certo que o tomo sobre a Profecia Derretida era a melhor aposta, mas então ele se lembrou de seu texto histórico favorito, o relato de Thadus, o Curandeiro. Já havia se passado uma hora e ele não estava perto de se decidir. Ele passou a mão pelo curto cabelo loiro e olhou ao redor da sala, seus olhos se fixando no cartão em forma de coruja brilhante na mesa antes de balançar a cabeça. Não havia como saber quanto tempo levaria até que eles retornassem a Kylem. Se é que voltariam.

A porta da frente se abriu, assustando Will, e Rowan Kenrith entrou altivamente.

A irmã de Will era tão alta quanto ele, o cabelo dourado escorrendo pela capa vermelha jogada por cima do ombro. Ela franziu a testa para Will, seu olhar passando rapidamente para os livros ainda espalhados na frente dele. “Como você ainda não está pronto?”

Só… mais um minuto,” ele disse. A Profecia Derretida. Definitivamente a Profecia Derretida.

Rowan pegou o convite na mesa do outro lado da sala. Faíscas douradas flutuaram dele, o cartão em forma de coruja brilhando levemente em sua mão. “Você teve duas semanas, Will. Precisamos ir.”

As histórias dizem que Strixhaven existe há milênios. Tenho certeza de que pode esperar mais alguns minutos por nós.” Ele olhou de volta para a pilha. Como ele poderia viver sem o relato de Thadus? “Ou, provavelmente, horas.”

Rowan respirou fundo. “Provavelmente Kasmina está esperando por nós nesse momento.”

Will suspirou. Kasmina. A mulher havia falado muito sobre todas as coisas que Strixhaven tinha a oferecer. Mas o convite dela veio do nada, chegando apenas alguns dias depois de Garruk ter ficado satisfeito o suficiente com a segurança deles para deixá-los sozinhos. Eles não tinham passado tanto tempo com ela em Kylem, mas agora eles deveriam ir para um mundo inteiramente novo confiando apenas na palavra dela? Will voltou para seus livros. “Tenho certeza que ela vai ficar bem.”

Estamos de saída.”

Sim, eu sei. Hoje, com certeza. Eu só preciso—”

Não, Will.” Rowan amassou o convite em sua mão. “Agora.”

Will começou a falar, mas uma luz explodiu pela sala, tentáculos de sombras girando no ar. Ele apertou os olhos enquanto eles se espalhavam para cercar sua irmã. Atrás dela, pontos de um céu azul brilhante brilhavam em uma teia de folhas verdes verdejantes.

Rowan sorriu e acenou enquanto entrava na luz e desaparecia.

Will cerrou a mandíbula, lutando contra o puxão em seu interior. Mas sua conexão com sua irmã era muito forte. Logo os mesmos tentáculos de luz e sombra irromperam ao redor dele, envolvendo a cama com seu brilho etéreo. Desesperado, ele agarrou as Memórias de Thadus, o Curandeiro, antes que a luz pudesse puxá-lo para um novo plano. Tudo ao seu redor, então, era luz, cor e som diferentes de tudo em Kylem. Ele estava atravessando o nada, o tudo.

A primeira coisa que Will ouviu, para onde quer que Rowan os tivesse levado, foi um grito agudo. Estava vindo de um borrão de penas e garras – um borrão que estava indo direto na direção dele. Will gritou, erguendo as Memórias como escudo. O pássaro cortou o ar pouco antes do impacto, girando em um amplo arco no alto.

Eles estavam em uma clareira, cercados por árvores anãs de aparência gentil. Na beirada estava uma figura familiar carregando um cajado torto. Um momento depois, o pássaro caiu do céu e pousou no ombro da mulher.

Olá, Will. Rowan.” Um raio de luz solar brilhou sobre ela, deixando seu cabelo vermelho em chamas. Kasmina deu um pequeno sorriso, acenando com a cabeça para ele. “Vejo que vocês dois conseguiram. E bem na hora. As aulas começarão em breve.”

Will olhou em volta. Ele não conseguia ver nada além da natureza. “Então, err… A escola fica perto, então?”

Isso mesmo.” Kasmina se virou e deu um passo em direção à beirada da clareira. “Um pouco além da floresta. Veremos a primeira tocha em breve.”

A primeira tocha? Will se perguntou o que poderia ser aquilo.

Então, como é esse lugar?” perguntou Rowan, saindo do lado de Will para segui-la. “Existem outros como nós? Pessoas que podem se mover entre os mundos?”

É um campus muito grande,” Kasmina disse. “Tenho certeza de que há outros de planos diferentes. Você vem, Will?”

Will cerrou a mandíbula e marchou atrás delas.

Havia, como Kasmina havia dito, uma tocha. O que ela não disse foi que era enorme – mais como uma torre, na verdade. A coluna de prata erguia-se bem acima das árvores, perfurando o céu azul brilhante. Mesmo do chão, Will podia ver a chama dançante no topo da estrutura, sua luz rivalizando com a dos dois sóis que brilhavam acima dela. Quando chegaram à base, Will passou a mão no metal liso. “Como eles mantêm esta coisa acesa?”

Como a maioria das coisas em Arcavios,” Kasmina disse. “Com magia.”

Will olhou para a mulher, incomodado. “Este é o seu mundo natal?”

Estou na universidade há muito tempo, mas não.” Kasmina olhou para o horizonte. “A próxima tocha deve estar naquela direção.”

Will olhou na mesma direção, mas tudo o que podia ver eram os campos verdes se estendendo diante deles, interrompidos apenas por uma trilha.

Se há mais tochas, você terá tempo para admirá-las mais tarde, Will. Vamos,” disse Rowan, correndo na frente.

Rowan, vá mais devagar,” disse Will. “Não sabemos quem ou o quê pode estar aqui.”

Exatamente!” ela disse, rindo.

Eles caminharam alguns quilômetros antes de chegarem à próxima tocha. Will se perguntou quantas delas haveria neste plano – e em quais outras terras estranhas elas poderiam se erguer.

Os Textos de Stormwright eram muito mais completos,” Kasmina disse, vagarosamente.

Will ficou tenso com a aproximação de Kasmina. Ele franziu a testa, então seguiu seu olhar para o livro ao seu lado. Ele deslizou a mão sobre ele, a capa gasta dando-lhe uma sensação de segurança. “Nunca ouvi falar desse.”

Bem, você pode sempre consultá-lo no Biblioplexo, assim que chegarmos a Strixhaven.”

Aonde?” Rowan perguntou.

No Biblioplexo,” respondeu Kasmina. “Lar da mais extensa coleção de conhecimentos sobre magia em qualquer plano, de qualquer lugar.”

Ah,” Rowan disse, sem se preocupar em esconder sua decepção. “Mais livros. Quem se importa?”

Você está brincando?” Will exclamou. “Podemos aprender qualquer coisa! Tudo! Temos que acelerar o ritmo!”

Rowan revirou os olhos. “Agora quem precisa ir mais devagar, hein? Você não disse que poderia haver bestas lá fora?”

Minha coruja me alertaria sobre qualquer perigo que se aproximasse,” disse Kasmina. “Vocês não têm nada a temer.”

Will olhou para a ave. Ela flexionou suas asas brancas enquanto a luz dos sóis refletia em seus olhos redondos. Em um movimento hesitante, ela virou a cabeça para olhar diretamente para ele. Will franziu a testa. “O que tem de errado com ela?”

Kasmina olhou para cima. “Absolutamente nada. Embora ela esteja ficando um pouco velhinha.”

Eles caminharam o resto da estrada em silêncio, com Will lançando olhares furtivos para a coruja e sua dona. Mas o pássaro sempre parecia saber quando ele estava olhando e o encarava de volta até que Will não conseguisse evitar. Ele notou a mudança da paisagem conforme eles se moviam, avistando uma cadeia de montanhas cinza-avermelhadas à distância.

Finalmente, Kasmina quebrou o silêncio ao passar por outra tocha. “Bem-vindos a Strixhaven.”

Quando o trio alcançou o topo da crista, Will ficou embasbacado com a visão diante dele. O campus se estendia no horizonte, um intrincado emaranhado de torres brilhantes e telhados achatados. Um arco maciço de pedras recortadas flutuava sobre o que deveria ter sido o centro da instituição, as pontas de cada pedra apontando para o solo liso e plano, como se uma lâmina gigante tivesse cortado o chão.

Will se aproximou de Rowan. “Isto é…”

Maior que nosso castelo,” Rowan disse, sua voz baixa.

Aquela era uma maneira de dizer. A extensão de Strixhaven era maior do que todos os cinco castelos de Eldraine juntos. No centro, um enorme edifício se erguia acima do resto. A luz do sol brilhava em seus arcos pontiagudos enquanto grandes orbes flutuavam sobre os edifícios mais baixos.

Aquele é o Biblioplexo,” Kasmina disse, parando ao lado deles. Will assentiu distraidamente, ainda sem palavras enquanto olhava para o campus.

Rowan soltou uma risada curta, sacudindo-o de seu devaneio. “Isso vai ser bom.”

Will sorriu enquanto seguia sua irmã em direção aos portões iminentes. Eles eram enormes o suficiente para parecerem próximos, embora provavelmente levasse mais uma hora de caminhada para chegar até lá.

Ele só deu alguns passos quando percebeu abruptamente que Kasmina não estava os seguindo. Ele e Rowan se viraram e olharam para trás, curiosos. “Você não vem?”

Arte de Brian Valeza

Ah, não,” Kasmina disse, balançando a cabeça. Ela olhou para sua coruja e o pássaro disparou, voando em direção ao Biblioplexo. “Tenho outros assuntos a tratar. Procure uma corujim chamada Mavinda Bico Afiado. Ela os ajudará a se instalarem.”

Ah.” Rowan pigarreou. “Bem, uh, obrigada, então.”

Will fez uma reverência. “Isso. Obrigado por nos trazer aqui.”

Não há necessidade de tal formalidade,” Kasmina disse, sorrindo. “Mas vocês são muito bem-vindos.”

Will se endireitou e olhou para a mulher mais uma vez antes de se juntar a sua irmã. “Rowan,” ele sussurrou. “O que você acha que é uma ‘corujim’?”

Do outro lado dos portões, o campus fervilhava de atividade enquanto as pessoas se apressavam ao longo dos largos caminhos de pedra de Strixhaven. Alguns dos alunos mais jovens usavam uniformes idênticos, suas capas cinzas esvoaçando atrás deles enquanto se apressavam. Os mais velhos usavam roupas exclusivas e se moviam em grupos, como cores que ficam sempre juntas.

Penas e babados vermelhos e azuis contrastavam fortemente com os ângulos e espirais dos casacos e polainas pretos e brancos. Sobretudos verdes e pretos e botas pesadas pareciam o completo oposto dos elegantes e estreitos coletes vermelhos e brancos e golas altas. Will girou nos calcanhares, observando o caleidoscópio de cores e formas em movimento.

Ela é estranha, não é?” disse Rowan, distraidamente. Ela não parecia tão impressionada com o espetáculo ao redor deles – se fosse para dizer algo, ela parecia perdida em pensamentos.

Quem?”

Kasmina. Ela e aquela coruja.” Ela encolheu os ombros. “Acho que não importa mais. Ela nos trouxe até aqui, não é?”

Antes que Will pudesse formar uma resposta, gritos ecoaram de dentro do campus. Em um instante, Rowan já tinha saído, correndo em direção às vozes.

Ei!” chamou Will, seguindo atrás dela. “Espere!”

Arte de Manuel Castañon

Eles contornaram uma esquina e derraparam até parar na entrada de um pátio menor. Lá dentro, uma multidão assistia a dois grupos de alunos lançarem feitiços em um campo gramado, os raios de luz e cores disparando e espiralando no ar enquanto erravam seus alvos por pouco. Um feitiço atingiu uma garota de vermelho e azul e ela começou a flutuar, mexendo as pernas desamparadamente e agitando os braços. Risos e aplausos surgiram da multidão.

Will olhou horrorizado. “Eu pensei que isso era uma escola. Isso é—”

Brilhante!” Rowan concluiu, sorrindo. Ela puxou a manga de uma estudante próximo, uma jovem dríade vestida de preto e verde. “Quem está ganhando?”

Até agora, a Prismari parece estar em vantagem,” disse a aluna. “Mas eu não ficaria muito confortável se fosse eles. Esses Platinopenas podem ser muito astutos.”

Batalha sanguinária, no meio do campus?” Will gaguejou.

A dríade franziu a testa. “Isto é apenas um duelo. Ninguém vai realmente se machucar. Não muito, pelo menos.”

Ok, chega disso,” Will disse, tentando soar enérgico. “Rowan, vamos. Precisamos falar com – bem, algum tipo de administrador. Um professor, talvez. Há aulas para assistir e, certamente, livros que precisamos adquirir, e—”

Rowan deu um passo à frente, ignorando-o completamente. No campo, um estudante fixou os olhos em um dos Prismari em vermelho e azul. Suas mãos estavam levantadas e seus lábios se moviam enquanto ele falava em um tom baixo e focado. Entre seus dedos, espirais de tinta preta começaram a se formar.

Cuidado!” gritou Rowan. Ela lançou um raio de eletricidade naquele que preparava o feitiço de tinta. Ele gritou quando foi atingido, fazendo com que a tinta preta que estava conjurando respingasse em todo o seu uniforme. Mais risadas e aplausos da multidão. O estudante Prismari se virou e olhou para Rowan, surpreso. “Obrigado!”

Rowan sorriu e começou a responder; antes que Will pudesse alertá-la, um rolo de tinta viva escorreu debaixo dos pés dela. Ela caiu de costas, tossindo enquanto o ar saía correndo de seu peito por um momento, e olhou para cima para ver quem a havia atingido – um estudante em vestes preto e branco, igual ao que ela eletrocutou. “Fique fora disso, caloura,” sibilou o aluno.

O ar ao redor de Rowan trincou e estalou com eletricidade enquanto ela invocava outra carga. “Quer tentar de novo?”

De volta às laterais, a dríade se inclinou para Will. “Então, essa é sua irmã?”

Temo que sim,” ele disse, fazendo uma careta. Ele esperava por quietude, por aprendizado – até agora, esse lugar era tão ruim quanto Kylem.

Parece que ela já escolheu sua casa.”

Era verdade – Rowan estava ao lado dos alunos Prismari agora, lançando faíscas nos outros. Relutantemente, Will entrou no campo, criando seu caminho através da batalha, evitando jorros de chamas e flechas de luz que voavam para frente e para trás. Quando ele finalmente conseguiu alcançá-la, ele agarrou seu braço. “Rowan, esta briga não é nossa. Vamos.”

Ela apenas riu. “Will, você realmente ia se divertir se tentasse!”

Não estamos aqui para nos divertir, Rowan! Estamos aqui para nos tornarmos magos melhores!”

Sai da frente, calouro!” veio um grito atrás dele. Ele se virou bem a tempo de tomar uma esfera de tinta no peito, que explodiu e o jogou para cima de Rowan. Juntos, eles se levantaram do chão, tossindo, e Will olhou para baixo horrorizado: o exemplar das Memórias de Thadus que estava em sua mochila de viajante havia caído e pingava tinta preta. Ele soube imediatamente que estava destruído. “Ok,” Will rosnou, cerrando a mandíbula. “Talvez seja a nossa luta.”

Rowan o pôs de pé com um puxão. “Lembra do combate contra Virtus e Gorm?”

Will acenou com a cabeça, canalizando energia para lançar a magia. Instantaneamente, o ar ao redor dele caiu vários graus; ele soltou um suspiro, que ficou embaçado no ar. “Vamos fazer.”

Rowan se virou e ergueu a mão, evocando uma esfera de relâmpago que estourou e chiou enquanto se estendia e serpenteava no ar.

Will contava enquanto lançava uma onda de gelo e vento frio para girar ao redor do relâmpago de Rowan. “Um… dois… TRÊS!”

Will e Rowan se moveram como se fossem um, suas magias combinavam enquanto se arqueavam em direção aos outros alunos. Eles não pareciam mais sorrir presunçosamente – mas pouco antes de atingir os Platinopenas, o relâmpago de Rowan chamejou e estalou, cortando as fitas da magia de gelo de Will. Will franziu a testa, mas era tarde demais para se ajustar. O ataque de Rowan foi forte, pelo menos; ele perfurou o escudo de luz que a veterana da Platinopenas conjurou, fazendo-a tropeçar para trás.

Rowan comemorou ao lado dele, mas a celebração durou pouco enquanto ela girava e usava um raio para derrubar as farpas de outro mago.

Will olhou para o local onde a magia combinada – o entrelaçamento de feitiços que eles sempre conseguiram fazer – falhou. Algo não estava certo.

Liliana estava do lado de fora do Biblioplexo, observando o luminoso desfile de alunos que passavam. Ela quase podia sentir o peso de seu velho uniforme Murchaflor e puxou distraidamente a gola do seu casaco de professora.

Do outro lado, Decane Nassari desfilou pelas portas do Biblioplexo, com Decana Lisette ao seu lado. Liliana acertou o passo ao lado das decanes.

Professora Ônix.” Decana Lisette acenou com a cabeça em saudação. “Como você está se adaptando às suas aulas?”

Tudo bem,” disse Liliana. “Embora eu tenha ouvido alguns rumores perturbadores dos alunos.”

Decane Nassari riu. Era um som estranho, de um efrite, como água escorrendo sobre cristais. “Bem, mentes jovens costumam criar contos elaborados. Acho que é um bom sinal. Imaginação ativa e tudo mais.”

Liliana forçou um sorriso, tentando manter o tom leve. “A menos que eles também estejam brincando de se fantasiar e se esgueirando pelos corredores, eu diria que isso é um pouco mais do que uma brincadeira inocente.”

Esgueirando?” Decana Lisette arqueou uma sobrancelha. “E você viu uma dessas pessoas?”

Ela fez uma pausa. Como responder isso? “Eu vi um estranho com uma máscara no campus. Se este era um desses Oriq, no entanto…”

Essa palavra de novo. Sempre soa tão sério. Nós realmente não sabemos se esses rumores são mais do que uma brincadeira inofensiva,” disse Decana Lisette.

A magia que o estranho mascarado lançou nela estava longe de ser uma brincadeira inofensiva. “Não devemos subestimá-los, de qualquer forma. Os outros decanose professores devem ser avisados. Certamente a escola tem alguma linha de defesa que podemos usar.”

Você quer dizer, diferente de Alibou?” Decane Nassari bufou. “Tenho certeza de que ele adoraria ter algo para fazer, para variar. Talvez assim ele deixe de lado seu rancor contra mim.”

Eu estava pensando em algo mais do que apenas um golem.”

Mesmo se esses seja-lá-como-você-chama representem algum risco, nossos alunos não são cordeirinhos indefesos,” disse Lisette. “Eles podem se defender.”

Mas quem vai protegê-los um do outro?” disse Nassari, apontando para um pátio próximo. Liliana podia ver feitiços errantes voando para o céu enquanto aplausos e gritos enchiam o ar; outro duelo. Lisette suspirava enquanto Nassari ria. “Viu? Com tanto talento, não acho que eles tenham nada a temer dos Oriq.”

Decane Nassari,” começou Liliana. “Nós realmente deveríamos—”

Está bem, está bem.”

Juntas, elas se moveram para interromper a batalha. Nassari lançou um grande jorro de água através da multidão, encurralando os alunos da Prismari. Videiras e raízes dispararam do solo sob o comando de Decana Lisette, puxando as crianças para longe umas das outras e amarrando suas mãos antes que pudessem lançar mais magias para o ar.

Um menino resmungou enquanto seguia uma garota loira para fora do campo. “Isto não é Kylem, Rowan.”

Liliana franziu a testa, seu olhar varrendo suas roupas. Eles estavam sem uniforme e espadas penduradas em seus cintos. Ambos com cabelos brilhantes, seus olhos e narizes espelhos um do outro.

Kylem, ele havia dito. Ela conhecia um lugar chamado Kylem – mas não era localizado em Arcavios.

A garota franziu a testa. “Eu sei disso, Will. Mas isso também não é Eldraine. E você não pode me dizer o que fazer.”

Podemos apenas sair daqui? Antes que tenhamos problemas.”

Liliana observou os gêmeos passarem por ela, encontrando brevemente o olhar do menino. Ele lançou-lhe um sorriso nervoso e passou apressado, puxando a irmã com ele.

Eles provavelmente não eram agentes Oriq. Mas se eles fossem planinautas, então talvez pudessem ser úteis se – quando, ela se corrigiu – problemas chegassem a Strixhaven.

Will ficou maravilhado com as paredes internas dos dormitórios estudantis. Linhas intrincadas corriam ao longo da pedra, brilhando com uma luz suave. Ele estendeu a mão e traçou um deles, a magia formigando contra a ponta do dedo.

É isso,” Rowan disse do corredor. Ela acenou para Will antes de empurrar a porta.

Indo atrás dela, Will observou as paredes robustas e a janela de vidro. A luz do sol entrava, enchendo o espaço com um brilho quente. Duas camas ficavam de cada lado do quarto, cada uma cuidadosamente feita com cobertores cinza cobertos por linhas douradas que se cruzavam. Na parede atrás da porta, dois uniformes estavam pendurados em prateleiras, sapatos combinando no chão embaixo deles.

Rowan caiu na cama mais próxima da porta. “Isso é bom. Muito melhor do que aquelas pedras que chamavam de camas em Kylem.”

Will riu enquanto colocava seus livros na outra cama. Ele se sentou, afundando no colchão macio, e passou as mãos ao longo das costuras brilhantes. As mesmas linhas brilhantes fluíram pelas paredes de pedra. Símbolos esculpidos aninhados nos cantos, chamas de pedra, árvores e estrelas marchando ao longo do teto. Sua atenção se concentrou nas chamas, lembrando-o do duelo feroz lá fora. Ele olhou para suas mãos. “Aquele feitiço que lançamos juntos pareceu… estranho para você?”

Rowan olhou para a outra cama. “Como assim?”

Eu não sei. Simplesmente não era o mesmo que em Kylem.”

Bem, não estamos em Kylem, lembra?” Rowan encolheu os ombros e enfiou os pés no cobertor. “Além disso, funcionou, não foi? Qual é o problema?”

Will balançou a cabeça. “Sim, funcionou, mas… deveria ter sido mais suave. Mais coeso. Fizemos feitiços juntos dezenas de vezes, mas desta vez, era como se nossa magia não estivesse cooperando. Eu me pergunto se o Biblioplexo vai tem algumas respostas.”

Bem, divirta-se com toda essa leitura,” Rowan disse. Ela se levantou e se dirigiu para a porta.

Este não é apenas um problema meu, Rowan,” protestou Will. “E se estar neste mundo estiver afetando nossa magia?”

Minha magia estava normal.”

Não, não estava.” Will deu um passo em direção a sua irmã. “Mas aqui, podemos descobrir por quê. Você ouviu Kasmina – esta é a coleção mais extensa de conhecimento mágico do Multiverso! Não viemos aqui para entrar em alguma briga escolar idiota.”

Rowan revirou os olhos. “Ah, é mesmo? E por que viemos aqui?”

Para aprendermos. Para ficarmos mais fortes. Para aproveitarmos o conhecimento e a sabedoria que Strixhaven tem a oferecer.” Will baixou as mãos ao lado do corpo. “Poderíamos levar tudo isso de volta para Eldraine e ajudar nosso próprio povo.”

Rowan apenas balançou a cabeça. “É para isso que você veio para cá, Will. Mas eu não sou você. Podemos ser gêmeos, mas tenho permissão para viver minha própria vida.”

Claro que você tem.” Will suspirou. “Não foi isso que eu quis dizer.”

Um momento depois, Rowan se virou e saiu. Will pegou seus livros e correu atrás dela. Mas à medida que Rowan avançava pelo corredor, os passos de Will diminuíram. Talvez ele tivesse que encontrar respostas por conta própria.

Arte de Piotr Dura

Em um banco ao longo de um pátio cênico do campus, Kasmina observou sua coruja voltando dos dormitórios. Ela ainda podia ver os gêmeos em sua mente, suas imagens um pouco distorcidas pelo formato daqueles olhos de ave. Strixhaven ofereceria muitas possibilidades para os dois. Ela só precisava ver quais eles aceitariam.

Algo chamou sua atenção e Kasmina fechou os olhos. Mas em vez de escuridão, sua mente se encheu de vermelho.

Outra de suas corujas voou pelo ar, pairando sobre um deserto rochoso. O movimento abaixo atraiu seu olhar.

Um homem escalou as rochas, os vermelhos e marrons de suas roupas ajudando-o a se misturar na paisagem. Ao lado dele, uma criatura semelhante a uma raposa saltou agilmente pela lateral da formação, apenas para parar repentinamente e assumir uma postura defensiva.

Houve uma lufada de ar quando várias figuras pareceram deslizar das sombras, saindo das mesas ao redor em ângulos impossíveis. Eles estavam vestidos com roupas escuras, máscaras de metal pairando onde seus rostos deveriam estar. Uma luz púrpura doentia envolvia cada uma de suas mãos levantadas – todas apontadas para o homem com a raposa. Lentamente, ele ergueu as mãos em sinal de rendição.

Kasmina enviou um comando mental, e sua coruja o seguiu bem no alto enquanto os magos amarravam os braços do homem e o arrastavam em direção à entrada de uma caverna que esperava adiante.

Lukka grunhiu quando os magos o empurraram para dentro da caverna. Mila rondava ao lado dele, com os dentes à mostra e os pelos eriçados. Silenciosamente, ele a alcançou usando seu vínculo para acalmá-la. Se ela atacasse, os magos pensariam que ele era um inimigo. E embora tivesse certeza de que venceria a luta, não era para isso que viera. Mila ergueu os olhos para ele e, lentamente, voltou a se acalmar. Ela ficou perto de Lukka, passando por cima de livros velhos e mofados que transbordavam das pilhas vazias ao longo da parede.

Os magos o levaram para uma câmara maior. Estalagmites e estalactites cortavam o espaço como dentes irregulares, o teto banhado em sombras. Lukka tropeçou em uma pedra solta, derrubando uma pequena chuva de seixos pela encosta atrás dele.

Quieto,” um dos magos mascarados sibilou para ele. Ele empurrou o ombro de Lukka. “Continue andando.”

Lukka respirou fundo, tentando sufocar sua própria irritação. Então uma das estalagmites se moveu.

A princípio, ele pensou que estava imaginando coisas, a escuridão pregando peças em sua mente. Então Lukka estendeu seus sentidos e congelou – a textura áspera e enrugada não era pedra, mas algum tipo de concha. Lentamente, o que quer que fosse, pareceu se desenrolar, esticando as pernas longas e finas na escuridão. Atrás dele, outra estalactite mudou de lugar, fazendo um som baixo e trêmulo. Eles estavam cercados.

Continue. Andando,” disse o mago mascarado.

Eles caminharam, cada pedra que rolava enviava seus olhares para o teto. Lukka tentou imaginar como as criaturas pareciam quando estavam ativas. O pensamento de enfrentar um deles em carne e osso trouxe de volta memórias de muitos pesadelos rastejantes que se escondiam nos sistemas de cavernas sob Ikoria. Acompanhando o horror, entretanto, havia uma estranha familiaridade – ele não podia deixar de sentir como se tivesse encontrado sua espécie antes.

Os magos fizeram Lukka parar, forçando-o a ficar de joelhos. Mila se virou para o outro lado da caverna, abaixando-se com um rosnado. Lukka olhou para ela. “Ei. Quieta.”

O esmagar de ossos atravessou o silêncio. Passos se aproximaram e das sombras surgiu uma figura alta e esguia. Girando ao redor da máscara longa, quase semelhante a um pássaro, que escondia seu rosto, havia correntes de energia escura e cintilante.

Lukka tentou manter sua expressão neutra enquanto o homem se aproximava de uma das criaturas penduradas no teto, parando para acariciar sua concha. “Bem-vindo a Arcavios, Lukka de Ikoria.”

Você me conhece?”

Eu conheço muitas coisas. Coisas que eu poderia te ensinar.” O mascarado se afastou da estranha criatura em direção a Lukka. “E em troca, acredito que há coisas que você poderia fazer por mim.”




Traduzido por: Blackanof
Revisado por: Sophia

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