Mtg Lore

Compêndio da Lore de Magic the Gathering

A INGENUIDADE DOS GRUUL

Texto original
por Adam Lee

Só porque Kal nasceu como um membro dos Gruul, não significava que ele não podia apreciar conjurações engenhosas. Ele observou os Izzet por horas, vendo como eles manipulavam o mana em diversas direções, formando arcos de energia em uma dança caótica. Nem sempre funcionavaeles eram os Izzet, afinal de contase seus fracassos eram muitas vezes mais espetaculares do que os seus sucessos, o que obrigava Kal a abafar o riso ou os suspiros de espanto. Seu trabalho era vigiá-los, e ele tinha que permanecer escondido. Mas ele aprendeu alguma coisa assistindo os Izzet. Ele levou algumas ideias radicais para o seu mentor, mas o seu entusiasmo não foi muito apreciado. Tais métodos não se encaixavam nas tradições xamânicas dos Gruul.

Mas Kal não seria dissuadido. Ele sabia que havia um sentido para a loucura deles.

 

Inspiração | Arte de Izzy

 

Todas as manhãs, Kal subia a Faixa de Escombros para escalar uma torre em ruínas de uma catedral Orzhov há muito abandonada para que ele pudesse olhar para a recentemente adquirida zona industrial Izzet. Aparelhos estranhos, tubos de vapor e buracos inexplicáveis estavam por toda parte. Kal não tinha ideia do que eles estavam pesquisando, mas achou fascinante mesmo assim. Ele observou os alquimistas Izzet e magos de guilda convocarem enormes Bizarros para fazerem furos e operarem máquinas elétricas. Ocasionalmente, Kal ouvia um alto estalo de um dos numerosos assistentes goblins que vagavam muito perto dos enormes Bizarros e eram instantaneamente cozidos pelos poderosos campos de mana eletrificados que estas criaturas possuíam. Isso muitas vezes levava a um espontâneo jogo goblin de “empurra e explode” – que não era aprovado pelos químicos.

Kal foi enviado para ficar de olho nos Izzet pela líder do seu clã, Nikya dos Costumes Antigos, para garantir que os Izzet não se meteriam em território Zhur-Taa, ou pior, perturbar os deuses que o seu clã acredita que dorme sob Ravnica. Apesar de Kal ser um xamã, todos os Gruul são criados como caçadores, por isso a sua capacidade de mover-se silenciosamente e perseguir presas muito mais atentas do que os magos Izzet fez desta atribuição uma tarefa fácil.

Mas Kal também mostrou sinais de ter uma sensibilidade para a magia que poucos dos xamãs Gruul compreendiam. Ele podia entender a estranha magia dos Izzet. Sua frenética, torrente e imprevisível energia era algo que Kal podia sentir como se estivesse imersa nele. Ele gostava da emoção e incerteza que estava presente em todos os feitiços Izzet e ele se sentou na varanda coberta de trepadeiras, em silêncio, observando o trabalho maníaco dos magos Izzet, observando a maneira como eles manipulavam o mana. O jovem xamã absorvia tudo isso nas noites em meio ao profundo tamborilar das espirais de mana Izzet.

“Houve um massacre.”

Durri, uma jovem patrulheira do clã Zhur-Taa, sentou-se com Kal em uma construção em ruínas, com vista para uma poça cheia de plantas aquáticas. Ela mordeu a carne de um galo-silvestre que tinha caçado e assado mais cedo e conversava com Kal durante a refeição.

“Foi um acampamento dos Selesnya que foi atacado. Soube que havia sangue por toda parte. Estúpidos Selesnya. Bem-vindos a Faixa de Escombros”. Durri lançou um osso por cima do ombro e pegou outro para comer. Então, como se estivesse se recordando, ela ofereceu a carcaça para Kal, ergueu as sobrancelhas e balançou a cabeça. Kal recusou.

“O acampamento dos curandeiros? Eles estão bem?” Kal conhecia alguns dos Zhur-Taa que utilizaram aquele acampamento dos Selesnya, mas alguma coisa tinha acontecido para deixar Nikya com desconfiança a respeito deles.

“Eu acho que a maioria deles estão mortos. Ogreth disse que foram os Rakdos. Ele me disse que Nikya parecia tão furiosa que ela poderia esmagar pedras com os dentes.” Durri sorriu para Kal com um brilho flamejante em seus olhos. “Vai ser uma guerra.”

Kal olhou para dentro da poça durante o discurso agitado e entrecortado de Durri. Ele jogou uma pedra em direção à água, afugentando um sapo. “Você já foi à guerra?”

Durri limpou o nariz com as costas da mão tatuada, então coçou o cabelo escuro pensativamente. “Uma guerra real, na verdade não. Já estive em alguns ataques. Destruí algumas coisas. Afugentei alguns Golgari… aquelas… coisas… ou o que quer que eles sejam. Sempre me perguntei o que seriam, na verdade. Eu ouvi as histórias.”

“Sim, eu também.”, Kal se imaginou lançando uma bola de fogo no meio de alguns bandidos Rakdos, o que só fez Kal querer praticar mais magia. Ele queria provar suas capacidades. Todos os Gruul querem se provar.

 

Salteadores da Faixa de Escombros | Arte de Chippy

 

Kal ainda estava jogando as rebarbas fora do resto do dromedário que serviu de refeição quando o comitê de guerra retornou. Ele podia sentir a tensão à medida que eles se aproximavam pela calçada em ruínas.

Nikya falou “Zhur-Taa, reunir!”. Ela desmontou de sua besta e subiu os blocos de pedra do Monte Oratório. Nikya parecia sombria quando se sentou, de pernas cruzadas.

Um arrepio percorreu Kal quando sentiu uma mudança em seu clã. Ele sentiu que algo grande estava para acontecer. Kal subiu em cima de uma pequena pedra e observou enquanto seus companheiros de clã se reuniam, uma onda de murmúrios atravessava os guerreiros.

Quando todos estavam reunidos debaixo dela, Nikya falou: “Sangue foi derramado. Inocentes foram abatidos. Nosso território contaminado. Sob nossas leis, temos o direito de retaliar este crime sangrento e buscar vingança dos Rakdos”.

Ao ouvir essas palavras, o clã rugiu em aprovação. Muita dor havia sido causada pelos Rakdos na Faixa de Escombros, mesmo tão distante da cidade grande quanto Utvara. Assassinos e bandidos estavam saciando seus desejos por sangue nas zonas sem lei de Ravnica, longe dos olhos dos Azorius e Borosáreas que os Gruul reivindicavam como suas.

Nikya levantou seu bastão e os aplausos cessaram. “Os Rakdos são poucos em número, mas eles são conduzidos por um monstro errante que procura presas fáceis como os Selesnya. Devemos pegá-los antes que eles voltem para o seu ninho de demônios. Devemos reivindicar nossa vingança.”

Zhur-Taa animou-se em peso, levantando suas armas e mantendo-as no ar para saudar a líder do clã. Nikya desceu do Monte Oratório, movendo-se como a grande guerreira que era e começou a tocar as armas erguidasescolhendo seu exército para a guerra, assim como os líderes de clã fizeram há milhares de anos. Kal viu Durri ajoelhar-se no chão prestando respeito à Nikya quando esta tocou sua espada. Pareciam anos se passando até que a líder se aproximou de Kal, mas embora o desejo de lutar ardesse em seus olhos, a mão de Nikya nunca tocou a arma estendida dele.

“Aprontem-se, Zhur-Taa!”, Nikya ordenou. “Nós vamos partir agora! Vamos caçar Rakdos!”

 

Sinalizar os Clãs | Arte de Dave Kendall

 

Kal acompanhou o grupo de guerra à distância. Ele conhecia muito bem a Faixa de Escombros, então era capaz de seguir os guerreiros Zhur-Taa sem ser detectado. Sua coragem era tão grande quanto sua habilidade, uma vez que ele sabia que se fosse descoberto significaria o banimento do clã ou a morte. Mas cada vez que ele começava a voltar, ele pensava em Durri correndo em direção a uma horda de lâminas Rakdos e isso o fazia continuar. Ele não podia abandonar sua amiga.

Kal manteve a distância e, embora não pudesse ver o seu clã, ele sabia que eles estavam bem próximos. Os Zhur-Taa se moviam silenciosamente e tinham deixado suas enormes montarias para trás, a fim de emboscar os Rakdos, que eram normalmente barulhentos, desorganizados e distraídos.

Assim que ele habilmente subiu uma pilha de pedras enormes do que um dia foi um edifício, ele foi surpreendido por uma lança apontada para a sua cabeça.

“Krokt!”, Um guerreiro chamado Janik falou para Kal. “Eu quase matei você. O que você está fazendo aqui?” Janik agarrou-o pelos ombros. “Nikya vai colocá-lo em um espeto, rapaz. Você quebrou…”

Um grito ecoou, seguido pelo urro de guerreiros Gruul. Janik xingou e soltou Kal quando uma explosão de fogo iluminou a silhueta das ruínas das torres próximas.

“Lidarei com você depois”, disse Janik. Ele empurrou Kal para o chão e correu em direção à batalha. O rugido de ogros Rakdos tomaram o ar, junto aos gritos de guerra Gruul e os uivos de dor.

 

Mago de Guilda de Skarrg | Arte de Aleksi Briclot

 

Kal correu atrás de Janik, saltando sobre as vigas caídas e abaixando-se sob a alvenaria desmoronada enquanto ele caminhava pelas ruas arruinadas. Um jato de fogo passou sobre a cabeça dele e atingiu um diabo a poucos metros de distância, que caiu no chão gritando e rindo loucamente.

Ele teve, então, uma visão completa de todo o combate.

Nikya estava de pé, entoando, em uma pilha de pedras. Uma grande parede de cipós emaranhou um enorme ogro Rakdos, que gritou de raiva e logo começou a dilacerá-la como um animal frenético.

Os Rakdos estavam por toda parte, saindo das rachaduras e buracos dos entulhos como formigas, e Kal procurava freneticamente por Durri. Seu clã parecia estar em superioridade. Guerreiros Gruul entoavam músicas antigas da guerra enquanto desmembravam os diabretes falantes e retalheiros loucos em pilhas irregulares.

Kal viu um brilho em um edifício abandonado e notou o contorno de uma bruxa sanguinária. Ele tinha ouvido rumores a respeito dos escolhidos de Rakdos, magos que detinham o poder total de Rix Maadi em suas mãos. Kal não tinha ideia do motivo de uma bruxa sanguinária estar aqui, mas ele sabia que era muito mais do que Nikya tinha contabilizado. Ele ouviu gritos próximos quando um punhado de goblins brilhou com uma luz vermelha e depois se encolheu em uma bola nauseante, como se esmagada por uma mão invisível. Então ele pode sentir o cheiroo odor desagradável de demônios.

“Demônios!”, ele ouviu um grito dos Zhur-Taa quando enormes garras surgiram da terra. Pedras e sujeira foram empurrados para o lado pela ânsia profana dos demônios que saíam de suas alcovas subterrâneas com um rugido ensurdecedor e um mau cheiro insuportável.

“Zhur-Taa! A mim!”, Nikya gritou, olhando para as asas trovejantes dos demônios. Os guerreiros Gruul viam-se envoltos por escuridão e fumaça, lutando o seu próprio caminho através dos Rakdos. Kal olhou para Durri enquanto ela corria em direção a Nikya, mas algo a agarrou pelo tornozelo. Um corte rasgou sua perna e o impacto a fez encher a boca de terra. Um mangualeiro havia fisgado ela. A corrente se afundou em sua coxa e ela se sentiu sendo arrastada em direção a um ogro mascarado.

Ele se esforçou, mas não conseguia pensar direito. Cada puxão na corrente enviava um raio de dor através de seu corpo.

“Kal!”, a voz de Durri chamou o seu nome de algum lugar.

“Kal!”, o mangualeiro puxava ele para mais perto.

Os pensamentos de Kal dispararam. Eram muitos Rakdos. Muitos demônios.

Um lampejo de ideia ocorreu a Kal. As horas assistindo a magia Izzet. A maneira como eles utilizavam a eletricidade. Ele podia sentir a raiva e o desespero queimando dentro dele como um fogo. Como o relâmpago Izzet.

Fogo e raio eram semelhantes.

Ambos eram elementos puros e caóticos.

E se

 

Desafio do Clã | Arte de Daarken

 

Uma rajada de fogo incinerou o mangualeiro sorridente. Seus braços e pernas voaram aos pedaços, deixando rastros de fumaça no ar. Mas aquilo não foi o fim. Arcos de energia voaram de Kal e se chocaram nos demônios, como um martelo flamejante que os transformavam em plumas estridentes de fogo. Então o fogo dos demônios começou a transbordar e pedaços de chamas queimaram a terra, reduzindo o resto dos Rakdos a ossos e cinzas em um clarão cegante.

Quando ele acordou, Kal estava olhando nos olhos endurecidos de Nikya. “Conseguimos derrotá-la?” Kal resmungou.

“Aquela que chamam de Garota-massacre…” Nikya disse com um grunhido. “Nenhum sinal do maldito cadáver. Mas você pegou uma delas com aquela magia sua.” Nikya levantou a cabeça carbonizada da bruxa sanguinária. “Um bom prêmio.”

Nikya se inclinou para mais perto. “Eu tenho lidado com a magia dos Gruul por mais tempo do que você já viveu, Kal. O que foi aquilo? Onde você aprendeu esse tipo de feitiço?”

“Eu não sabia o que era”, respondeu Kal. “Eu acho que aprendi observando os Izzet”.

Então, Durri inclinou-se, sorrindo. “Você pode ter aprendido com os Izzet, Kal, mas olhe ao redor”. Ela fez um gesto amplo. Kal podia ver os corpos esfumaçados de diversos Rakdos espalhados, como bonecos distorcidos. “Parece Gruul o bastante para mim.”

 

 

 

Traduzido por: mtgvortex

Revisado por: Blackanof

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