Mtg Lore
Compêndio da Lore de Magic the Gathering
KRENKO, CHEFE DA TURBA
Krenko tinha um estômago forte, de uma infância comendo fora das valas, mas o Sr. Taz o deixava desconfortável. Esta era a terceira vez que eles se encontravam para discutir negócios, e a estranha aparência de Taz era sempre a mesma. Ele parecia humano, mas seu rosto não se encaixava muito bem em seu crânio, e a pele não parecia presa ao seu esqueleto. Quando Krenko pensava muito sobre isso, ele podia imaginar toda a epiderme de Taz escorregando e caindo em uma poça de pele a seus pés.
“Como está seu carneiro, Sr. Krenko?” Taz perguntou. Eles estavam em um bar enfumaçado perto do Distrito da Fundição – escolha de Taz. Não era no território da bruxa sanguinária, mas por muito pouco. Isso era bom porque Krenko desprezava os bandidos Rakdos. Muito imprevisíveis, e não do jeito que Krenko gostava.
“Hmm, hmm,” Krenko deu uma mordida obrigatória e considerou as opções. Taz não era um lich ou uma necro-coisa, pois o excepcional nariz goblin de Krenko teria detectado. Na verdade, Taz cheirava algo muito caro, como amêndoas e coelhos limpos. Krenko analisou como a pele balançava sob os globos oculares de Taz e se acumulava ao redor das suas articulações. Ah, obviamente era uma roupa de pele – e uma que não foi feita sob medida.
“Eu imagino que você achou a tarefa atraente?” Taz continuou. Seu pescoço era liso – sem protuberância na garganta – como uma fêmea humana. Mas sua voz era baixa e grave.
“É audaciosa,” disse Krenko com aprovação.
“Sim, mas você se provou um mestre de manobras arrojadas.”
“Graças a você, Sr. Taz,” disse Krenko. Ele lembrou-se com carinho do último trabalho, aquele com a estátua de Azorius explodindo e saprófitas flamejantes. Sim, Krenko gostava daquele homem de rosto escorregadio que continuava oferecendo-lhe trabalhos deliciosos. Como um jovem goblin apenas começando, um patrono bem relacionado era um presente que Krenko nunca esperava. Além disso, Krenko tinha um respeito saudável por qualquer coisa que podia se declarar feia e não dar a mínima para o resto do mundo.
“Os Boros, huh,” disse Krenko, enrolando. Ele queria o trabalho, mas complicaria as coisas. Ele tinha rondas a fazer na Rua da Fundição. Azzik e Pondl eram leais, mas mal podiam contar mais que dez. Mais goblins apareciam diariamente em seu armazém. Eles seguiam Krenko como se ele fosse uma cesta de mel, o que seria útil se ele encontrasse coisas para eles fazerem. Talvez com o capital do novo serviço de Taz…
“Tudo bem,” disse Krenko finalmente. Krenko não tinha dúvidas sobre sua capacidade de executar o assalto, mas ele se maravilhou novamente que Taz confiava a um humilde goblin tal tarefa. A maioria dos goblins era, na pior das hipóteses, “praga” e “grupo de animais” na melhor das hipóteses. “Eu farei.”
“Eu não tenho nenhuma dúvida que você conseguirá,” o homem disse suavemente. Ele deslizou uma bolsa de veludo sobre a mesa. A luz escapou pelas costuras. “Aqui está uma ferramenta especial para ajudá-lo em sua empreitada.”
Krenko olhou dentro, sorrindo quando viu a brilhante arma aninhada contra o veludo. “Ah, você me conhece tão bem.”
“O brilho reconhece o brilho,” disse Taz suavemente.
“E você tem certeza do que quer que eu traga?” Krenko perguntou. “Talvez haja algo mais valioso que eu possa pegar para você?”
“Não, Sr. Krenko. O item que pedi me deixará feliz.” Taz sorriu com seus lábios desajeitados e desapareceu no bar movimentado.
Com a faca encantada de Taz enfiada na bota, Krenko começou sua vigilância na Morada do Sol, a imponente salão da guilda Boros. Depois de uma hora em um telhado com uma luneta, Krenko estava entediado, com calor, e não havia aprendido nada de novo: os Boros ainda amavam linhas retas e trabalho duro. E Krenko ainda não conseguia acreditar que os goblins se uniam à guilda de bom grado, mas lá estavam eles: cavando trincheiras, lavando pavilhões e carregando cadáveres para carroças Golgari. Krenko imaginou se um dia comum resultava naquela quantidade de soldados mortos ou se algo acontecera além do alcance de suas lentes.
Na manhã seguinte, Krenko entrou no refeitório da Morada do Sol como se fosse o dono do lugar. O salão cavernoso alimentava mil soldados por vez. Eles se sentavam na frente de bandejas de comida quente em longas mesas que pareciam se estender por quilômetros. Era barulhento e quente, mas a abundância de comida de graça respondia a uma das mais antigas perguntas de Krenko. De repente, goblins em Boros faziam muito mais sentido.
Krenko deslizou para a ponta de um dos bancos, serviu-se dos ovos de pato e sentou-se para ouvir bem o rugido das vozes ao seu redor. Os soldados atrás dele estavam falando sobre uma briga na Baixa do Buraco das Fechaduras – Krenko concluiu que era sobre uma garota e voltou suas orelhas afiadas para outro lugar. Então, alguns assentos abaixo, um jovem de cabelos negros disse algo que lhe chamou a atenção:
“Até que chegou a um duelo,” ele informou à mulher sentada do outro lado da mesa. Ela tinha um curativo na testa.
“Quem traçou a linha? Aurélia?” ela perguntou. Ela manteve a voz baixa como se não quisesse ser facilmente ouvida. Mas o homem falou mais alto que o necessário.
“Não, o Azorius intrometido descobriu nas entrelinhas,” ele disse.
“Acho difícil de acreditar,” disse a mulher em dúvida. “Aurélia deixou ficar?”
“Por que ela não deveria?” o homem praticamente gritou. “Ela poderia esmagar Vinrenn em um instante.”
De repente, o banco de Krenko se inclinou perigosamente e vários soldados se levantaram.
“Cale a boca, soldado!” Alguém gritou e uma porradaria irrompeu entre as mesas. Krenko pegou a bandeja e foi para o outro lado do corredor. Tantas cabeças quentes indisciplinadas não pareciam o estilo Boros. Krenko respirou fundo, apreciando a tensão que fervilhava no salão. Sim, isso seria tão divertido quanto lucrativo.
No dia seguinte, Krenko foi à procura de problemas. E ele os encontrou em todos os lugares. Na Morada do Sol, os ânimos estavam exaltados, e as fileiras estavam mais interessados em disputas do que em suas tarefas diárias. Krenko juntou-se a uma equipe de manutenção de goblins em uma das sacadas gigantescas que se projetavam do edifício compacto.
“Se eu quiser dar uma olhada em Pluma, para onde devo ir?” ele sussurrou para o goblin de nariz de gancho ao lado dele. Ele estava polindo a parede por quase uma hora e nada de útil tinha acontecido. O goblin tinha algumas patentes em seu uniforme, mas aparentemente elas não eram suficientes para tirá-lo do trabalho manual.
“Shhhh! Ela diz que agora você tem que chamar ela de Mestre de Guilda Vinrenn,” ele falou muito devagar como se Krenko fosse uma criança idiota.
“Qualquer que seja o nome dela, onde eu a encontro?” Krenko perguntou.
“De onde você é? Alguma casa Gruul? No terraço, mas é melhor você ficar longe de lá.”
“O que está acontecendo?” Krenko perguntou. “Acabei de chegar da Faixa de Escombros.”
O goblin parecia orgulhoso. “Sim, eu sabia que você era Gruul. Bem, está uma loucura por aqui. Aurélia vai ser nossa nova mestre, porque ela diz que nenhum anjo desonrado tem o direito de governar. Vinrenn vai ser banida. Enquanto ela não causar problemas, ela vai continuar viva. Agora, chega de conversa ou vou te denunciar. Entendeu?”
A presunção do goblin encheu Krenko de ódio. Este lugar estava no limite. Tudo o que precisava era de um pequeno empurrão.
O caos é a melhor cobertura, e Krenko começou a atear fogo e arrombar portas. Primeiro Andar: um boato incendiário em um ouvido interessado; Segundo Andar: um soco no nariz gordo do goblin pomposo de ontem; Terceiro Andar: bombas de faísca; Quarto Andar: bombas de verdade. Quando chegou ao nível mais alto, os corredores estavam cheios do som de botas batendo e gritos alarmados. Do lado de fora, as espadas se chocaram na sacada. E ninguém notou que um goblin maluco entrou nos aposentos de Vinrenn, também conhecida como Pluma, a mestre da guilda que aparentemente não tinha mais controle sobre nada.
Krenko se viu em uma sala vazia sob um teto aberto. A luz do sol brilhava sobre uma esfera de detenção vítrea, que pairava sobre o punho vermelho-sangue estampado no chão de ladrilhos. Um anjo de asas brancas estava em estase mágica dentro da cela. Suas asas se dobravam como as de um passarinho, ela parecia dormir.
Depois de uma olhada rápida ao redor da câmara, Krenko tirou a brilhante arma de sua bota e cutucou a esfera. Nada aconteceu, então ele esfaqueou novamente. E de novo. Nada. Ugh, por que Taz lhe daria uma faca brilhante, a menos que fosse melhor do que uma faca comum?
No início, a esfera parecia ter sido feita de luz e névoa, mas quando Krenko tocou a superfície com as palmas das mãos, sentiu algo sólido perto do topo. Ele pegou a faca e bateu a empunhadura contra a peça invisível. Houve um som de sucção e uma luz azul atravessou a sala. Com outra batida, a esfera se dissipou, lançando o anjo ao chão, sem a menor cerimônia.
Ouvindo passos se aproximando pelo corredor, Krenko rapidamente arrancou duas penas das asas do anjo quando ela começou a se mexer.
“Socorro!” Krenko gritou, correndo para a porta. “Ela tentou escapar! Ela está livre. Ela me atacou!”
De repente, guardas de ombros largos lotaram a sala, e Krenko se esquivou de suas pernas para chegar à porta. Enquanto ele fugia, um minotauro encouraçado arrastava o anjo pelos pés, seus protestos lançados para ouvidos surdos.
Assim que Krenko chegou ao portão da frente, uma grande explosão estremeceu a Morada do Sol. Não era dele, Krenko pensou alegremente. Sim, de fato, o caos era a melhor ferramenta de todas.
Ao pôr do sol, Krenko encontrou Taz no Milênio, uma plataforma aérea com a vista mais cobiçada de toda Ravnica. Você tinha que ser alguém para conseguir um convite para estar ali. Alguns ravnicanos esperaram suas vidas inteiras. A maioria nunca teria a chance. Taz estava esperando por ele no local designado, olhando para o magnífico labirinto de construções e ruas.
“Às vezes esqueço de olhar para o céu,” disse Taz quando Krenko lhe entregava uma caixa de madeira. Dentro havia uma pena branca de anjo. Parecia brilhar vermelha sob o sol poente. “Dias inteiros se passam e eu sequer vejo o sol.”
Krenko grunhiu de acordo. Ele sabia como era ser um rato na escuridão.
“Estou extremamente satisfeito,” disse Taz. “Seu pagamento está sendo entregue ao seu estabelecimento enquanto conversamos.”
Krenko sorriu. Com aquelas moedas, ele poderia comprar o café da manhã de Azzik e Pondl todos os dias, se quisesse. Não que ele fosse fazer isso. Krenko estendeu a mão para fechar o negócio, mas em vez de sacudir, Taz entregou a ele uma chave de prata com o símbolo Orzhov esculpido na haste.
“Um cofre Orzhov,” ele disse. “Esta chave é tudo que você precisa para recolher o dinheiro.”
As orelhas de Krenko se animaram. “De quem é o dinheiro?”
“Da Pluma. Ela recebia um salário durante o tempo em que foi Wojek. Mas ela não vai precisar mais dele.”
“Por que você não guarda para você?” Krenko perguntou.
“Considere como um pagamento de bônus. Por um trabalho bem feito.” O Sr. Taz sorriu e a pele do seu rosto caiu sob o osso da mandíbula. “Você tem habilidades de gerenciamento, Sr. Krenko. Eu posso te ver como o chefe de algo grandioso.”
Krenko guardou a chave no bolso e inclinou a cabeça. “O que mais, Sr. Taz?”
“Ah, só uma trivialidade. Enquanto você estiver em Orzhova, você pode pegar uma coisinha para mim?”
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