Mtg Lore

Compêndio da Lore de Magic the Gathering

CONSTRUINDO UM SONHO, PARTE 02

Texto original
por Ken Troop

Meu amor –

Eu vivi para ver os meus piores pesadelos se tornam realidade. Não, não é verdade você e Lara ainda vivem, e ainda há esperança.

Ainda há esperança.

Hoje foi o dia em que nos encontramos com os leoninos para assinar o tratado, a promessa de uma trégua entre o nosso povo e aqueles ferozes homens bestiais que têm nos atormentado e agredido por tanto tempo.

Hoje foi o dia em que o reino de Iretis chegou ao precipício da destruição.

Nós nos encontramos próximo do meio-dia, em um pavilhão construído por ambos os lados, longe tanto da nossa cidade quanto das áreas tribais dos leoninos. Udaen tinha passado muitas semanas negociando os detalhes de quantos soldados cada lado seria autorizado a levar e como a cerimônia progrediria.

Udaen e eu estávamos à mesa, junto com dois de meus guarda-costas, Chelta e Vanin. Havia seis anciões leoninos conosco, embora o único sinal óbvio de suas idades fosse o número de suas cicatrizes. Eles eram todos guerreiros e eles olhavam para os guarda-costas com desdém.

 

Assalto Coordenado | Arte de John Severin Brassell

 

Uma coisa é lutar contra os felinos no calor da batalha, mas estar bem de perto destes animais selvagens é algo completamente diferente, enervante. Mais altos, maiores e mais fortes do que o mais poderoso dos homens, com garras que poderiam cortar um homem da garganta até o estômago e dentes afiados tão grandes quanto um dedo. O cheiro deles era difícil de suportar nos estreitos espaços ao redor da mesa da assinatura. Na verdade, eu pensei durante o momento, há poucas criaturas tão terríveis como estas.

Se, pelo menos, eu pudesse voltar àquele momento hoje e reconhecesse quão abençoada era a minha ignorância.

Não houve vento ameaçador, nem proclamações no escuro, nenhuma premonição como as histórias gostariam que você acreditasse – em um único momento, passamos de elaborar uma paz a viver em guerra. Em um único momento, havia pesadelos entre nós.

Uma figura humana alta, coberta completamente em metal, em todos os lugares do seu corpo haviam espinhos e bordas afiadas. Sua forma metálica se moveu fluidamente e facilmente enquanto ele balançou seu punho contra um dos leoninos e a cabeça do felino explodiu em sangue e ossos. Outro homem foi envolto em uma névoa esverdeada e pingando de suas mãos e língua havia longas gotas de mel. Ele se inclinou para perto de um dos leoninos e expeliu aquela névoa melada e envenenada. O felino morreu, sufocando e ofegando por ar, à medida que a névoa doce se fechava sobre ele.

Os felinos não eram os únicos abatidos. Na minha frente, a monstruosidade felina de duas cabeças de Thoros apareceu, quatro braços e tudo, como se o pesadelo de uma criança sobre um felino criasse vida. Eu tive um momento para pensar em como eu tinha matado Thoros porque eu não acreditei nele antes da besta rugir à minha frente e levantar seus braços. Chelta me empurrou para fora do caminho e perfurou o peito do monstro. A espada o penetrou, mas o monstro não tomou conhecimento disso enquanto agarrava a cabeça de Chelta com dois de seus braços enormes. A cabeça de Chelta continuou com o corpo, mas grande parte de seu rosto tinha sumido quando ele caiu no chão morto. Ele nem sequer gritou. O monstro então deixou o pavilhão para procurar outros humanos, a espada de Chelta ainda enfiada em seu corpo.

Atrás de mim eu ouvi um grunhido e me virei para olhar para uma nuvem espessa das trevas, com aproximadamente a altura de um homem, flutuando alguns centímetros acima do chão, com um par de dourados e brilhantes olhos de gato piscando de dentro da nuvem. Vanin virou-se para enfrentar esta nova ameaça. Udaen gritou para nós dois fugirmos, mas Vanin atacou a nuvem, talvez na esperança de encontrar algo para matar lá dentro. Uma mão saiu da escuridão, agarrou o ombro de Vanin e arrastou-o para dentro da nuvem, onde os gritos de Vanin e o som de algo comendo e mastigando puderam ser ouvidos. Nada saiu da nuvem, nem mesmo os restos de Vanin. Aqueles olhos dourados horríveis piscaram uma vez para mim e, em seguida, a nuvem se moveu na direção oposta, matando e envolvendo os humanos, meus soldados, do lado de fora do pavilhão.

 

Hora da Refeição | Arte de Wayne Reynolds

 

Mesmo enquanto eu escrevo cada detalhe, buscando capturar cada improbabilidade, mal posso acreditar no que vi. Mas eu realmente os vi. Estes eram os nossos piores sonhos ganhando vida para nos massacrar. Udaen e eu olhamos um para o outro horrorizados com a rapidez com que tudo o que nós tínhamos trabalhado por tanto tempo desapareceu em sangue e violência. Mesmo que eu estivesse em choque, eu ainda era um guerreiro, um rei. Abaixei-me para o corpo de Chelta e agarrei uma de suas lanças, esperando lutar contra os monstros.

Mas o que os monstros tinham começado, felinos e humanos estavam muito dispostos a terminar. Dos pesadelos não havia nenhum sinal, mas em todos os lugares havia humanos e felinos matando uns aos outros. Cada lado presumiu que o outro tinha tentado uma traição. Eu permaneci ali, paralisado, minhas orações aos deuses não ditas, minha mente se recusando a trabalhar, recusando-se a decidir. Eu estava testemunhando a morte de quase tudo o que me era precioso.

Com um grito eu arremessei uma lança contra um felino, um dos poucos anciões leoninos que não havia sido abatido pelos pesadelos.

Ele foi abatido por mim. Em poucos minutos, a batalha estava acabada e nós éramos os únicos de pé quando alguns felinos retardatários corriam em fuga. Nós não estávamos em condições de perseguir e terminar o abate. Da minha tropa original, apenas doze homens, incluindo Udaen e eu, permanecíamos de pé. Udaen tinha conseguido se esconder debaixo da mesa e felizmente escapou da morte. Eu não sei por que fomos capazes de prevalecer tão facilmente, dado que nossos números eram tão parelhos no início. Talvez os pesadelos tenham matado mais dos felinos antes de desaparecerem.

Certamente isto deve ter sido obra de algum deus. Mogis, ou talvez Fenax. Mas eu tenho sido um rei devoto e fiz minhas orações e minhas ofertas para Heliode, Efara e Iroas. Udaen pensa que alguma outra força malévola deve ser culpada, mas admite que não sabe dizer quem. Independentemente de quem é a culpa, Iretis está enfrentando seus dias mais sombrios. Udaen diz ter recebido relatos de que as tribos dos leoninos na maioria das áreas circundantes já estão se reunindo e marchando para a guerra. Seus números são estimados em muitos milhares, muito mais do que meu exército sitiado, especialmente sem as forças dos expansionistas. O objetivo dos felinos é provavelmente a destruição de Iretis e seu povo. Meu povo.

E agora eu me sento aqui na minha sala do trono e escrevo, como eu fiz pelas últimas duas horas. Eu escrevi cartas para Meletis, Ácros e Setessa, implorando por ajuda. Escrevi cartas para as outras tribos leoninas, por qualquer bem que isso possa trazer. E eu estou escrevendo esta carta para você, Klytessa, minha última carta da noite. Eu sei que você partiria de Meletis em poucos dias, mas agora você deve ficar lá até que a tempestade passe. Adicione a sua voz à minha perante os Doze. Mesmo que Iretis sempre tenha tido ciúmes de Meletis, certamente Meletis não vai deixar seu primo menor desaparecer da terra.

Eu te amo. O mundo é um lugar escuro e terrível, mas vou enfrentá-lo com luz, coragem e esperança. Embora nada faça sentido para mim hoje, eu ainda tenho luz. Esta luz bruxuleante da tocha acima de mim, iluminando estas palavras para você. Eu ainda tenho coragem. As batidas no meu peito enquanto eu continuo a lutar pela sobrevivência de Iretis. E eu ainda tenho esperança. Estas palavras para você são a prova disso.

Vamos nos ver em breve, em felicidade.

Kedarick

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Para o senhor de Iretis, atualmente Kedarick, VI –

Um tema de debate frequente nesses salões é uma sedutoramente simples pergunta – o que é a natureza da realidade? Como podemos ter certeza de que o que os nossos olhos e os nossos próprios sentidos estão nos dizendo é, na verdade, uma verdade compartilhada? Mesmo que várias pessoas vejam a mesma coisa, e se eles estão todos apenas sujeitos à mesma ilusão?

Alguns de nós acreditamos que o mundo material é uma verdade essencial e nós só podemos distorcer essa verdade essencial através de nossas lentes falhas de percepção. Outros de nós acreditam que nós ajudamos a criar o mundo através de nosso próprio ato de percepção. Claro que, levada ao extremo, essa visão levaria à noção absurda de mas eu perdi o foco.

 

Filósofo Viajante | Arte de James Ryman

 

Nada disso é diretamente relevante para o seu pedido de ajuda. Sua carta proporcionou uma nova rodada de discussão sobre a natureza da realidade, que foi animada e controversa, mas todos nós concordamos em negar o seu pedido.

O que é indiscutível é que os seus homens, sob o seu comando, abateram centenas de leoninos sob os auspícios de um tratado de paz. Nós encomendamos estudos oraculares dos eventos que você descreveu e não encontramos nenhuma evidência desses “monstros” que você afirma terem iniciado o abate. Nem suas descrições dessas criaturas coincidem com o conhecimento que temos de aparições divinas. Ou você está mentindo, ou você está louco, ou você enfrenta uma nova e terrível ameaça. Isto em si é uma pergunta fascinante e uma sobre a qual nós passamos algum tempo debatendo. Temos mais debates sobre o tema agendado para esta tarde, mas independentemente da conclusão, nenhum desses resultados nos dão qualquer motivo para conferir-lhe apoio.

Nós declaramos formalmente o nosso apoio à missão dos leoninos para derrubar você e acabar com sua tirania. A partir deste momento, todos os laços diplomáticos entre Meletis e Iretis estão acabados até que seu reinado acabe.

Os Doze, conselho filosófico governante de Meletis

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Lara –

Quando você tinha quatro anos de idade, você se recusou a ficar em sua cama durante a noite. Você se levantava, passava por sua babá que dormia e piscava os olhos grandes para o guarda que, inevitavelmente, a deixava entrar em nosso quarto. Após uma semana disso eu decidi que era suficiente e eu disse-lhe para voltar ao seu quarto. Você se recusou, e eu gritei: “Volte para a sua cama!”

Você olhou para mim e piscou aqueles olhos ainda maiores e disse: “Mas minha cama não tem papai e mamãe nela.” Eu a deixei voltar a dormir em nossa cama sem dizer uma palavra e você passou a dormir lá por mais algumas semanas até que você declarou: “Eu quero a minha própria cama” e você voltou para seu quarto e nós nunca tivemos uma visita noturna outra vez.

Eu penso sobre aquela noite muitas vezes, Lara, e como você me olhou naquele momento. Eu aprecio esta memória… Eu aprecio todas as memórias que tenho de você. Eu te amo muito.

Seu pai,

Rei Kedarick de Iretis

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Klytessa –

Anexei uma carta para Lara nesta carta para você. Por favor, leia-a para ela, e diga a ela o quanto eu a amo.

Há um grande exército de leoninos acampados do lado de fora das muralhas da cidade. Nossos relatórios anteriores estavam corretos, o número deles está na casa dos milhares. Meletis, Ácros e Setessa recusaram nossos pedidos de ajuda. Eles alegam que eu sou louco ou coisa pior.

Quando todo mundo acha que você está louco isto pode conduzi-lo à loucura.

Udaen afirma que ainda há esperança, que há ainda a possibilidade de fazer os leoninos se retirarem e voltarem para as suas terras. Eu aprecio seus esforços, mas não importa.

Eu conheço o meu destino.

Se eu pudesse me matar aqui, se eu soubesse que isso salvaria o meu povo e o meu reino, eu o faria. Mas eu temo que os leoninos se sentiriam roubados de sua vingança, roubados de sua justiça. E quando os leoninos saciassem sua necessidade de sangue, o custo para o nosso povo seria terrível.

Assim, em breve vou deixar a minha sala do trono, deixar o meu palácio, deixar os muros da cidade e apresentar-me aos leoninos. Os guardas, os meus homens, não vão me parar. Eles quase não conseguem olhar para mim agora, seus olhos caem ao chão quando eu passo. Os dez homens que retornaram comigo ainda são leais, mas todos nós carregamos o estigma do fracasso e da morte. Não, ninguém vai me parar.

Minha fonte de força agora, e como sempre, é você e Lara. Saber que vocês duas são seguras me mantém calmo. Eu desejo que eu pudesse ter tido mais um dia para te abraçar, te tocar, ver o seu belo rosto. Se eu pensar mais sobre isso, eu vou perder a pouca coragem que tenho.

Eu tive a minha vida. Foi uma boa vida. Talvez Iretis seja capaz de se recuperar deste desastre. Talvez o meu sacrifício permita que um novo renascimento surja para o nosso reino. Talvez um dia as pessoas vão entender que tudo o que fiz foi para uma paz duradoura. Talvez um dia esta paz ocorrerá. Meu legado duradouro, meu verdadeiro legado, é você e nossa filha.

Há batidas na porta. Espero que seja Udaen com notícias.

Kedarick

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Fenax estava na sala do trono Iretiano, ainda invisível, olhando para o corpo do rei. Fenax já existia há muito tempo e havia visto e feito muitas coisas maravilhosas e terríveis nesse período de tempo.

Até hoje, ele nunca tinha visto um mortal apunhalar seus próprios olhos.

Quando o velho entrara no quarto e dissera ao rei sobre o assassinato de sua esposa e filha pelas mãos dos leoninos, o rei gritou. Fenax já tinha ouvido gritos torturados tão angustiados quanto os daquele mortal, mas ainda era um grito de um timbre especial, o som de desespero, sem possibilidade de socorro ou resgate. Um sabor raro. O mortal tinha então sacado a adaga e enfiado-a em seu olho. Foi a segunda facada em seu outro olho, com o mortal gritando o tempo todo, que Fenax achou tão impressionante.

Fenax olhou para o velho, ali ainda de pé, e a forma do velho começou a vacilar e mudar. Ele desapareceu lentamente e no lugar da ilusão de um velho permaneceu outra visão estranha, embora uma que Fenax já havia visto antes.

A forma revelada era humanoide e mortal. Daquilo Fenax tinha certeza. A forma flutuava a vários centímetros do chão e estava vestida com um pano preto e couro em uma paródia das modas nas cidades de Theros. Ignorando a cabeça, as mãos eram sua característica mais interessante – dedos requintadamente longos e finos com unhas ainda mais longas como garras de uma ave de rapina. O mais próximo que Fenax havia visto de mãos como estas eram as de uma sirena, aquelas humanoides aladas e sedutoras por quem Fenax tinha uma predileção especial.

Mas a forma na frente dele não era uma sirena. A forma na frente dele não devia sequer ser capaz de existir. A metade inferior da cabeça da forma era normal – humana, até. Mas a metade superior era impossível. Dois grandes chifres pretos, feitos de alguma substância rochosa, enquadravam nada. Sem face superior, sem cabeça, sem olhos ou nariz. Nada, exceto fumaça preta continuamente emanando de onde a boca e o lábio superior da figura terminavam. A fumaça preta rodopiava ao redor da cabeça da figura, rodando para baixo em um raio mais amplo ao redor do corpo.

Quando os dois se encontraram pela primeira vez, a figura tinha chamado a si mesma de Ashiok.

Ashiok, Tecedor de Pesadelos | Arte de Karla Ortiz

 

Ashiok flutuou até o corpo do rei e viu as duas cartas que o rei tinha escrito. Ele – não, Fenax não tinha certeza se o mortal sequer possuía um gênero – Ashiok, curvou-se como se para ler as cartas, embora Fenax não soubesse como um mortal poderia ler sem olhos. Ashiok parou de ler, pegou as cartas e as levou para a lareira na sala. Ashiok segurou as cartas acima do fogo por um segundo, depois parou e trouxe-as de volta, sem danos, e as colocou sobre a mesa. Ashiok sorriu e um tremor passou através do corpo de Ashiok. Alguns pequenos pedaços da bochecha de Ashiok, tão pequenos que eram perceptíveis apenas para os sentidos de um deus, evaporaram-se em fumaça preta e se juntaram à penumbra que envolvia Ashiok.

Fenax tornou-se visível e sua voz ressoou na sala, “A mulher e a filha, você as mandou matar?” A maioria dos mortais teria caído de joelhos sob o poder da voz do deus. Ashiok apenas pairou e se virou para ele.

“Não. Sim. Talvez. A história de suas mortes eu inventei. Mas se elas não estão mortas agora, elas facilmente poderiam estar em breve. Elas estavam a caminho de Meletis para cá, essa parte era verdade. E as condições de viagem atualmente não são”, outro sorriso, “favoráveis. Meu querido Fenax, você realmente se importa?”

Fenax ficou surpreso ao perceber que ele estava de fato curioso. Ele apreciava a enganação de Ashiok, mas essa familiaridade não serviria.

“Apenas uma advertência, Mortal. Eu não ligo para o nosso negócio, nem para tuas habilidades. Presuma comigo novamente e eu te apagarei da existência.” Fenax levantou a voz no final e desta vez Ashiok flutuou para trás com a cabeça curvada em subserviência, como era apropriado.

“Minhas desculpas se o ofendi. Eu não tinha previsto a sua pergunta, e eu não estou acostumado a ser pego de surpresa. Eu assumo que a minha entrega dos termos de nosso acordo seja satisfatória?” As palavras de Ashiok eram sedosas, suaves e precisas, sem serem excessivamente oleosas. Era a marca de um bom enganador, como Fenax bem sabia.

Mas Fenax estava muito satisfeito. Ele queria uma terceira cidade para os Ressurgidos, parte de seus planos a longo prazo. Ele precisava de uma pequena cidade-estado, não muito poderosa ou notável, nem sob a proteção de um dos de sua espécie. E ele precisava não ter uma influência direta na queda da cidade, de modo que nenhum de seus irmãos poderia acusá-lo de influência indevida. “Eu suponho que não haverá renascimento Iretiano?”

Ashiok riu. “O saque dos leoninos da cidade já começou. Sua sede de sangue é grande e não vai ser saciada por algum tempo. Eu duvido que haverá um único cidadão vivo de Iretis pela manhã. O leoninos podem ocupar a cidade por um tempo curto, mas eles não vão querer ficar. Eles vão voltar para suas colinas e planícies. Vou deixar algumas de minhas criações aqui para lidar com quaisquer retardatários ou bravos aventureiros. As principais cidades não querem nenhuma relação com este acontecimento. Não, Iretis é agora sua, para fazer o que quiser.”

“E tu? ‘pergunte-me o que eu quero quando eu tiver concluído a sua tarefa.’ Essas foram as tuas palavras que deram fim ao nosso primeiro encontro. Tu concluíste a tua tarefa, e a concluíste bem, Mortal. Estou satisfeito. Então qual a dádiva que desejas de mim?”

Ashiok novamente estremeceu e mais alguns pontos de seu rosto desapareceram na fumaça. “Eu tenho muito do que eu quero, Phenax. Theros é um mundo tão maravilhoso, cheio de possibilidades. Por muito tempo, tenho procurado aperfeiçoar o meu ofício, puxando pesadelos das mentes dos sonhadores e tornando-os reais. Mas aqui, aqui eu posso fazer pesadelos mais… ambiciosos ganharem vida. Por que se contentar com criações simples que tomam forma corpórea, quando eu posso tomar os medos mais obscuros de um homem, a própria ruína de suas esperanças e trabalho de vida, e transformar a destruição de tudo o que ele tem de mais precioso em um pesadelo vivo? Eu construí um sonho lindo aqui em Iretis.” Ashiok flutuou até o corpo do rei morto e se abaixou. Ashiok arrastou um dedo para cima e para baixo pelo comprimento do corpo, antes de descansar seu dedo no punho da adaga mergulhada no olho arruinado.

“Estou satisfeito com o meu trabalho hoje… mas eu tenho arte mais bonita a alcançar.” Ashiok se levantou e flutuou de volta para Fenax. “O que eu quero? Deixe-me dizer-lhe.”

Quando Ashiok se aproximou e sussurrou, Fenax quase resolveu acabar com o mortal, independentemente dos serviços prestados, mas intrigado, ele se conteve. Ele ouviu o pedido de Ashiok.

E, pela segunda vez naquele dia, Fenax foi surpreendido. “Tu tens certeza, mortal? Isto é o que tu queres?”

“Olhe para mim, deus. Olhe para mim verdadeiramente. O que você vê?” E Fenax, deus do engano e da mentira, olhou profundamente para Ashiok, na essência do ser mortal de Ashiok. Fenax riu. Uma longa gargalhada que ecoou pelos corredores através do palácio e até mesmo para além da cidade. Os leoninos e os poucos humanos que restavam ouviram o riso e, por um momento, o derramamento de sangue parou, pois todo mortal congelou perante aquela risada horrível.

Fenax não tinha rido daquela forma há muito tempo. Ashiok tinha tantos grandes truques. “Que assim seja, mortal. Teu desejo será concedido.” E Fenax deixou Ashiok e o cadáver do rei arruinado na antiga sala do trono de Iretis, sua risada ecoando nas paredes enquanto ele desaparecia.

 

Traduzido por: Magic the Gathering History

Revisado por: Blackanof

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